Saúde mental dos trabalhadores deve ganhar mais espaço com norma regulamentadora

A saúde mental dos trabalhadores deve ser um dos principais pontos de atenção das empresas brasileiras a partir de 2025 em razão da atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1). A medida, que vai entrar em vigor em maio deste ano, exige a avaliação dos riscos psicossociais nos processos de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST).
Dessa forma, as corporações devem implementar planos de ação com medidas preventivas e corretivas, como a reorganização do trabalho para reduzir a sobrecarga de tarefas e melhorar a qualidade de vida dos colaboradores.
Além da promoção de um ambiente saudável de trabalho, com foco na melhoria das relações interpessoais e do bem-estar geral e ações contínuas de monitoramento e ajustes para garantir que as medidas adotadas sejam eficazes.
A fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que será realizada de forma planejada, terá um foco maior em setores que possuem alta incidência de doenças mentais, como teleatendimento, bancos e estabelecimentos de saúde. Os auditores verificarão, entre outros aspectos, a organização do trabalho e os dados sobre afastamentos relacionados à saúde mental.
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PSP
De acordo com informações da Moema Medicina do Trabalho, juntamente com a avaliação dos riscos psicossociais, a implementação de programas de Primeiros Socorros Psicológicos (PSP) se torna uma ação preventiva essencial para lidar com crises emocionais no trabalho.
Embora a NR-1 não exija a contratação de psicólogos permanentes nas empresas, ela sugere que as organizações promovam treinamentos básicos em PSP para que todos os colaboradores possam oferecer apoio imediato a colegas que estejam enfrentando dificuldades emocionais.
Os PSP consistem em intervenções simples, mas eficazes, para ajudar uma pessoa em sofrimento emocional até que um profissional de saúde mental possa ser consultado. Entre as ações recomendadas estão:
- Escutar ativamente e oferecer suporte emocional;
- Ajudar a pessoa a se acalmar, oferecendo um ambiente seguro e acolhedor;
- Orientar para a ajuda profissional caso necessário;

A especialista da Moema Medicina do Trabalho, Tatiana Gonçalves diz que os PSP são fundamentais. “Muitas vezes a crise emocional no ambiente de trabalho pode ser resolvida de forma eficaz com uma intervenção simples e imediata. A empatia e o apoio emocional podem fazer toda a diferença, prevenindo o agravamento do quadro de estresse ou ansiedade”, diz.
Crucial
Tatiana Gonçalves frisa que a saúde mental dos trabalhadores nunca foi tão crucial para o sucesso das empresas. “A mudança nas normas é apenas o começo. O mais importante é que as empresas se conscientizem de que essa é uma questão estratégica para manter seus colaboradores motivados, produtivos e saudáveis”, diz.
O crescente número de afastamentos por questões como estresse, ansiedade e burnout tem colocado a saúde mental no centro das preocupações das organizações, já que os riscos psicossociais, que incluem fatores como sobrecarga de trabalho, assédio moral, pressão por metas excessivas e falta de suporte, estão em alta no ambiente de trabalho brasileiro.
E tudo isso pode resultar em problemas graves para a saúde mental, afetando não só a qualidade de vida dos colaboradores, mas também a produtividade e o clima organizacional da empresa. Logo, organizações que não lidam adequadamente com esses riscos podem enfrentar altos índices de rotatividade, quedas de performance e, em última instância, prejuízos financeiros.
“Cuidar da saúde mental é mais do que um requisito normativo – é um investimento no futuro da empresa. Trabalhadores saudáveis mentalmente são mais produtivos, mais engajados e mais leais à organização. Este é um passo importante para um ambiente de trabalho mais equilibrado e humanizado”, diz.
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