Será que devo investir nesta startup? (Parte 4)
Bruno Pfeilsticker*
Nos últimos ensaios sobre este tema foram discutidos alguns parâmetros norteadores da decisão de investimento em uma startup ou em um conjunto de empresas. Foi discutida uma tipologia típica dos momentos distintos de uma empresa, os perfis de investimento e dos agentes envolvidos nos mesmos, falou-se sobre critérios de seleção e, por último, sobre caminhos de mitigação de riscos num campo de atuação permeado pela incerteza. Neste texto pretende-se trazer um olhar de fatores adicionais de sucesso ao ciclo de vida das startups, que nem sempre estão nos meios de discussão e trabalho de nossos ecossistemas de inovação.
Particularmente venho de uma formação fortemente alinhada ao planejamento. Uma mistura de escola da costa Leste dos Estados Unidos e Japão. Minha formação profissional original vem de um mundo em que sempre se valorizou muito o entendimento de uma necessidade e o atendimento da mesma da melhor forma possível, com a melhor solução viável. Isso é uma boa notícia! Já é sabido que uma startup, em sua essência, resolve um problema, que seja grande e relevante, de preferência. A questão é que os planejamentos tradicionais realizados em empresas de maior porte não se encaixam no momento de vida das startups.
Timing é tudo e dinheiro é oxigênio. Se ele acabar, a empresa morre. Com essa máxima, especialmente nos últimos 15 anos, junto aos movimentos de inovação e o surgimento de grandes startups no mundo, toma espaço e ganha destaque, o foco em realizar o mais rápido possível, da maneira mais barata, iterando soluções enxutas junto ao seu público- alvo dentro de ciclos de validações. Este olhar gerencial se alinha fortemente às práticas de sucesso da costa oeste americana.
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Muitas empresas se alinham fortemente a este princípio discutido no parágrafo anterior. Entretanto, nossa visão aqui na DMEP é a de se discutir a possibilidade de se trazer boas práticas de grandes empresas, dentro de um formato e linguagem adequados ao porte e ao momento das startups, mantendo-se a visão de efetividade de implantação, é claro. Na nossa interpretação a adoção de tais práticas pode ajudar na estruturação de um processo de crescimento mais conciso e consistente.
É muito bom poder investir em uma empresa que tenha uma excelente oportunidade de mercado. Que tenha um produto inigualável. Que tenha rotas de mercado muito sólidas e já testadas. Que tenha um time com competências fenomenais. Entretanto, é muito importante também investir em uma empresa que enxerga um caminho de crescimento de forma clara e organizada e que, sobretudo, acredite que o Hype das startups pode não ser suficiente para levar uma empresa ao sucesso.
*Sócio-diretor da DMEP
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