Preço ainda é o critério que mais impacta na decisão de compra pela internet
Cerca de 74% dos consumidores brasileiros consideram o preço dos produtos como o principal critério de decisão de compra nos e-commerces do País. Isso é o que mostra a pesquisa realizada entre a Lett e o Opinion Box sobre os hábitos de compra dos consumidores.
O estudo foi realizado em janeiro deste ano, com mais de 2 mil entrevistados e em diferentes regiões do País.
Segundo o resultado da análise, de uma maneira geral, o preço é um dos itens que mais influencia a decisão de compra on-line. Isso porque, para os e-shoppers, as lojas digitais oferecem mais ofertas, promoções como cupons de desconto e cashback, além de ser um lugar fácil para a comparação de preço em diferentes sites.
A comodidade para a realização de compras ficou como segundo item mais votado entre os entrevistados. Esse tipo de comportamento dos consumidores foi mais evidente em 2020, durante o maior período de isolamento social, mas se repetiu no resultado do estudo deste ano.
Outro item citado como forte relação na decisão de compra dos clientes foram as avaliações e comentários de outros consumidores na página de produto. Esse tipo de consulta sobre a experiência de compra regressa do e-shoppers já tinha sido apontada em pesquisas anteriores e se mantém como critério de validação para a compra.
Segundo o relatório do E-commerce Quality Index, estudo que mede a qualidade das informações nas páginas de produtos dos e-commerces brasileiros, entre 2019 e 2020, o número de produtos avaliados por consumidores on-line aumentou mais de 100%. Já em relação aos comentários que os consumidores escrevem nas páginas dos produtos dos e-commerce, o percentual foi ainda maior, chegando a 140%.
No entanto, apesar do número de avaliações e comentários ter evoluído consideravelmente, esses ainda são os piores índices do EQI. Isso significa que dos quase 5 milhões de produtos analisados pelo E-commerce Quality Index de 2020, apenas 9% são avaliados e um pouco mais de 11% recebem algum tipo de comentário.
Para o CEO da Lett, Davi Song, startup de Trade Marketing Digital e idealizadora do EQI, os dados da pesquisa de opinião com os consumidores mostram diversas oportunidades de evolução para o segmento.
“Os dados mostram que o mercado eletrônico brasileiro está melhorando. As empresas estão mais conscientes em relação à satisfação do consumidor final e a experiência de compra. Por outro lado, o consumidor também está mais participativo e tem mais autonomia. Agora, cabe às empresas o desafio de estimular ainda mais as avaliações do público e tomar as decisões de acordo com que o consumidor necessita, “ explica Song.
A percepção de melhorias sobre o mercado digital também apareceu na análise do estudo sobre a experiência de compra dos consumidores. Os entrevistados se mostraram otimistas em relação aos próximos meses. Mais de 69% dos entrevistados da pesquisa acreditam em melhorias nos sites brasileiros de compras on-line.
Segmento de saúde e beleza é um dos mais promissores
Desde o início da pandemia da Covid-19, o e-commerce no País vive um crescimento exponencial. Segundo dados do último relatório da Neotrust, o comércio eletrônico nacional faturou mais de R$ 126 milhões. Quando comparada à performance do segmento entre os anos de 2019 e 2020, o resultado mostra um crescimento de 68%.
Vale o destaque para o número de pedidos dos produtos de Saúde, Beleza e Perfumaria que, entre 2019 e 2020, teve um acréscimo de 14,4%. Além disso, a categoria faturou 5,7% a mais do que o ano anterior.
Sendo a segunda categoria em volume de pedidos e com faturamento de 7,2 bilhões em 2020, o setor tem papel relevante no comércio eletrônico nacional.em volume de pedidos (43,4 milhões) e com faturamento de R$ 7,2 bilhões em 2020, o setor tem papel relevante no comércio eletrônico nacional.
Para a líder de Estratégias e Insights da Lett, Thaís Vicente, startup de tecnologia e especialista em Trade Marketing Digital, a pandemia teve um forte impacto no crescimento das vendas do segmento que já se mostrava em expansão.
“O varejo de perfumaria entrou como item não essencial, por isso foi fechado. Nesse sentido, o consumo e a jornada do shopper foi transformada. Então, para o profissional de beleza ou para a pessoa que gosta de se cuidar em casa, a única forma de compra foi pelo e-commerce”, explica Thaís Vicente.
Em 2020, segundo dados da Neotrust, os itens mais procurados pelos consumidores digitais foram: produtos para cabelo com 32%, perfumaria com 16%, medicamentos com 13%, itens de barbearia com 8,2% e maquiagem com 5,5%.
Para 2021, as projeções para o segmento também são otimistas: a Neotrust prevê um crescimento de 23% em relação à 2020 e faturamento de R$ 8,1 bilhões.
Desafios
Mesmo com o mercado aquecido e em forte expansão, o e-commerce de beleza e saúde tem alguns desafios. Uma das maiores dificuldades apontadas para o ramo é o de tornar a venda mais humanizada. Sem o vendedor presencial o consumidor fica impedido de testar o produto ou sentir a fragrância de um perfume. No entanto, a própria tecnologia vem sendo usada como aliada para aproximar produto e consumidor final no e-commerce.
“As famosas beautytechs têm desenvolvido ferramentas de interação desse shopper através do e-commerce. A marca de maquiagem Maybelline, da L’oréal, lançou uma plataforma on-line de realidade aumentada (Virtual Try It On), no qual é possível testar a cor da base para encontrar o produto ideal para a sua pele”, explica Thaís Vicente.
A especialista também cita a inteligência artificial como aliada da experiência de compra dos e-shoppers. Segundo Thaís Vicente, já existe uma tecnologia desenvolvida para dermatologistas, na qual o cliente consegue fotografar o seu rosto e receber na hora a informação do produto ideal para tratar a pele.
Segundo os dados de 2020 do E-commerce Quality Index de 2020, o EQI, pesquisa que avalia as informações dos produtos nos principais sites do Brasil, o conteúdo digital é outro desafio do segmento de beleza digital no País.
No Brasil, pelo menos 92% dos e-commerces de Saúde, Higiene e Beleza apresentam algum tipo de problema de informação na página de produto. O critério de pior performance dos sites do segmento foi o baixo número de avaliações e comentários dos consumidores nas páginas de produtos, seguido pelas descrições das mercadorias on-line que na grande maioria estão incompletas.
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