Rede Cidadã tem desafios pós-pandemia

Os mais de dois longos anos de pandemia impuseram aos jovens ainda mais dificuldades na hora de procurar trabalho, especialmente àqueles que vivem situações de vulnerabilidade social. Empresas em crise, sendo obrigadas a diminuir o quadro de funcionários ou optar por programas de redução de carga horária e remuneração, que estavam acostumadas a contratar jovens aprendizes, simplesmente tiveram que rever essa política.
Nesse meio-tempo, a Rede Cidadã, ONG fundada em 2002, que desenvolve programas e projetos voltados para a geração de trabalho e renda, oferecendo vários programas que investem na formação de indivíduos, se viu obrigada a reinventar métodos de trabalho e se preparar para uma demanda ainda maior que viria quando a doença fosse controlada.
Hoje, com 832 jovens inscritos no Programa de Socioaprendizagem à espera de uma oportunidade de trabalho, de acordo com a coordenadora do Programa de Socioaprendizagem da Rede Cidadã, Roberta Duarte, a ONG investe não só na inserção do jovem no mercado de trabalho, mas também na sua permanência. Em duas décadas de atuação, a Rede fez parcerias com mais de 1,2 mil empresas e foi responsável pela contratação de 62.792 aprendizes. Um desafio constante para reduzir índices de desemprego nessa faixa etária, que chegou a 30,8% – entre 14 e 18 anos -, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em fevereiro deste ano.
“A pandemia afetou diretamente as contratações porque as empresas tiveram as atividades suspensas ou diminuídas. Por outro lado, o isolamento social impedia a capacitação dos jovens presencialmente. Em um mês disponibilizamos uma plataforma on-line para esses candidatos, porém, esbarramos na dificuldade de acesso. Naquele momento tivemos que nos desdobrar em atendimentos via whatsapp, aulas por telefone, por exemplo. Tudo era feito para que não parássemos”, relembra Roberta Duarte.
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Agora o momento é de retomada. Mesmo que em um ritmo mais lento do que o desejado, as empresas estão voltando a contratar e o trabalho de sensibilização dos empresários toma força. Do lado dos jovens é preciso atender a demanda natural de entrantes e ainda o passivo gerado nos últimos dois anos.
A Rede, parceira do DIÁRIO DO COMÉRCIO no Movimento Minas 2032 – pela transformação global (MM 2032), implantou uma trilha de desenvolvimento do usuário e da família que ocorre em quatro fases :1 – Identificação e sensibilização; 2 – Capacitação inicial e elaboração de um Plano de Desenvolvimento Individual; 3 – Desenvolvimento de habilidades focadas na aprendizagem prática de cada programa/projeto e 4 -Monitoramento de Percurso, para a contratação e formação continuada.
“Nosso objetivo é viabilizar a convivência, apoio e monitoramento dos públicos atendidos pela Rede Cidadã capazes de apoiar membros das famílias e criar um ambiente de suporte a todos na inclusão social ao mundo do trabalho. Não queremos apenas que os jovens tenham a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho. O objetivo é que ele permaneça empregado e se desenvolva de maneira a se tornar um sujeito confiante, autônomo e dono da sua empregabilidade”, pontua.
Mais do que atender uma obrigação legal – a Lei Federal 10.097/2000, ou Lei do Jovem Aprendiz, determina que empresas de médio e grande portes contratem jovens de 14 a 24 anos como aprendizes, por até dois anos -, a contratação desses jovens leva às empresas diversidade. E o mundo já entendeu que diversidade nas equipes promove inovação e melhora os negócios.
Uma pesquisa realizada em 2016, pela McKinsey & Company com 366 grandes empresas dos EUA, Canadá, Reino Unido e América Latina, sobre os índices de diversidade de gênero e raça das lideranças, apontou que companhias com altos índices de diversidade de gênero e etnia têm 35% mais probabilidade de obter resultados financeiros acima da média do seu segmento do que empresas com baixos índices de diversidade.
“Os resultados do nosso trabalho acontecem também no médio e longo prazos. As empresas que se engajam ganham muito mais do que um aprendiz ou um profissional com certa qualificação a depender do programa que ela escolheu dentro da Rede Cidadã. Para sensibilizar as empresas na promoção de oportunidades estamos mudando o discurso, hoje vendemos oportunidades de inclusão social. Abrimos o leque que temos em relação à diversidade. Percebemos que as empresas estão fazendo um caminho lento, mas que essa proposição está crescendo entre elas. Essa abertura de mente pode ser um grande ganho. É uma construção devagar, com todos se reorganizando. Precisamos mostrar que as empresas têm também papel de formação e não depositar todas as expectativas no candidato”, completa a coordenadora do Programa de Socioaprendizagem da Rede Cidadã.
As empresas interessadas ou que quiserem contribuir destinando parte do imposto de renda devido, podem entrar em contato pelo site www.redecidada.org.br/.
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