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Santa Casa lança novo posicionamento

Slogan do maior hospital 100% SUS do Estado, fundado há 124 anos, passa a ser “Saúde de Ponta para Todos”
Santa Casa lança novo posicionamento
15 mil pessoas circulam diariamente pelas dependências do Grupo Santa Casa de Belo Horizonte, sendo 8 mil profissionais internos | Crédito: Divulgação / Santa Casa

Aos 124 anos e reconhecida entre os principais hospitais do Brasil em volume e qualidade do atendimento, a Santa Casa de Belo Horizonte (SCBH) inaugura, hoje, uma nova fase, com uma nova marca e um novo posicionamento. O slogan do maior hospital 100% SUS do Estado passa a ser “Saúde de Ponta para Todos”.

De acordo com o provedor da Santa Casa BH, Roberto Otto Augusto de Lima, a mudança reflete um longo processo de modernização de todo o grupo e pretende mostrar à sociedade e às autoridades a importância da Santa Casa no passado e para o futuro da cidade.

“Quando cheguei ao Grupo, havia uma percepção de que as pessoas não conheciam a importância da Santa Casa. Elas não sabem que somos uma instituição de alta complexidade. Para construir esse novo conceito, trabalhamos há um ano e meio. A intenção é que as pessoas conheçam e possam participar da instituição e, claro, também aumentar a captação de recursos junto à sociedade e ao poder público. Não é só uma marca nova, é todo um posicionamento da instituição relativo ao quesito saúde para todo o País”, explica Lima.

Lima: mudança reflete um longo processo de modernização | Crédito: Divulgação / Santa Casa

Instituição que remonta ao Antigo Regime Lusitano, as santas casas de misericórdia chegaram ao Brasil como o principal – se não o único, na maioria dos casos – equipamento de saúde para atender os mais necessitados.

A Santa Casa de Belo Horizonte nasceu praticamente junto com a Capital, inspirada na Santa Casa de Sabará. Em 1899 a cidade ainda não tinha ainda dois anos completos quando foram abertas as inscrições para sócios-fundadores e adotadas providências para que fosse construído um hospital filantrópico capaz de atender a nova capital do Estado.

Com o tempo o hospital expandiu instalações, número de especialidades e formatos de atendimento. Atualmente são 10 unidades, divididas em três pilares do negócio:

Assistência à Saúde:

  • Hospital de Alta Complexidade 100% SUS Santa Casa BH
  • Ambulatórios Especializados Santa Casa BH
  • Instituto de Oncologia Santa Casa BH
  • Instituto Materno Infantil Santa Casa BH
  • São Lucas Hospital Particular e Convênios

Educação, Pesquisa e Inovação:

  • ÓrixLab Santa Casa BH
  • Faculdade de Saúde Santa Casa BH
  • Pesquisa Clínica Santa Casa BH

Assistência Social:

  • Assistência Familiar Santa Casa BH
  • Instituto Geriátrico Santa Casa BH

“Costumo dizer que a Santa Casa promove inovação desde 1899. O que estamos propondo agora é uma provocação para nós mesmos e para a sociedade: como podemos levar saúde de ponta para todos? Essa é a nossa causa. Temos o SUS, elogiado e copiado no mundo, mas o Sistema tem suas carências. A Santa Casa pega todas as frentes, do atendimento 100% SUS à faculdade, que fornece mão de obra não só para nós. Estamos pensando para fora, para dar o exemplo para todos”, destaca.

Passado equalizado

Todas as mudanças, claro, exigem esforço das equipes e investimentos. Durante muito tempo, entretanto, isso foi um sonho distante. Vítima da defasagem e dos constantes atrasos de repasses de verbas federais, o hospital viu sua situação financeira se deteriorar rapidamente e a relação com os bancos se tornar insustentável. O quadro, infelizmente, não era exceção entre os hospitais filantrópicos brasileiros.

A luz no fim do túnel começou a aparecer em 2014, quando depois de um longo e duro período de mobilização da sociedade civil e negociações, as dívidas foram equalizadas.

“Em 2014 saímos da ‘marginalidade’, com a conquista das certidões negativas de débito. A partir dessa negociação com o poder público, pudemos negociar e equalizar as dívidas. Isso não quer dizer que elas foram pagas, mas que existe um plano de pagamento exequível. Superamos essa fase e estamos investindo em governança, transparência e sustentabilidade. Tudo isso nos dá a possibilidade de, agora, propormos esse novo posicionamento.”

O esforço se materializou em uma série de premiações e reconhecimentos nos últimos anos. Entre 2017 e 2021, a Santa Casa BH foi eleita, consecutivamente, como uma das 100 Melhores ONGs do Brasil. O prêmio, promovido pelo instituto O Mundo que Queremos, Instituto Doar e pelo Ambev VOA, é o maior reconhecimento do terceiro setor no País. Para selecionar as 100 melhores ONGs, são analisados cinco grandes temas: Causa e Estratégia de Atuação, Representação e Responsabilidade, Gestão e Planejamento, Estratégia de Financiamento e Comunicação e Prestação de contas.
Também em 2021, a Santa Casa BH venceu o Prêmio Ser Humano 2021, na categoria Especial Covid-19. O prêmio reconhece as organizações que foram inovadoras na implementação de boas práticas em recursos humanos e gestão de pessoas.

