Professora do Cefet-MG é premiada

Entre os 4.290 trabalhos inscritos para a 64ª edição do Prêmio Jabuti, maior reconhecimento da literatura nacional, em 2022, a obra “Romieta & Julieu – Tecnotragédia Amorosa”, da professora do Departamento de Linguagem e Tecnologia (Deltec) do Cefet-MG Ana Elisa Ribeiro conquistou a estatueta de melhor livro de Literatura Juvenil.
Publicado pela editora mineira RHJ, com design assinado pelos irmãos Marconi e Marcelo Drummond, “Romieta & Julieu” faz uma alusão à famosa história de Shakespeare, especialmente sobre um detalhe: a falha de comunicação, uma mensagem que não chegou e que separou o casal apaixonado para sempre. Com uma linguagem contemporânea e própria dos meios digitais, o livro se conecta à nova geração de leitores e foi aprovado, inclusive, para o Plano Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), do MEC.
A professora Ana Elisa Ribeiro conta um pouco da paixão pelas palavras e pela leitura, passando pelas dificuldades do ofício da escrita e dos significados do prêmio e do Cefet-MG nesse momento.
Quando e como surgiu seu interesse pela escrita?
Não me conheço de outro jeito. O interesse por ler me aconteceu desde bem criança. Eu simplesmente gostava de ouvir pessoas lendo histórias, gostava das narrativas, gostava do som que tinham os poemas, as rimas, as palavras, gostava de olhar livros, achava isso prazeroso. Gostava de palavra, de me surpreender com elas, de saber sentidos novos. Foi assim por toda a vida e eu, a certa altura, levei isso a sério, descobri que existia um caminho, tortuoso, mas estava lá.
Quais os desafios de se escrever e de se publicar no Brasil?
Em qualquer parte do mundo isso é difícil. Ser escritor ou escritora profissional, isto é, viver disso é quase impossível. No Brasil, temos ainda muito chão para transformar as pessoas em leitoras contumazes, consumidoras de livros, não apenas porque temos questões a resolver na educação, mas principalmente porque essas questões também são sociais e econômicas. Somos ainda imaturos, é difícil formar leitores, mas também o é recrutar escritores. Escrever exige tempo. E tempo é um artigo escasso. Conseguir tempo contínuo para escrever cem, duzentas páginas, com coerência e inventividade, é uma batalha enorme. Depois, outra batalha para que isso seja valorizado, lido, levado a sério, publicado, distribuído.
O que esse prêmio representa para você?
Uma alegria imensa, uma honra grande, resultado não linear nem garantido de um esforço enorme que venho fazendo por mais da metade da minha vida. Só que não para aqui. Preciso continuar fazendo, sem adoecer, sem desistir, sem ceder a tudo o que vem na contramão. E não apenas com os olhos em premiações (embora elas sejam bem-vindas, claro), mas com o sentido da paixão que isso geralmente significa para quem faz.
De que forma o Cefet-MG contribui, ou contribuiu, para a formação da escritora Ana Elisa?
O Cefet-MG valoriza a formação dos servidores, incentiva que estudemos, que nos aperfeiçoemos. Quando cheguei a casa, eu já era escritora fazia tempo, já tinha vários livros publicados etc. Aqui conheci algumas pessoas, em especial depois da existência do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens (Posling), com as quais fiz parcerias ótimas que geraram livros, tanto técnicos quanto literários. Eu nunca tive uma professora escritora quando estive no ensino médio! Teria sido fantástico, principalmente porque isso sempre me encantou. Acho que coisas assim precisam ser sempre valorizadas e respeitadas. À medida que fazemos coisas legais que são reconhecidas socialmente, trocamos valor com a Instituição. O Cefet-MG tem valorizado esse reconhecimento.
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