Coronavírus

Redes de apoio fortalecem pequenos negócios no Estado

Redes de apoio fortalecem pequenos negócios no Estado
FDC vai mobilizar sua rede de parceiros, alunos e ex-alunos no movimento Em:frente | Crédito: Divulgação

Em um mundo cada vez mais conectado, o trabalho em rede já não é novidade, mas o que a pandemia do novo coronavírus coloca em evidência é a necessidade e o poder das redes de apoio aos pequenos negócios.

As restrições de locomoção implantadas em todo o País colocaram os pequenos empresários em xeque. Como chegar ao consumidor sem estrutura para montar um comércio on-line profissional e, em muitos casos, sequer ter capital de giro suficiente para chegar ao mês seguinte?

A solução para muitos está em palavras que já eram apontadas como as guias do século 21: informação, compartilhamento e solidariedade. Diferentes empresas, instituições e pessoas físicas estão à frente de iniciativa que visam capacitar, fomentar e dar visibilidade aos pequenos negócios nesse momento.

A Fundação Dom Cabral (FDC), com sede em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), já mobiliza a sua rede gigantesca de parceiros, alunos e ex-alunos no movimento Em:frente. O projeto tem como meta alcançar um milhão de empreendedores populares.

De acordo com a gerente de projetos da FDC, Ana Carolina Santos de Almeida, o Em:Frente está baseado sobre os pilares: rede de voluntários, conteúdo, ferramentas simples e dicas para os negócios sobreviverem. Interessados em ajudar e em obter apoio podem acessar o site emfrente.fdc.org.br.

“É algo tão grande que não dá para fazer sozinho, por isso estamos convocando nossos parceiros. Capacitamos os voluntários para que eles identifiquem quem pode se beneficiar com o nosso projeto e multiplicar os conceitos e informações. Muitos pequenos empreendedores acham que nem podem acessar a Fundação e isso não é verdade. Há muito tempo temos programas dedicados a eles e o que vai acontecer agora é ganharmos escala. Por isso precisamos da solidariedade dos nossos parceiros”, explica Ana Carolina Almeida.

Realizando sonhos – Gravemente impactado pela crise, o setor de eventos foi um dos primeiros e dos que mais sofre com a suspensão das atividades por prazo indeterminado. Ainda que fosse decretado o fim da pandemia hoje, certamente o setor demoraria muito para se reerguer, visto que algumas datas são simplesmente irrecuperáveis, como Páscoa e Dia das Mães, por exemplo, e outros simplesmente não terão como remarcar, seja por falta de data no calendário ou por questões estruturais como falta de patrocínio, desinteresse do público e carência de recursos.

Diante de um cenário tão sombrio, empresas mineiras estão se reunindo em torno do projeto #juntosrealizandosonhos, idealizado pela proprietária da Formato Eventos, Juliana de Freitas. Tudo começou com uma festa on-line. A ideia deu certo. Foram mais de 400 postagens com a #juntosrealizandosonhos em 21 dias.

“Não podemos deixar o setor simplesmente se acabar. Temos que convocar nossos clientes e parceiros para criar estratégias, apoiar uns aos outros. Nessa hora não existe concorrência, existe um setor que precisa sobreviver. O primeiro movimento que eu fiz foi falar para as pessoas se produzirem porque teríamos um evento via aplicativo.

Tomamos café juntos e discutimos estratégias. Depois disso fui procurada por diversos parceiros para a gente pensar ações e criamos a hashtag ‘juntos realizando sonhos’ com foco em não paralisar o planejamento dos eventos”, explica Juliana de Freitas.

Trabalhadoras informais – Para ajudar as mulheres trabalhadoras informais da RMBH durante a pandemia, um grupo de comunicólogas lançou a plataforma Maria Marias (@pmariamarias), que funciona como uma espécie de “catálogo” que disponibiliza os mais diversos serviços e produtos feitos por mulheres. São cozinheiras, artesãs, artistas, bordadeiras, professoras, empreendedoras, vendedoras que tiveram a renda impactada devido às medidas de isolamento social.

