Setor de alimentação fora do lar se recupera

A vacinação e o relaxamento das medidas de distanciamento social ao longo de 2021 permitiram que o setor de alimentação fora do lar almejasse dias melhores e a volta dos consumidores aos balcões e salões dos estabelecimentos.
O Índice Desempenho Foodservice (IDF), publicado pelo Instituto Foodservice Brasil (IFB), evidencia números importantes do setor e aponta caminhos para 2022. O crescimento das vendas atingiu seu pico a partir de março de 2021, com a liberação das medidas restritivas de combate ao Sars-CoV-2. No comparativo com 2020, o valor nominal que era de 6,2% em março, passou para 74,2% em abril, atingindo o pico de 92,3% em maio, e nos meses seguintes apontou uma queda até atingir a estabilidade, em outubro. Fechando aquele mês com quase 22% de vendas nominais.
De acordo com a diretora executiva do IFB, Ingrid Devisate, os números são bastante expressivos por conta da base de comparação muito fraca. Em 2020, os estabelecimentos foram obrigados a fechar as portas, trabalhando a maior parte do tempo apenas com retiradas e delivery. Apesar disso, eles demonstram uma recuperação, ainda que a economia nacional esteja fragilizada, e já se aproximam dos patamares de 2019.
“Tudo isso nos mostra que quando as medidas restritivas começaram a diminuir, o consumidor passou a sair de casa e voltou a frequentar lojas e estabelecimentos. Quando tivemos a abertura dos comércios, ainda que apenas com 40% das posições de mesa disponíveis, em média, houve esse boom porque em 2020 estavam fechados. Houve uma estabilização nas compras, que passaram a ser mais tranquilas, à medida que os estabelecimentos começaram a abrir mais posições, até alcançar a média de vendas chegando perto de 2019. A digitalização realmente veio para ficar, mas ela é só mais um meio de compra. A movimentação nos salões depende muito de quem está fora de casa. Por isso a empregabilidade reflete diretamente no movimento nos estabelecimentos”, explica Ingrid Devisate.
Em relação ao tíquete médio despendido nos estabelecimentos de foodservice, o IDF mostra o crescimento de quase 13% em outubro de 2021, quando comparado ao mesmo mês do ano anterior, passando de R$ 31,50 para R$ 35,60. Esse aumento poderia ser comemorado se não corroborasse a subida da inflação no setor, que foi de 3,2 pontos percentuais no período, saindo de 5,5% em outubro de 2020 para 8,7% no mesmo mês de 2021.
“Muitas pessoas ainda não entendem que existe uma cadeia inteira de valor. Acontece que, além de muitos produtos serem dolarizados, existe um reflexo desde o produtor. Os operadores logísticos também tiveram custos majorados e a quebra da cadeia de suprimentos levou à escassez de materiais como o papelão para embalagem, por exemplo. Outro fator ainda pesa: o nível de endividamento dessas empresas. Além disso, o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), que incide sobre o aluguel das lojas, disparou. Tudo isso faz com que os comerciantes sofram muito, pois o cliente não consegue pagar por todos esses aumentos de custo. Ele está ganhando menos, então está comprando menos vezes em quantidades menores. Por isso é tão importante que o País volte a crescer, diminuindo o desemprego e aumentando a remuneração média dos trabalhadores”, analisa.
Para 2022, a executiva prevê uma sequência de bons resultados atrelados sempre ao sucesso do combate à pandemia com o avanço da vacinação e controle de novas variantes que venham a surgir.
Para os pequenos comerciantes, que formam o grosso do setor, o conselho é: capacitação e conhecimento sobre os hábitos e necessidades do consumidor.
“Este ano o foco precisa ser sobre as vendas e os clientes. Devemos entender os hábitos e necessidades dos consumidores. Saber como vender nos novos canais de venda. Aproveitar que existem muitas iniciativas e ferramentas gratuitas. De outro lado, tentar negociar cada vez mais com os fornecedores. Uma boa ideia são as iniciativas colaborativas, como cooperativas de compras, por exemplo. E evitar o desperdício de todas as formas. Os foodservices são um bom indicativo da economia do País e responsáveis por uma massa significativa de primeiros empregos e ocupação para estratos mais frágeis da população, como as mulheres. Por isso precisamos fazer a nossa parte no combate à Covid-19 para que possamos circular pelas cidades, retomando uma vida normal”, completa a diretora executiva do IFB.
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