O case que recebeu o reconhecimento estadual da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seção Minas Gerais (ABRH-MG) é o “Faz Sentido”, que trabalhava a saúde mental e bem-estar de diversos públicos, como colaboradores, pacientes, professores, alunos, residentes, sociedade e imprensa, trazendo informações relevantes, descontração, clima positivo, apoio e suporte emocional.

No mesmo ano, o Serviço de Nutrição do Grupo Santa Casa BH (GSCBH) foi agraciado com o prêmio “Equipe 5 Estrelas”, concedido pelo Conselho Regional de Nutricionistas da 9ª Região (CRN-9), que atua em todo o Estado de Minas Gerais. O objetivo é reconhecer o trabalho de excelência e valorizar os nutricionistas que se destacam pela prática profissional qualificada e em conformidade com o Código de Ética e de Conduta do Nutricionista (CECN).

Em 2020, a Instituição conquistou o Prêmio Aberje, na categoria Multipúblicos, com o case “Batalha pela Vida”. O projeto mostra o resultado das ações de relacionamento desenvolvidas pela gerência de comunicação institucional durante a pandemia de Covid-19, que envolveram diversos públicos e fez com que o hospital tivesse condições de atender com excelência os pacientes.

No Prêmio Melhores Empresas Época Negócios 360, o Grupo já teve várias conquistas: na edição de 2021, Santa Casa BH apareceu no topo do ranking das melhores empresas de Saúde de Minas Gerais e a terceira do País – considerando somente os hospitais, é o segundo melhor do Brasil, já que o primeiro colocado é uma operadora de planos odontológicos.

Desde 2019, a instituição vem figurando entre as três primeiras posições do ranking nacional de saúde e, em 2021, obteve a sua melhor pontuação no Anuário, saltando de 386 para 423 pontos.

Com isso, a Santa Casa BH ficou em 12º lugar no ranking geral do Anuário, que elenca as 418 melhores empresas brasileiras em 25 setores da economia, avaliando seis dimensões da gestão: Desempenho Financeiro, Inovação, Pessoas, Sustentabilidade, Visão de Futuro e Governança Corporativa.

Em sua primeira participação, em 2021, a SCBH conquistou a certificação no prêmio de Melhores Práticas na Gestão de Departamentos Jurídicos. Organizado pela Inteligência Jurídica (Intelijur) e pelo Fórum de Departamentos Jurídicos (FDJUR), o prêmio visa distinguir os melhores projetos desenvolvidos pelos setores jurídicos de empresas, dentro do cenário nacional, valorizando o trabalho dos profissionais da área e promovendo a troca de experiências e conhecimentos. O case apresentado pela SCBH foi “Monitoramento de Ações Judiciais Trabalhistas”.

Plano prevê R$ 120 milhões em investimentos

Atualmente 15 mil pessoas circulam diariamente pelas dependências do Grupo, sendo 8 mil profissionais internos. A meta agora é conquistar o reconhecimento como “Hospital de Excelência” pelo Ministério da Saúde. Para isso, a instituição precisa conquistar uma nova acreditação definida pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). A expectativa é de que isso aconteça até o fim do ano.

Hospitais de excelência são instituições habilitadas pelo Ministério da Saúde, que cumprem determinados requisitos para a apresentação de projetos de apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS), em troca de isenção de contribuições sociais devidas à União.

O processo, claro, ainda sofre com impactos de todas as transformações ocorridas durante o período da pandemia. Além das obras feitas às pressas, a alteração nos fluxos de pacientes e profissionais, a quebra na cadeia de suprimentos e a majoração nos preços de medicamentos, insumos e equipamentos continuam pesando sobre os custos. Além disso, a mobilização social que fez com que as doações de pessoas físicas e jurídicas e a destinação de emendas parlamentares crescessem entre 2020 e 2022 regrediu.

Segundo o provedor da Santa Casa BH, Roberto Otto Augusto de Lima, o maior legado da tragédia da Covid-19 é o aprendizado em processos, recursos humanos, práticas médicas e de enfermagem. Ficou nítida a necessidade de investir em saúde, de fazer prevenção. Como estrutura, 200 leitos abertos na época foram mantidos.

“Os valores pagos durante a pandemia retrocederam, mas os custos, não. De R$ 1.600 pagos pelo leito de CTI, em 2020, voltamos para R$ 1.180. Ainda hoje existem insumos 10 vezes mais caros do que em 2019. O grande problema é que não temos a reposição inflacionária dos pagamentos. Agora estamos lutando pela aprovação do PL 1435/2022, que obriga o poder público repor as perdas pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)”, afirma.

Enquanto isso, os investimentos seguem. O plano para os próximos três anos prevê R$ 120 milhões, sendo R$ 50 milhões em infraestrutura, equipamentos, formação de pessoal e reposicionamento de marca. A primeira fase das obras no Instituto Materno-infantil com a recuperação da enfermaria pediátrica já está em andamento. Já o Hospital São Lucas deve ganhar R$ 1,1 milhão em equipamentos.

“Nosso compromisso é com a sociedade, especialmente com as pessoas que mais precisam. O tempo todo estamos olhando para as práticas e os equipamentos mais modernos. A teleconsulta, por exemplo, é algo que já estamos desenvolvendo. Ainda não há previsão de financiamento para o SUS, mas já testamos alguns sistemas”, completa o provedor da Santa Casa de Belo Horizonte. (DM)

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