De acordo com uma das organizadoras da iniciativa, Juliana Baeta, em uma semana foram mais de 30 empreendedoras cadastradas e 452 seguidores conquistados. “Temos recebido cadastros de mulheres que oferecem produtos e serviços variados. Muitas delas oferecem trabalhos manuais como crochê e bordados personalizados. Já na área de serviços, temos muitas inscritas focadas em auxiliar na saúde mental das pessoas neste momento, portanto, oferecendo terapia e yoga”, explica Juliana Baeta.

A plataforma tem foco nas empreendedoras locais por serem elas o elo mais fraco na cadeia produtiva. Entre as mulheres que trabalhavam em Minas Gerais no ano passado, 41,7% estavam na informalidade. Já entre os homens, esta proporção cai para 39,1%, segundo a pesquisa de indicadores sociais feita naquele ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Proporcionalmente, o desemprego também é maior entre as mulheres, com uma taxa de 12,4% de desempregadas entre as mineiras, enquanto a taxa de desocupação entre homens de Minas é de 9,2%.

“A plataforma nasceu de uma maneira espontânea e bem ágil, fruto de um esforço coletivo. Nossa ideia é seguir com o projeto depois desse momento, pois os impactos ainda serão sentidos por muito tempo. Acreditamos que dar preferência para negócios pequenos deveria ser uma prática atemporal. Fortalecer quem produz artesanalmente e tira seu sustento disso é fundamental em uma sociedade baseada em condições tão desiguais”, completa a jornalista e pesquisadora Bárbara Caldeira, idealizadora do projeto.

SystemDataBase lança ação em prol de MPEs

Certo de que é possível fazer o bem sem precisar de ideias mirabolantes e grandes estruturas, o CEO da SystemDataBase, Fernando Santos, decidiu usar a expertise e a estrutura da própria empresa, sediada em Belo Horizonte, para apoiar micro e pequenos empresários em dificuldades durante a pandemia do novo coronavírus.

A ideia é divulgar empreendedores locais que podem vender ou prestar serviços entregues em domicílio ou de forma remota. Basta fazer um cadastro (bit.ly/2VAiEm7).

“Fizemos algo simples, dentro da nossa própria página, evitando gastos extras. A ideia é compartilhar esse banco de dados mostrando para as pessoas que existem muitos fornecedores locais, bem próximos a elas. Como hoje tudo acontece pelo WhatsApp, o objetivo é que a lista circule pelo aplicativo e seja útil para empreendedores e consumidores”, explica Santos.

Cerca de 50 empresas já fazem parte da iniciativa. Boa parte delas nunca teve estrutura para vendas on-line. Além da lista, a System está promovendo impulsionamento das marcas cadastradas nas redes sociais.

Especializada em projetos de transformação digital, gerenciamento de dados, desenvolvimento de sistemas, gestão de performance de sistemas, construção e hospedagem de sites e serviços gráficos, a empresa está acostumada a trabalhar de forma remota e tem feito a ação dessa mesma maneira.

Além de fazer a divulgação das empresas cadastradas, sejam elas clientes ou não da empresa, a System está isentando da taxa de hospedagem de site as empresas clientes por dois meses. O objetivo é dar fôlego aos parceiros nesses tempos de negócios reduzidos e margens apertadas.

“Essa crise trouxe uma reflexão para todos os portes de empresa. Quem não pensou em planejar tecnologia e transformação digital, está tendo que fazer isso em tempo recorde. E isso para o pequeno é quase impossível. Queremos trabalhar com essas empresas também no pós-crise, levando algum tipo de informação para mostrar que o cliente deles mudou. O modelo de negócio que funcionou até aqui vai mudar e eles precisam colocar a tecnologia no seu planejamento de alguma forma”, pontua o fundador da SystemDataBase.

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