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Setor da construção civil discute em Belo Horizonte infraestrutura urbana

Construa Minas reúne mais de quatro mil participantes para discutir as tendências da construção civil e de infraestrutura na Capital
Setor da construção civil discute em Belo Horizonte infraestrutura urbana
Em 2022, o setor da construção cresceu 6,9%, índice esperado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção | Crédito: Alessandro de Carvalho

A segunda edição do Construa Minas, que acontece até o dia 26 em Belo Horizonte, traz temas como produtividade, normas técnicas, tendências, inovação, sustentabilidade, industrialização e infraestrutura para o setor da construção civil em mais de 80 horas de palestras.

O evento, que é anual, já é considerado o mais importante do setor no Estado. Ele integra a cadeia produtiva da Construção Civil e do Mercado Imobiliário mineiro e reúne mais de 20 entidades.

De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Renato Ferreira Machado Michel, o encontro, além de debater em salas simultâneas as tendências da indústria da construção civil, também abriga a reunião da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).

“Trouxemos para a Construa Minas o que tem de mais atual no setor de construção civil. Esperamos que as pessoas aproveitem esses quatro dias para se reciclarem. Também estamos recebendo os amigos da Cbic pelo terceiro ano consecutivo. A construção civil gera emprego e renda, o grande motor da economia, especialmente depois da pandemia. É impossível dissociar a construção civil da evolução da humanidade. Ela permite saltos de tecnologia. Belo Horizonte, como cidade planejada, é um espaço privilegiado para um evento como o Construa Minas”, explicou Michel.

Em 2022 o setor da construção civil cresceu 6,9%, dentro do esperado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), que projetou alta de 7% para o setor. Uma das âncoras da economia brasileira, no ano passado o crescimento da construção civil superou substancialmente o crescimento do Produto Interno Bruto Brasil (PIB), que cresceu 2,9%.

Requalificação urbana

Dentro da programação, o Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Belo Horizonte (Codese-BH) promoveu o evento “O futuro da cidade que nós queremos – o desafio da requalificação urbana da área central de Belo Horizonte”, com o objetivo de apresentar as ações em desenvolvimento na Capital, com especial destaque para aquelas que impactam positivamente a área central de Belo Horizonte.

O Codese-BH é uma organização formada pela sociedade civil organizada para pensar o futuro da cidade e colaborar com os planos de desenvolvimento econômico, social e urbano. O objetivo é criar um espaço plural e diverso, focado em objetivos comuns, com uma agenda de convergência e propositiva em prol do futuro da cidade.

O diretor-executivo do Codese-BH, Elvis Gaia, mediou o primeiro painel – “A experiência de Belo Horizonte”. Na mesa estiveram a presidente do Codese-BH e da CMI/Secovi-MG, Cássia Ximenes; o presidente do Conselho Deliberativo do Codese-BH, Teodomiro Diniz Camargos; o vice-presidente do Conselho Deliberativo do Codese-BH; vice-presidente da ACMinas, Marcos Brafman; o presidente do Conselho Fiscal do Codese-BH; Adriano Manetta; o vice-presidente de Meio Ambiente do Sinduscon/MG; vice-presidente de Loteadoras da CMI/Secovi-MG, Adriano Manetta; e o vice-presidente do Conselho Fiscal do Codese-BH, Luciano Medrado.

“No final do ano passado, convidados pela Prefeitura, integramos um grupo que pensa soluções para a área central da cidade. Nas grandes cidades do mundo as áreas mais nobres são as centrais. Em Belo Horizonte, por ter sido uma cidade planejada, temos uma joia arquitetônica. Precisamos reverter a fuga de capital, de uso residencial e empresarial da área central de BH. O que pretendemos é criar condições para que o centro retome a sua importância econômica”, destacou Gaia.

Também parte da programação do primeiro dia, o Seminário do Ibmec BH promoveu discussões sobre o futuro da infraestrutura urbana e da construção civil em Minas Gerais.

“A nossa preocupação está em formar um engenheiro civil cada vez apto a atuar em uma sociedade que demanda verdadeiros agentes transformadores, sendo éticos, inovadores e com visão e responsabilidade social e ambiental, sem esquecer a segurança durante as obras”, pontuou o coordenador dos cursos de engenharia do Ibmec BH, Helder de Almeida, fazendo referência ao acidente ocorrido recentemente em uma obra no Belvedere.

Durante a palestra “Cenários de Infraestrutura Urbana”, o professor do Ibmec, Leonardo Augusto dos Santos, chamou a atenção para o passivo histórico que o Brasil ainda carrega pelas escolhas passadas e o atual momento histórico que exige uma mudança de paradigma especialmente em função da escassez de recursos antes abundantes como a água, por exemplo, e o enfrentamento das mudanças climáticas e os efeitos dos eventos climáticos extremos. Para ele, a construção civil deve ser pensada de forma integrada para que seja possível criar uma infraestrutura urbana capaz de atender as necessidades da população ao longo do tempo e resiliente às transformações do meio ambiente e do modo de viver da sociedade.

“Vivemos no século passado a era do desenvolvimento industrial, com uma urbanização acelerada, o crescimento das grandes cidades e das demandas de infraestrutura e projetos em grande escala. Se antes queríamos que o esgotamento sanitário levasse as águas servidas para longe de nós, hoje precisamos que ela seja devolvida aos cursos d’água limpa e o mais rápido possível. Ao mesmo tempo, sabemos que vivemos em espaços hiperimpermeabilizados, o que interfere fortemente na formação dos cursos d’água e também na capacidade de infiltração da água de chuva, levando às enchentes e inundações. Muitas vezes perdemos a possibilidade de trazer à luz o debate de como essas coisas se mostram interligadas a toda a dinâmica que uma cidade requer”, pontuou Santos.

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