Preço é fator decisivo para idosos, diz estudo sobre mercado sênior nas farmácias

O mercado sênior vem chamando a atenção de muitos segmentos produtivos pelas perspectivas promissoras de negócios que envolvem esses consumidores, principalmente as farmácias, uma vez que a expectativa é que o número de idosos dobre dentro dos próximos 30 anos.
Além das cifras significativas que este segmento movimenta, ainda existe uma onda crescente de inovação, serviços e produtos voltados para esse perfil da população brasileira. Foi o que revelou a edição de 2024 do Estudo do Mercado Sênior, realizado pelo Instituto Febrafar de Pesquisa e Educação Corporativa (Ifepec) em parceria com o Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (NEIT) da Unicamp.
O levantamento também revelou novos insights sobre os hábitos de compra dos consumidores com 50 anos ou mais em farmácias, com base em entrevistas com 2.200 consumidores e 300 cuidadores de idosos de todas as regiões do Brasil. O estudo teve como objetivo de entender melhor a atual realidade desse público em relação a sua saúde, à prevenção e aos hábitos de consumo, além de apontar diferenças com os dados obtidos em 2020.
De acordo com o presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar), Edison Tamascia, essa crescente parcela da população é de alta importância para o mercado das farmácias. “Este público, além de crescer em número, está consumindo cada vez mais. Estas, por sua vez, devem se adaptar para atender esse público, o que impacta diretamente nas estratégias de venda”, considerou.
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Segundo a pesquisa, o critério mais importante para 91% dos entrevistados ao escolher uma farmácia é o preço dos produtos. Isso demonstra a sensibilidade desse público em relação aos custos, especialmente considerando que muitos têm na aposentadoria a principal fonte de renda.
Saiba qual a principal fonte de renda do público 50+:
- 36,9% dos consumidores acima de 50 anos dependem da aposentadoria,
- 21,1% ainda estão envolvidos em atividades informais remuneradas
- e 19,3% são empregados do setor privado.
Essa preocupação com o preço é reforçada pelo dado que 67,7% dos entrevistados afirmam pagar por seus próprios medicamentos, enquanto 28,1% dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) ou do Programa Farmácia Popular para ter acesso aos remédios.
Veja quais são as principais doenças desse grupo:
- 73,3% lida com pelo menos uma doença crônica;
- hipertensão (54,1%),
- diabetes (24,2%)
- ou colesterol alto (19,3%).
Apesar de 85,8% dos entrevistados afirmarem que pesquisam preços em outras farmácias, a fidelidade aos estabelecimentos preferidos se manteve forte. A pesquisa revelou que 61,4% dos consumidores compram medicamentos quase sempre na mesma farmácia.

Veja outros critérios, além do preço, que também influenciam na escolha da farmácia:
- Cerca de 60,1% dos entrevistados consideram a localização um fator importante,
- seguido por disponibilidade de estoque (54,4%),
- estacionamento (52,9%),
- participação no programa Farmácia Popular (43,6%)
- e a qualidade do atendimento (39,2%).
Segundo o coordenador do Instituto Febrafar de Pesquisa e Educação Corporativa (Ifepec), Valdomiro Rodrigues, hoje existem cerca de 30 milhões de pessoas idosas no País e teremos 67,4 milhões daqui a 25 anos.
“E isso é muito importante, principalmente quando se pensa na responsabilidade das políticas públicas para este grupo, que se inclui, aí, a aquisição de remédios que vai aumentando de acordo com a idade”, destacou.
Rodrigues explicou que, em 2010, existia uma população de 43 idosos para cada 100 jovens com idade de 14 anos. Em 2060, daqui a pouco mais de 35 anos, serão 218 idosos para os mesmos 100 jovens. “Estou falando de cinco vezes mais o número de idosos para cada 100 jovens daqui a 30, 35 anos, um rápido envelhecimento da população brasileira”, projetou.
Um dado preocupante revelado pelo estudo é que 48,1% dos entrevistados mencionaram ter dificuldade para lidar com seus medicamentos.
Saiba quais são as principais dificuldades:
- leitura das embalagens (25,3%),
- cumprimento dos horários (17,3%)
- e partir comprimidos (14,9%).
A pesquisa também trouxe à tona que 45% dos entrevistados afirmam praticar alguma atividade física, sendo a caminhada a prática mais popular. Esse dado sugere uma conscientização maior sobre a importância da saúde e prevenção, ainda que a maioria dos entrevistados já conviva com doenças crônicas.
Mudanças nos hábitos de compra
O levantamento mostrou ainda que, em relação aos hábitos de compra, embora a maioria dos consumidores (86,6%) ainda prefira de forma presencial, vem ocorrendo uma ligeira migração para o ambiente digital: cerca de 17,5% dos entrevistados mencionaram utilizar o WhatsApp para realizar pedidos e 8,7% utilizam aplicativos de farmácias. Ainda que tímido, isso representa uma mudança de comportamento quando comparado aos dados de 2020, quando o uso de plataformas digitais para compras era menor.
Os dados da pesquisa deixam claro que o público 50+ representa uma fatia significativa e estratégica do mercado farmacêutico no Brasil. Com uma população em processo de envelhecimento e uma demanda crescente por medicamentos e serviços de saúde, as farmácias precisam estar cada vez mais preparadas para atender às necessidades desse grupo.

Rodrigues considera que existem muitas ações que podem ser executadas para atender essa população, que será cada vez mais frequente nas farmácias do País. Ele enumerou:
“Principalmente com a questão da mobilidade, do espaço como um todo, da iluminação, da organização das gôndolas, agindo sempre com sensibilidade com o idoso. Colocar os medicamentos que mais são demandados para essa população, na altura dos olhos, para que ele não tenha que se abaixar, sem necessidade. Então, a farmácia pode fazer muita coisa, inclusive colocar cadeiras, o atendente sair de trás do balcão para fazer o atendimento a esse idoso, de uma forma diferenciada”.
Com a expectativa de que o número de idosos no Brasil continue a crescer, a adaptação do setor às necessidades e comportamentos desse público será essencial para garantir a sustentabilidade e o sucesso das farmácias no futuro.
“Quando se olha o tíquete médio do idoso, ele chega a ser 20% maior do que uma pessoa com menos de 50 anos. Eles tendem a ter mais doenças crônicas, mais doenças recorrentes e estão vivendo mais. Cada vez que ele vai ao médico, acaba incorporando mais um produto de uso crônico, seja um suplemento ou um repositor de cálcio, que é muito comum nessa idade. Essa população gasta mais. E o ponto de venda precisa estar atento a esses fatores”, considerou Valdomiro Rodrigues.
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