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Setor de mineração amplia engajamento na Agenda ESG

Estudo apresentado pelo Ibram traduz uma caminhada de grande aprendizado que está apenas no começo
Setor de mineração amplia engajamento na Agenda ESG
Documento estabeleceu pilares de ações a serem adotadas pelas mineradoras para melhorar seus indicadores em 12 áreas | Crédito: Pixabay

O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) apresentou, em evento virtual realizado no dia 5, o primeiro  balanço da “Agenda ESG da Mineração do Brasil”. Os avanços foram mensurados com base nos dados sobre a atuação das mineradoras em relação às práticas no âmbito da governança corporativa, no relacionamento com as partes interessadas e com o meio ambiente (ESG) coletados pelo Ibram, em parceria com a Falconi Consultoria.

Os dados foram analisados e apresentados pelos 12 Grupos de Trabalho (GTs) que compõem a Agenda ESG da Mineração, mostrando como foi o último ciclo, os principais resultados conquistados e as metas 2030 do setor.

A Agenda ESG da Mineração é um passo além da “Carta Compromisso do Ibram Perante a Sociedade”. O documento estabeleceu pilares de ações a serem adotadas pelas mineradoras para melhorar seus indicadores em 12 áreas: segurança operacional, barragens e estruturas de disposição de rejeitos, saúde e segurança ocupacional, mitigação de impactos ambientais, desenvolvimento local e futuro dos territórios, relacionamento com comunidades, comunicação e reputação, diversidade e inclusão, inovação, água, energia e gestão de resíduos.

De acordo com o presidente do Ibram, Raul Jungmann, o balanço traduz uma caminhada de grande aprendizado que está apenas no começo.

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“Não temos uma outra experiência setorial sobre a qual nos apoiarmos. Nenhum outro setor concluiu a caminhada até aqui. Há uma dificuldade natural com os dados. Apresentamos os dados da maneira mais autêntica possível. Mais importante do que determinadas falhas que pudessem ser percebidas era fundamental a transparência. O setor deseja dialogar. A credibilidade é ainda mais importante. O objetivo é honrar o compromisso da mineração brasileira com as questões ambiental, social e governança”, afirmou Jungmann.

Segundo o sócio da Falconi, Denis Glória, o grau de Maturidade ESG do Setor Mineral aferido pela pesquisa está baseado em cinco pilares: direcionadores organizacionais ESG; ambições estratégicas ESG; implementação e geração do valor sustentável e compartilhado; gestão de relacionamento com diferentes públicos priorizados; e sensibilização e capacitação ESG.

“O setor se enxerga com uma nota média de 66. Isso significa que o setor apresenta grande parte do item descrito, o que corresponde ao nível gerenciado. É um resultado intermediário, significativo, porém podemos avançar no nível de tração, indo até à base das empresas”, pontuou Glória.

Os grupos de trabalho foram divididos nas três verticais. Ambiental: GT 4, mitigação dos impactos ambientais; GT 10, água; GT 11, energia; GT 12, resíduos. Social: GT 3, saúde e segurança ocupacional; GT 5, diversidade e inclusão; GT 6, relacionamento com comunidades; GT 7, desenvolvimento dos territórios. Governança: GT 1, segurança de processo; GT 2, barragens e estruturas; GT 8, comunicação e inovação; GT 9: inovação.

Conselheiro do Ibram e CEO da Anglo American, Wilfred Bruijn, destacou a mineração como um alicerce do avanço tecnológico da sociedade atual e o seu papel na construção de uma nova mentalidade responsável e de tecnologias que tragam soluções para problemas urgentes ligados, especialmente, ao meio ambiente e às mudanças climáticas.

“Em 2019 lançamos a Carta Compromisso nos comprometendo com uma forte transformação no setor. Nos colocamos abertos a ouvir. Um desejo genuíno de mudar. Lançamos no fim daquele ano a Carta ESG em busca de uma mineração segura, ambientalmente responsável, ética, visando deixar legados positivos para o nosso planeta. A indústria mineral é o primeiro setor produtivo no mundo a assumir um compromisso ESG”, pontuou.

De modo geral, as metas definidas pelos GTs nesse primeiro ano de trabalho foram alcançadas e poucas ainda estão em construção. Chamam a atenção os resultados medidos pelo GT 2, com o índice de fatalidade zero em incidentes com barragens. No GT 8, a recuperação do índice de Reputação do Setor desde 2019, ano do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte ( RMBH), de responsabilidade da Vale, em 2019, quando esteve em seu patamar mais baixo (42,9), alcançando em 2021, 62,3, e tendo como meta para 2030, 69,8. E, no GT 9, aumentar em 53% até 2030 o investimento em P&D Tech, com crescimento linear. Passando dos atuais 0,26% para 0,4%. 

No conjunto, os resultados se relacionam com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 9: “Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação” e 12: “Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”.

E de maneira particular aos ODS 14: “Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável” e 15: “Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade”.

MM 2032 – Nesse sentido, a Agenda ESG da Mineração também conversa com o “Movimento Minas 2032 – pela transformação global”, capitaneado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, em parceria com o Instituto Orior. O intuito do grupo é propor uma discussão sobre um modelo de produção duradouro e inclusivo, capaz de ser sustentável, e o estabelecimento de um padrão de consumo igualmente responsável.

Para alcançar os ambiciosos objetivos, o MM2032 se estruturou de maneira prática, com o Conselho Diretor, formado por presidentes e CEOs das empresas e entidades participantes; o Comitê Organizador, formado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO e Instituto Orior; e Comitê Executivo, com representantes de todos os participantes: governo, academia, empresas e entidades. A macro-orientação é a adequação dos ODS em Minas articulando iniciativas afins com o Brasil e o mundo.

Para o diretor-presidente do Instituto Ethos, Caio Magri, também presente na apresentação dos resultados, é muito importante a ação setorial que vem sendo tomada, apresentando metas, buscando apoiar as mudanças nas empresas, setor e mercado.

“Normalmente se olha o ESG para responder aos investidores, temos que olhar pelo diálogo com os diferentes stakeholders. Precisamos ir além dos resultados financeiros ou a criação / distribuição de valores econômicos e focar nos impactos sociais e ambientais. Trabalhar pela redução da desigualdade e promoção dos direitos humanos. A riqueza produzida pelo setor tem que servir também para isso, e ao mesmo tempo enfrentar as emergências climáticas. A mineração deve olhar para dentro, com ações estratégicas em cadeias de valor com impactos amplos. Olhar para as oportunidades voltadas para a mitigação dos riscos inerentes ao negócio. A integração dos fatores dessa agenda na tomada de decisão e gestão dos investimentos é um processo dinâmico. É fazer as coisas certas do jeito certo: uma forma de gestão que se define por um relacionamento ético”, definiu Magri.

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