RMBH ganha casa especializada em cogumelos

Desmistificar o consumo de cogumelos, abrir espaço no mercado e facilitar a oferta destes produtos. Inaugurado há três meses, o Cogumelado, restaurante focado em pratos à base de cogumelos, quer dar vasão à sua produção de cogumelos em conserva. Com uma pequena fábrica instalada no restaurante, localizado no Vale do Sereno, em Nova Lima, que por enquanto só abastece o próprio estabelecimento e o varejo próprio (quando algum cliente da casa quer levar uma conserva), a ideia é até o fim deste ano colocar em funcionamento um e-commerce dos produtos e viabilizar as vendas no atacado. Com isso, os produtos poderão ser encontrados facilmente no comércio e estarão mais acessíveis aos consumidores.
“Temos milhões de vegetarianos e veganos no Brasil e o mercado ainda atende esta população de forma muito pobre. A questão é que mesmo carnívoros se surpreendem com o sabor dos cogumelos quando preparados da forma correta. É um nicho de mercado e encontramos uma oportunidade de negócio aí”, conta um dos sócios, Thiago Azevedo.
Prova de que se trata de um nicho do mercado é que o Brasil já conta com 30 milhões de pessoas que se declaram vegetarianas, ou seja, excluem qualquer tipo de carne do cardápio.
Isso representa 14% da população do País, e equivale a mais do que a soma das populações da Austrália e Nova Zelândia juntas. Mesmo na população em geral, mais da metade dos brasileiros responderam que consumiriam mais produtos veganos se isso estivesse melhor indicado nas embalagens ou se o preço fosse o mesmo dos produtos tradicionais. Os dados são da pesquisa Ibope Inteligência realizada este ano, encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira.
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Mesmo para baratear os preços destes produtos, é preciso cruzar demanda e oferta, e aproveitar essa brecha no mercado para oferecer produtos que ainda não são facilmente encontrados. A ideia do Cogumelado, por exemplo, começou a fomentar há cerca de três anos quando Thiago, vegetariano, se deparava justamente com as dificuldades de consumo ao viajar.
“Quando viajava para a praia com minha esposa, via muito oferta de peixes, petiscos de carne, e só ficava pensando em como seria bom ter a oportunidade de fazer a minha parrilha de cogumelos ali, aí passei pensar em um jeito de como transportar isso”, lembra.
A necessidade de se preparar as refeições vegetarianas aproveitando as propriedades nutricionais dos cogumelos, fez com que ele criasse uma série de pratos a base da iguaria.
“Comecei a preparar os cogumelos no fogo de chão, utilizando madeira, com técnicas ancestrais mesmo, fazendo churrasco. E aí começaram a nascer as conservas de cogumelos, feitas 100% com azeite extravirgem”, conta.
Saudável, nutritivo, versátil e autossustentável, o cogumelo se transforma quando preparado e permite inúmeras combinações, que fazem com que até os carnívoros que visitam o restaurante se surpreendam com o sabor. “O que a gente mais escuta aqui são pessoas que comem algum prato e dizem não ser possível que aquilo não seja carne”, comenta Thiago.
Só para citar alguns exemplos, no Cogumelado é possível degustar tanto um ensopado, ou um grelhado, como feijoada, tropeiro, churrasco, iscas e acarajé, todos eles à base de alguma espécie de cogumelo.
“O negócio está sendo muito bem-aceito. No Brasil, o cogumelo ainda é muito pouco consumido frente outras populações, como na Europa, por exemplo. Mas a tendência de crescimento de mercado aqui é gigantesca. Basta superar este desconhecimento. A gente pegou essa ideia de fazer um estabelecimento só de pratos com cogumelos justamente para as pessoas conhecerem as várias formas de consumo que existem”, explica.
A capacidade do restaurante é para 50 pessoas no horário de almoço e 70 à noite. Os cogumelos são fornecidos por produtores locais e a ausência de agrotóxicos nestas produções é um dos motes do restaurante.
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Expansão – O restaurante é uma espécie de show room da fábrica, que será expandida pouco a pouco para abocanhar a fatia de consumo ainda desassistida pelo mercado.
“Nosso plano é aumentar a fábrica e também estudamos outras possibilidades de negócios, como franquias, para abrir unidades em outros locais. Mas este ainda não é o nosso foco inicial. As conversas agora estão caminhando no sentido de colocarmos o e-commerce de conservas no ar, provavelmente até o fim do ano. E também até o fim deste ano ou no mais tardar, no início do ano que vem, ter condições de atender este mercado, de fazer nossos produtos chegarem às prateleiras”, conclui.
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