Q&A Consciente com Dario Neto
Entender o conceito de Capitalismo Consciente e o que ele tem a ver com os resultados e propósitos das empresas é uma premissa básica para a conscientização. Acredito que essa consciência já está brotando dentro das empresas, mas é preciso desenvolvê-la ainda mais para depois aplicá-la com êxito. Precisamos universalizar que a consequência do lucro é o bem da sociedade. E nesse caminho entender que a liderança consciente é uma meta skill, porque ela está acima de todas as skills. E uma empresa consciente não funciona sem um líder consciente que cuida, inclui, agrega e colabora.
Para entender melhor o tema, decidi resgatar uma entrevista que fiz em 2020, no auge da pandemia, com o ex-Diretor Geral do Instituto Capitalismo Consciente, Dario Neto, sobre o movimento e seus poderosos impactos nas empresas conscientes. Espero que que seja útil.
O que é capitalismo consciente e por que pode ser bom para os negócios?
Capitalismo Consciente é um movimento global que dissemina uma abordagem para negócios pautada em propósito e relações de amor e cuidado com todas as partes conectadas à cadeia de valor de um negócio – os stakeholders. Capitalismo Consciente é bom para os negócios pois propõe um caminho através do qual negócios não apenas prosperam e geram prosperidade aos seus acionistas, como também o fazer sem deixar ninguém para trás por meio de prosperidade coletiva, reduzindo desigualdades.
Na sua visão, quem se interessa mais por esse modelo de capitalismo?
Toda e qualquer líder e organização que já percebeu que este não é mais um jeito de fazer negócios e investir, mas sim o único jeito capaz de viabilizar prosperidade coletiva e sustentável, dado o contexto de absoluta urgência e emergência quando se fala da agenda climática e da desigualdade reinante que se acentua no planeta. Alguns se interessam pois já perceberam que o não alinhamento a essa nova ordem nos negócios pode ser fatal nos próximos 10 a 15 anos, enquanto outros se interessam pois têm interesse genuíno em co-construir essa nova economia e acreditam fortemente que negócios podem ser agentes de mudança e impacto socioambiental positivo.
Como aplicar o Capitalismo Consciente na prática?
Tenha um propósito para a sua organização para além de gerar lucros, garanta que este propósito se materializa em seus produtos e serviços de verdade, aja concretamente em inclusão e diversidade, remunere justamente as pessoas e busque achatar os múltiplos entre quem menos ganha e quem mais ganha, dê preferência a fornecedores locais e conscientes, encurte ciclos de pagamento de fornecedores sempre que possível, atue em sua cultura e sistema de gestão para que ele se humanize e cuide das pessoas, crie mecanismos de acesso ao capital da organização e nutra com amor e cuidado toda e qualquer relação.
Os líderes das empresas conscientes perceberam que sua verdadeira missão vai muito além que entregar produtos ou serviços de qualidade, ela está voltada para algo maior e nobre que é desenvolver seres humanos melhores para o mundo, ter um mundo melhor para recebê-los, num contexto onde todos prosperam. Como podemos exercer a liderança consciente nestes tempos de incertezas?
A minha receita de liderança para a vida é combinar fé, com esperança e amor, em especial em tempos de grande incerteza. Acredito que o autocuidado espiritual é base para o desenvolvimento de competências emocionais essenciais para liderar em nosso tempo (consciência e domínio emocional) e a combinação de competências e comportamentos espirituais e emocionais equilibrados com pragmatismo e atitude (intra)empreendedora formam um bom tripé para uma liderança que gera resultados superiores no longo prazo com autocuidado e cuidado dos outros.
O legado que buscamos para nossas vidas tem muito a ver como o porquê fazemos o que fazemos! Qual o papel do propósito nas nossas vidas?
O propósito é a bússola. Ele oferece as condições de contorno e ajuda a dizer os “nãos” e os “sims” necessários na jornada para o seu cumprimento. Lembrando sempre que ele é evolutivo e não estático, assim como o propósito das organizações enquanto sistemas vivos que são.
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