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Setor de franchising faturou R$ 14,51 bilhões em Minas

Setor de franchising faturou R$ 14,51 bilhões em Minas
Crédito: Divulgação/O Boticário

O balanço de 2021 divulgado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostra a recuperação do setor depois da crise sem precedentes vivida em 2020 em virtude da pandemia. De acordo com os números divulgados, o setor de franquias no Brasil faturou R$ 185 bilhões, contabilizando um crescimento de 10,7% em relação a 2020, chegando a patamar semelhante ao de 2019, que foi de R$ 186,755 bilhões. A expectativa é de que este ano o desempenho se mantenha, superando R$ 201 bilhões em faturamento e 182 mil unidades em funcionamento.

Em Minas Gerais o resultado seguiu a métrica nacional. No Estado, o faturamento cresceu 10,8% no mesmo período, saltando de R$ 13,09 bilhões para R$ 14,51 bilhões, o que significa 7,8% do total nacional.

O resultado nacional final do ano passado foi impulsionado principalmente pelo último trimestre. Segundo o levantamento, no 4º trimestre de 2021, cuja comparação já se deu com um período menos impactado pela pandemia, o crescimento foi de 5%, alcançando R$ 56,663 bilhões, 3,1% acima do mesmo período de 2019. O setor registrou ainda expansões expressivas em número de unidades, redes de franquia e empregos diretos, o que corrobora uma recuperação mais robusta.

A flexibilização das medidas de distanciamento social, ampliando o funcionamento do comércio em geral; o bom desempenho de alguns setores beneficiados pela maior permanência das famílias em casa, como o de construção civil e de saúde e beleza; foram fatores importantes nesse período que já é marcado pela Black Friday e as compras de Natal e fim de ano.

E, ao longo do ano, os ganhos de eficiência das redes de franquias, que investiram mais na digitalização de suas operações, na multicanalidade e em novos modelos de negócios, foram fatores que contribuíram para esse bom desempenho. O setor se beneficiou também da retomada gradual dos hábitos dos consumidores – que inclusive impulsionou a área de serviços de forma geral –, do aumento significativo do movimento nos shopping centers e da chegada de novos players.

Para o presidente da ABF, André Friedheim, esse crescimento do mercado de franquias em um período tão desafiador ratifica a força do setor, apontado como um dos mais resilientes em outras crises.

“Os dados mostram que o mercado de franquias registrou uma recuperação mais homogênea e sustentada em 2021 na comparação com 2020. Estamos voltando a um ritmo de crescimento mais sólido e equalizado entre todos os segmentos. Durante a pandemia a variação entre eles foi muito gritante. Sobre o total do ano, fechamos acima da expectativa que era de 9%. O franchising se recupera e chega praticamente aos mesmos níveis de faturamento de 2019, indicando uma recuperação em V. Aprendemos muito rápido com essa crise, criamos novos formatos, colocamos o cliente no centro, adaptamos produtos e serviços aos novos hábitos da população, implantamos a omnicanalidade efetiva. O nosso setor sempre foi ágil e flexível de acordo com a necessidade”, avalia Friedheim.

O estudo também aponta que mais empresas adotaram o sistema de franchising no último ano, assim como houve uma disseminação maior de modelos como home based e franquias digitais, mostrando, ao mesmo tempo, a atratividade do setor para outros ramos da economia e novos caminhos para o crescimento das redes.

Para a CEO do Grupo Bittencourt, Lyana Bittencourt, a retomada se deu em três frentes principais: o empreendedor na ponta gerindo os negócios e com o senso de pertencimento fortalecido; o apoio ainda maior entre franqueado e franqueador; e a resiliência desses empreendedores, entrando em 2021 com mais positividade do que em 2020 e em 2022 com ainda mais otimista, percebendo o cenário pandêmico com menos força.

