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Preço é fator decisivo para idosos, diz estudo sobre mercado sênior nas farmácias

Pesquisa também revelou que fidelidade é forte entre idosos, já que 61,4% dos consumidores compram medicamentos quase sempre na mesma farmácia
Preço é fator decisivo para idosos, diz estudo sobre mercado sênior nas farmácias
Foto: Adobe Stock

O mercado sênior vem chamando a atenção de muitos segmentos produtivos pelas perspectivas promissoras de negócios que envolvem esses consumidores, principalmente as farmácias, uma vez que a expectativa é que o número de idosos dobre dentro dos próximos 30 anos.

Além das cifras significativas que este segmento movimenta, ainda existe uma onda crescente de inovação, serviços e produtos voltados para esse perfil da população brasileira. Foi o que revelou a edição de 2024 do Estudo do Mercado Sênior, realizado pelo Instituto Febrafar de Pesquisa e Educação Corporativa (Ifepec) em parceria com o Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (NEIT) da Unicamp.

O levantamento também revelou novos insights sobre os hábitos de compra dos consumidores com 50 anos ou mais em farmácias, com base em entrevistas com 2.200 consumidores e 300 cuidadores de idosos de todas as regiões do Brasil. O estudo teve como objetivo de entender melhor a atual realidade desse público em relação a sua saúde, à prevenção e aos hábitos de consumo, além de apontar diferenças com os dados obtidos em 2020.

De acordo com o presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar), Edison Tamascia, essa crescente parcela da população é de alta importância para o mercado das farmácias. “Este público, além de crescer em número, está consumindo cada vez mais. Estas, por sua vez, devem se adaptar para atender esse público, o que impacta diretamente nas estratégias de venda”, considerou.

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Segundo a pesquisa, o critério mais importante para 91% dos entrevistados ao escolher uma farmácia é o preço dos produtos. Isso demonstra a sensibilidade desse público em relação aos custos, especialmente considerando que muitos têm na aposentadoria a principal fonte de renda.

Saiba qual a principal fonte de renda do público 50+:

  • 36,9% dos consumidores acima de 50 anos dependem da aposentadoria,
  • 21,1% ainda estão envolvidos em atividades informais remuneradas
  • e 19,3% são empregados do setor privado.

Essa preocupação com o preço é reforçada pelo dado que 67,7% dos entrevistados afirmam pagar por seus próprios medicamentos, enquanto 28,1% dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) ou do Programa Farmácia Popular para ter acesso aos remédios.

Veja quais são as principais doenças desse grupo:  

  • 73,3% lida com pelo menos uma doença crônica;
  • hipertensão (54,1%),
  • diabetes (24,2%)
  • ou colesterol alto (19,3%).

Apesar de 85,8% dos entrevistados afirmarem que pesquisam preços em outras farmácias, a fidelidade aos estabelecimentos preferidos se manteve forte. A pesquisa revelou que 61,4% dos consumidores compram medicamentos quase sempre na mesma farmácia.

Um dado preocupante revelado pelo estudo é que 48,1% dos entrevistados mencionaram ter dificuldade para lidar com seus medicamentos. Foto: Reprodução Unsplash

Veja outros critérios, além do preço, que também influenciam na escolha da farmácia:

  • Cerca de 60,1% dos entrevistados consideram a localização um fator importante,
  • seguido por disponibilidade de estoque (54,4%),
  • estacionamento (52,9%),
  • participação no programa Farmácia Popular (43,6%)
  • e a qualidade do atendimento (39,2%).

Segundo o coordenador do Instituto Febrafar de Pesquisa e Educação Corporativa (Ifepec), Valdomiro Rodrigues, hoje existem cerca de 30 milhões de pessoas idosas no País e teremos 67,4 milhões daqui a 25 anos.

“E isso é muito importante, principalmente quando se pensa na responsabilidade das políticas públicas para este grupo, que se inclui, aí, a aquisição de remédios que vai aumentando de acordo com a idade”, destacou.

Rodrigues explicou que, em 2010, existia uma população de 43 idosos para cada 100 jovens com idade de 14 anos. Em 2060, daqui a pouco mais de 35 anos, serão 218 idosos para os mesmos 100 jovens. “Estou falando de cinco vezes mais o número de idosos para cada 100 jovens daqui a 30, 35 anos, um rápido envelhecimento da população brasileira”, projetou.

Um dado preocupante revelado pelo estudo é que 48,1% dos entrevistados mencionaram ter dificuldade para lidar com seus medicamentos.

Saiba quais são as principais dificuldades:

  • leitura das embalagens (25,3%),
  • cumprimento dos horários (17,3%)
  • e partir comprimidos (14,9%).

A pesquisa também trouxe à tona que 45% dos entrevistados afirmam praticar alguma atividade física, sendo a caminhada a prática mais popular. Esse dado sugere uma conscientização maior sobre a importância da saúde e prevenção, ainda que a maioria dos entrevistados já conviva com doenças crônicas.

Mudanças nos hábitos de compra

O levantamento mostrou ainda que, em relação aos hábitos de compra, embora a maioria dos consumidores (86,6%) ainda prefira de forma presencial, vem ocorrendo uma ligeira migração para o ambiente digital: cerca de 17,5% dos entrevistados mencionaram utilizar o WhatsApp para realizar pedidos e 8,7% utilizam aplicativos de farmácias. Ainda que tímido, isso representa uma mudança de comportamento quando comparado aos dados de 2020, quando o uso de plataformas digitais para compras era menor.

Os dados da pesquisa deixam claro que o público 50+ representa uma fatia significativa e estratégica do mercado farmacêutico no Brasil. Com uma população em processo de envelhecimento e uma demanda crescente por medicamentos e serviços de saúde, as farmácias precisam estar cada vez mais preparadas para atender às necessidades desse grupo.

O levantamento mostrou ainda que, em relação aos hábitos de compra, a maioria dos consumidores (86,6%) compra presencialmente. Foto: Pixabay

Rodrigues considera que existem muitas ações que podem ser executadas para atender essa população, que será cada vez mais frequente nas farmácias do País. Ele enumerou:

“Principalmente com a questão da mobilidade, do espaço como um todo, da iluminação, da organização das gôndolas, agindo sempre com sensibilidade com o idoso. Colocar os medicamentos que mais são demandados para essa população, na altura dos olhos, para que ele não tenha que se abaixar, sem necessidade. Então, a farmácia pode fazer muita coisa, inclusive colocar cadeiras, o atendente sair de trás do balcão para fazer o atendimento a esse idoso, de uma forma diferenciada”.

Com a expectativa de que o número de idosos no Brasil continue a crescer, a adaptação do setor às necessidades e comportamentos desse público será essencial para garantir a sustentabilidade e o sucesso das farmácias no futuro.

“Quando se olha o tíquete médio do idoso, ele chega a ser 20% maior do que uma pessoa com menos de 50 anos. Eles tendem a ter mais doenças crônicas, mais doenças recorrentes e estão vivendo mais. Cada vez que ele vai ao médico, acaba incorporando mais um produto de uso crônico, seja um suplemento ou um repositor de cálcio, que é muito comum nessa idade. Essa população gasta mais. E o ponto de venda precisa estar atento a esses fatores”, considerou Valdomiro Rodrigues.

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