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Setor de joias e bijuterias já acumula prejuízos em Minas Gerais

Setor de joias e bijuterias já acumula prejuízos em Minas Gerais
Crédito: Carol Garcia/ GOVBA

Com as lojas fechadas na tentativa de conter o avanço do novo coronavírus, o setor de joias e bijuterias em Minas Gerais acumula prejuízos e estima que a recuperação demandará maior tempo em função dos preços e das prioridades que os consumidores irão adotar após o controle da pandemia e a retomada das atividades do comércio.

O setor também enfrenta dificuldades em relação às políticas públicas lançadas pelo governo federal com o objetivo de auxiliar os empresários neste período, porém, as mesmas excluem as empresas com faturamento acima de R$ 10 milhões. Além disso, as entidades financeiras que estão operacionalizando as linhas continuam praticando juros elevados e exigindo garantias que dificultam o acesso ao crédito.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Joalherias, Ourivesarias, Lapidações e Obras de Pedras Preciosas, Relojoarias, Folheados de Metais Preciosos e Bijuterias no Estado de Minas Gerais (Sindijoias-MG), Manoel Bernardes, o setor enfrenta diversas dificuldades, assim como todos os demais setores econômicos que tiveram as atividades suspensas em função da pandemia.

“Os impactos econômicos provocados pela pandemia serão grandes e irão atingir quase todos os segmentos da economia, mas com certa assimetria, alguns serão mais impactados e outros menos. Nosso setor está dentro dos mais complexos, pelo valor médio dos produtos ser alto e pelos nossos insumos estarem atrelados ao dólar, com desvalorização do real, custos ficaram mais altos”, explicou.

Bernardes: é preciso que os governos ajudem estes empresários | Crédito: Elias Gomes/Divulgação

Ainda conforme Bernardes, a situação dos empresários do setor é crítica. Mesmo com as lojas fechadas e sem faturamento, os custos com os negócios continuam, o que pode comprometer a reabertura de empresas. As políticas públicas já lançadas – que incluem linhas de crédito para capital de giro, suspensão temporária dos contratos de trabalho, redução da carga horária e de salários, entre outras – são consideradas fundamentais para dar um fôlego aos empresários cujo faturamento anual das empresas é de até R$ 10 milhões.

“Apesar de estarmos com as atividades suspensas, o compromisso com os salários continua, então as medidas anunciadas, como a suspensão do contrato do trabalho e a redução da carga e dos salários são fundamentais para que não haja demissão em massa”, explicou Bernardes.

O acesso ao crédito também foi considerado essencial, principalmente na linha específica para a folha de pagamento com juros subsidiados. “Mesmo com a disponibilização das linhas, as empresas têm encontrado dificuldade de acessar, quase ninguém está conseguindo contratar. Mesmo com riscos reduzidos, as exigências são muitas e os empresários não conseguem atender as exigências dos bancos. Estamos esperando que os bancos públicos, Caixa e Banco do Brasil, comecem a operacionalizar as linhas e esperamos que os empresários sejam atendidos para terem um alívio”.

Políticas – Outro problema enfrentado pelo setor é a falta de políticas para as empresas que têm faturamento anual acima de R$ 10 milhões. “É preciso que os governos ajudem estes empresários, o que pode ser feito através dos bancos de desenvolvimento. Para a retomada, os empresários precisarão de capital de giro, comprar insumos, e o crédito será muito importante”.

Recuperação – Em relação à recuperação do setor após a liberação das atividades, a mesma deverá ser longa e gradual. Bernardes explica que pelos produtos do setor terem alto valor agregado e não estarem entre os itens de primeira necessidade demandará mais tempo para recuperar-se das perdas.

“Certamente seremos da categoria de empresas que demandarão mais tempo para retomar a atividade, que será gradual. No primeiro momento, esta recuperação será menor porque o consumidor estará fragilizado, seja emocionalmente ou financeiramente. Além disso, a tendência é que o comércio volte com horário reduzido, o que diminui as compras por impulso”.

Uma das expectativas que podem ajudar um pouco o setor é a permissão para que as lojas abram na semana anterior ao Dia das Mães, que é uma das principais datas comemorativas. Porém, a abertura depende de decreto do prefeito, o que não está garantido.

A comercialização dos itens pela internet não deve contribuir para um melhor desempenho, além do alto valor agregado, não é costume do brasileiro comprar joias on-line. Além disso, grande parte das lojas, não tem estrutura para vendas on-line desenvolvida.

“Abrir as lojas para atender a demanda do Dia das Mães seria fundamental. A ideia é que seja permitido o funcionar na semana da data comemorativa, mas isso ainda não foi acertado e dependerá da regulamentação do prefeito”.

Evoluções – Para Bernardes, após o controle do coronavírus e reabertura do comércio, a tendência é que ocorram evoluções.

“Algumas mudanças serão de caráter geral, como o aumento da digitalização tanto das empresas como do consumidor, é uma mudança que já estava acontecendo, foi acelerada pela pandemia e que veio para ficar. Outra é o consumo consciente, priorizando as empresas que tem propósitos mais claros, se preocupam com as questões ambientais e o social. Acredito que haja uma mudança importante com os consumidores investindo em produtos mais duráveis, priorizando as empresas nacionais para ajudar no fortalecimento das mesmas e na manutenção dos postos de trabalho”, explicou.

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