“Percebo claramente que ninguém passou ileso. Então o foco na eficiência, na conveniência, fez com que muitas vezes o modelo mudasse, tivesse mais atenção com a logística e relacionamento com o consumidor. Algumas empresas abriram novos mercados. Grandes empresas passaram a usar o franchising como canal de distribuição, o considerando seguro, com legislação forte. Vamos ver, ainda este ano, muitas iniciativas para o mercado agro e das startups”, destaca Lyana Bittencourt.

Com a elevação expressiva do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a ABF pesquisou o impacto da inflação no setor e identificou que 67% das marcas afirmam ter repassado o impacto através do ajuste de preços, mas na média de apenas 30% do impacto total recebido. Readequação das operações (58%) e troca de fornecedores (44%) foram outras medidas tomadas para administrar os reflexos da inflação.

“Há tempos não fazíamos esse recorte. Existe uma geração de empreendedores que não viveram ciclos inflacionários, mas, ainda assim, conseguiram lidar com o problema”, pontua o presidente da ABF.

Empregos

Com a retomada da expansão e faturamento, o ecossistema de franquias abriu mais postos de trabalho. Em relação a 2020, o número de trabalhadores diretos no setor aumentou 12,1%, passando de 1,26 milhão para 1.41 milhão no ano passado, e 3,9% a mais frente a 2019. Em 2021, em média, cada unidade de franquia gerou oito empregos diretos.

Seguindo tendência dos últimos anos, a média de unidades de franquias por rede se mantém em alta. O levantamento da ABF apontou um avanço de 1% nesse indicador no ano passado e de 7,6% em relação a 2019. Este é um dado relevante, pois aponta que as redes estão ganhando mais escala e capilaridade.

O número de redes de franquias também registrou. O balanço de 2021 indica que houve um avanço de 8,0% em relação a 2020. Com isso, o Brasil totalizou 2.882 marcas no ano passado ante 2.668 em 2020.

“O Brasil é um mercado excepcional e nenhuma marca global ignora o nosso País. Ainda assim, 92% das marcas franqueadoras aqui instaladas são nacionais. Isso indica a força do empreendedorismo brasileiro. Alavancado pela retomada da expansão e do faturamento, o setor mais uma vez mostrou sua força na geração de empregos. Muitos deles estão em sua primeira experiência e as redes têm o importante papel de formação. Um ambiente menos burocrático e com uma carga tributária mais equilibrada certamente ajudaria o setor a gerar ainda mais postos”, pondera o executivo.

Chiquinho Sorvetes entre as 50 maiores

Já parte da tradição, na primeira coletiva do ano da Associação Brasileira de Franchising (ABF), foi divulgado o ranking das 50 maiores franquias em número de unidades entre as associadas. Mais uma vez, em primeiro lugar, figura O Boticário, com 3.652 unidades. A marca de cosméticos é seguida pela Cacau Show, que avançou para o segundo lugar, se valendo do lançamento de modelos mais baratos para abrir cerca de 500 unidades em um ano e somar 2.827 unidades no total. Na sequência aparecem Mc Donalds, com 2.585, e em um surpreendente quarto lugar, a Gazin Semijoias, estreante no sistema de franquias, com 2.083, a partir de um modelo de microfranquia home based.

Na lista, a primeira mineira a aparecer é a Chiquinho Sorvetes, fundada em Frutal, no Triângulo, no 32º lugar e 665 unidades. Mesmo crescendo 17,5% em 2021, a marca caiu cinco posições no ranking. A próxima, é a Localiza, com sede em Belo Horizonte, em 39º lugar, somando 20 novas operações às 528 existentes em 2020, quando figurou na 30ª posição da lista. Ainda aparecem no rol a Kopenhagen, que tem unidade produtiva em Extrema, no Sul de Minas, em 45º lugar; e a Arezzo, que tem origem mineira, mas hoje tem sede no Rio Grande do Sul, na posição seguinte.

“Essa lista demonstra que as redes não apenas mantiveram, como aceleraram seus planos de expansão no ano passado, impulsionadas, principalmente, por novos modelos de operação, como o home based e o on-line”, destaca o presidente da ABF, André Friedheim.

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