Setor de mineração amplia engajamento na Agenda ESG

O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) apresentou, em evento virtual realizado no dia 5, o primeiro balanço da “Agenda ESG da Mineração do Brasil”. Os avanços foram mensurados com base nos dados sobre a atuação das mineradoras em relação às práticas no âmbito da governança corporativa, no relacionamento com as partes interessadas e com o meio ambiente (ESG) coletados pelo Ibram, em parceria com a Falconi Consultoria.
Os dados foram analisados e apresentados pelos 12 Grupos de Trabalho (GTs) que compõem a Agenda ESG da Mineração, mostrando como foi o último ciclo, os principais resultados conquistados e as metas 2030 do setor.
A Agenda ESG da Mineração é um passo além da “Carta Compromisso do Ibram Perante a Sociedade”. O documento estabeleceu pilares de ações a serem adotadas pelas mineradoras para melhorar seus indicadores em 12 áreas: segurança operacional, barragens e estruturas de disposição de rejeitos, saúde e segurança ocupacional, mitigação de impactos ambientais, desenvolvimento local e futuro dos territórios, relacionamento com comunidades, comunicação e reputação, diversidade e inclusão, inovação, água, energia e gestão de resíduos.
De acordo com o presidente do Ibram, Raul Jungmann, o balanço traduz uma caminhada de grande aprendizado que está apenas no começo.
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“Não temos uma outra experiência setorial sobre a qual nos apoiarmos. Nenhum outro setor concluiu a caminhada até aqui. Há uma dificuldade natural com os dados. Apresentamos os dados da maneira mais autêntica possível. Mais importante do que determinadas falhas que pudessem ser percebidas era fundamental a transparência. O setor deseja dialogar. A credibilidade é ainda mais importante. O objetivo é honrar o compromisso da mineração brasileira com as questões ambiental, social e governança”, afirmou Jungmann.
Segundo o sócio da Falconi, Denis Glória, o grau de Maturidade ESG do Setor Mineral aferido pela pesquisa está baseado em cinco pilares: direcionadores organizacionais ESG; ambições estratégicas ESG; implementação e geração do valor sustentável e compartilhado; gestão de relacionamento com diferentes públicos priorizados; e sensibilização e capacitação ESG.
“O setor se enxerga com uma nota média de 66. Isso significa que o setor apresenta grande parte do item descrito, o que corresponde ao nível gerenciado. É um resultado intermediário, significativo, porém podemos avançar no nível de tração, indo até à base das empresas”, pontuou Glória.
Os grupos de trabalho foram divididos nas três verticais. Ambiental: GT 4, mitigação dos impactos ambientais; GT 10, água; GT 11, energia; GT 12, resíduos. Social: GT 3, saúde e segurança ocupacional; GT 5, diversidade e inclusão; GT 6, relacionamento com comunidades; GT 7, desenvolvimento dos territórios. Governança: GT 1, segurança de processo; GT 2, barragens e estruturas; GT 8, comunicação e inovação; GT 9: inovação.
Conselheiro do Ibram e CEO da Anglo American, Wilfred Bruijn, destacou a mineração como um alicerce do avanço tecnológico da sociedade atual e o seu papel na construção de uma nova mentalidade responsável e de tecnologias que tragam soluções para problemas urgentes ligados, especialmente, ao meio ambiente e às mudanças climáticas.
“Em 2019 lançamos a Carta Compromisso nos comprometendo com uma forte transformação no setor. Nos colocamos abertos a ouvir. Um desejo genuíno de mudar. Lançamos no fim daquele ano a Carta ESG em busca de uma mineração segura, ambientalmente responsável, ética, visando deixar legados positivos para o nosso planeta. A indústria mineral é o primeiro setor produtivo no mundo a assumir um compromisso ESG”, pontuou.
De modo geral, as metas definidas pelos GTs nesse primeiro ano de trabalho foram alcançadas e poucas ainda estão em construção. Chamam a atenção os resultados medidos pelo GT 2, com o índice de fatalidade zero em incidentes com barragens. No GT 8, a recuperação do índice de Reputação do Setor desde 2019, ano do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte ( RMBH), de responsabilidade da Vale, em 2019, quando esteve em seu patamar mais baixo (42,9), alcançando em 2021, 62,3, e tendo como meta para 2030, 69,8. E, no GT 9, aumentar em 53% até 2030 o investimento em P&D Tech, com crescimento linear. Passando dos atuais 0,26% para 0,4%.
No conjunto, os resultados se relacionam com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 9: “Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação” e 12: “Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”.
E de maneira particular aos ODS 14: “Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável” e 15: “Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade”.
MM 2032 – Nesse sentido, a Agenda ESG da Mineração também conversa com o “Movimento Minas 2032 – pela transformação global”, capitaneado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, em parceria com o Instituto Orior. O intuito do grupo é propor uma discussão sobre um modelo de produção duradouro e inclusivo, capaz de ser sustentável, e o estabelecimento de um padrão de consumo igualmente responsável.
Para alcançar os ambiciosos objetivos, o MM2032 se estruturou de maneira prática, com o Conselho Diretor, formado por presidentes e CEOs das empresas e entidades participantes; o Comitê Organizador, formado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO e Instituto Orior; e Comitê Executivo, com representantes de todos os participantes: governo, academia, empresas e entidades. A macro-orientação é a adequação dos ODS em Minas articulando iniciativas afins com o Brasil e o mundo.
Para o diretor-presidente do Instituto Ethos, Caio Magri, também presente na apresentação dos resultados, é muito importante a ação setorial que vem sendo tomada, apresentando metas, buscando apoiar as mudanças nas empresas, setor e mercado.
“Normalmente se olha o ESG para responder aos investidores, temos que olhar pelo diálogo com os diferentes stakeholders. Precisamos ir além dos resultados financeiros ou a criação / distribuição de valores econômicos e focar nos impactos sociais e ambientais. Trabalhar pela redução da desigualdade e promoção dos direitos humanos. A riqueza produzida pelo setor tem que servir também para isso, e ao mesmo tempo enfrentar as emergências climáticas. A mineração deve olhar para dentro, com ações estratégicas em cadeias de valor com impactos amplos. Olhar para as oportunidades voltadas para a mitigação dos riscos inerentes ao negócio. A integração dos fatores dessa agenda na tomada de decisão e gestão dos investimentos é um processo dinâmico. É fazer as coisas certas do jeito certo: uma forma de gestão que se define por um relacionamento ético”, definiu Magri.
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