Indústria da construção civil de Minas prevê retomada em 2019

Após cinco anos consecutivos de quedas, a indústria da construção civil mineira espera voltar a crescer em 2019 e apresentar um desempenho 1,3% superior ao do atual exercício. Este ano ainda promete ser amargo para o setor, que deverá ser encerrado com queda de 2,4% sobre o exercício anterior, gerando uma retração acumulada de mais de 30% nos últimos anos.
Os números fazem parte do balanço anual do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) e, apesar de negativos, indicam o início da retomada da atividade, uma vez que a retração está menor do que nos exercícios anteriores.
“O desempenho confirma o comportamento da construção: se a economia vai mal, o setor tem resultado ainda pior, se vai bem, cresce acima da média. Este ano, de uma maneira geral, começou com uma perspectiva mais favorável que, no entanto, não se confirmou”, resumiu o presidente da entidade, Geraldo Jardim Linhares, em coletiva de imprensa realizada ontem.
A expectativa de crescimento de 1,3% em Minas e no País para o ano que vem, no entanto, ainda depende de vários fatores. Entre os quais se destacam, positivamente, as perspectivas de continuidade da recuperação da economia nacional, o aumento do número de lançamentos imobiliários e o indicador da confiança do empresário da construção civil.
Por outro lado, questões como o quadro fiscal preocupante, as incertezas quanto à aprovação das reformas, o excesso de burocracia e a falta de segurança na utilização do FGTS e as incertezas do andamento do programa habitacional Minha casa, minha vida, poderão pesar negativamente na concretização destes resultados.
“O setor vivencia um momento de reversão de tendência. Mas o seu crescimento robusto dependerá de medidas a serem adotadas nos primeiros meses do novo governo, como a retomada de obras paradas, a realização das reformas estruturantes e a continuidade do programa Minha casa, minha vida”, disse o economista e coordenador sindical do Sinduscon-MG, Daniel Furletti.
Vale destacar ainda que a cadeia da construção civil está em queda desde o terceiro trimestre de 2014. O setor sofreu profundamente com a recessão do País e, apesar da redução da intensidade das retrações, ainda não consolidou um processo de retomada. “Os dados mostram que a indústria da construção parou de piorar e pode estar iniciando um novo ciclo de crescimento”, completou.
Prazo – Mas, em se tratando do período necessário para a recuperação das perdas acumuladas nos últimos cinco anos, a assessora econômica da entidade, Ieda Maria Pereira Vasconcelos, preferiu não estimar um prazo. Segundo ela, tudo vai depender do comportamento da economia e da atividade nos próximos anos.
“Se mantivermos um crescimento médio como o previsto para ano que vem, na casa dos 1,5%, precisaremos de muitos anos. Mas pode ser que em algum momento registremos um desempenho como o alcançado em 2010, de 13%. Tudo vai depender da velocidade da retomada”, explicou.
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Cadeia produtiva – Por fim, em linhas gerais, o desempenho da construção em todo o País refletiu em números positivos para alguns dos elos da cadeia produtiva. A indústria de materiais de construção, por exemplo, apresentou alta de 1,6% entre janeiro e outubro desde ano sobre 2017; e o volume de financiamento imobiliário com recursos da caderneta de poupança cresceu 25,5% nos dez primeiros meses de 2018 em relação à mesma época do ano passado.
Já as vendas de cimento no mercado interno retraíram 1,5% no acumulado do ano até outubro de um ano para outro. E o número de trabalhadores com carteira assinada no setor até o décimo mês foi de pouco mais de 2 milhões – número que até 2013, passava dos 3 milhões.
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