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Prepara Gastronomia debate ancestralidade como valor no negócio

Prepara Gastronomia - inovação e negócio foi na realizado na sede do Sebrae Minas, na região Oeste de Belo Horizonte
Prepara Gastronomia debate ancestralidade como valor no negócio
Elzinha Nunes | Foto: Diário do Comércio/ Isa Cunha

A partir do final do século passado, o Peru começou a ter a sua gastronomia reconhecida internacionalmente. A divulgação da culinária peruana expandiu-se rapidamente por meio de programas de gastronomia de chefs renomados como Gastón Acurio, e restaurantes com sucesso em capitais mundiais passaram a divulgar a ancestralidade do país sul-americano, valorizando ingredientes e conhecimentos locais.

O primeiro grande reconhecimento veio com o Madrid Fusión a partir de 2004, quando o Peru passou a ser convidado para participar do evento. No entanto, foi em 2006 que a culinária peruana, especialmente o ceviche, obteve um reconhecimento internacional mais amplo através da participação de Gastón Acurio.

Em 2019, o Peru foi eleito o “Melhor Destino Culinário do Mundo” pelo World Travel Awards, reafirmando sua posição como um destino gastronômico de renome mundial. Essa foi uma das experiências contadas na Arena Turismo Gastronômico, durante o Prepara Gastronomia – inovação e negócio, na sede do Sebrae Minas, na região Oeste de Belo Horizonte, nos dias 12 e 13 de maio.

De acordo com a chef peruana Pamela Tello, para que a ancestralidade seja entendida como um valor internacionalmente, ela precisa passar pelo crivo do reconhecimento local.

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“Assim como os mineiros, nós, peruanos, temos um grande orgulho da nossa gastronomia. Reconhecer o valor dos nossos saberes, dos nossos ingredientes, da nossa história e de tudo aquilo que nos faz pertencentes é o primeiro passo. Mas para que isso se reverta em um bom negócio é necessário apresentar tudo isso de uma maneira que faça sentido com a atualidade, cuidando das boas práticas na cozinha e na gestão”, ensina Pamela Tello.

E é na mesma trilha que caminha a mineira Elzinha Nunes, que participou da Arena Cozinha ao Vivo. Filha da lendária Dona Lucinha – cozinheira e pesquisadora pioneira da gastronomia mineira -, a chef já rodou o mundo e sempre volta para as suas origens no Vale do Jequitinhonha.

Para a quinta edição do Prepara Gastronomia, ela buscou a ancestralidade do feijão-tropeiro na época da exploração do ouro e do diamante em Minas Gerais, com o “feijão-ferrado” ou “feijão bago-bago”, da região da cidade do Serro.

“É um prato mais rústico, feito com os insumos da época. Muitas vezes era feito com uma farinha qualquer e sem o ovo, que era dado pelos fazendeiros. Era basicamente o feijão na gordura de porco e a carne de lata com o tempero daqui. É a cara da cozinha mineira raiz: uma comida de ‘sustância’, que permitia que eles viajassem a cavalo por esse território enorme. Trazer essa história para o Prepara Gastronomia é muito importante porque estar aqui fortalece os donos dos pequenos empreendimentos”, avalia Elzinha Nunes.

No painel Turismo Gastronômico: oportunidade para pequenos negócios, a pesquisadora de culturas alimentares Patrícia Durães reafirmou o resultado do encontro entre os pilares da gastronomia mineira – os elementos indígena, africano e europeu – como um espaço de interação, disputa e violência. Tudo isso resultando em uma culinária ancestral inventiva, sofisticada e cheia de significados que precisa ser compreendida e apropriada na contemporaneidade com respeito e vistas ao futuro.

“A ancestralidade não é algo que ficou no passado, mas uma ferramenta do presente, que pode ser muitíssimo bem utilizada de forma econômica e não apenas cultural, religiosa ou histórica. Ela tem que ser utilizada pelos territórios, pelos empreendedores, porque a ancestralidade é uma coisa que todo mundo tem. Quando o empreendedor percebe que pode faturar mais, vender mais, a partir de uma narrativa ancestral trabalhada de forma respeitosa e genuína, ele percebe a força que isso tem”, destaca Patrícia Durães.

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