Sinuca e totó levam Bola Branca aos 60 anos

Apostar em um processo quase artesanal, no acompanhamento da produção de cada produto e garantir, assim, a qualidade do que é entregue ao consumidor é, talvez, a principal estratégia da Bola Branca. E é isso que a traz a empresa, que começou fabricando mesas de sinuca, à série Mineiridade de hoje.

A indústria, instalada no bairro Aparecida, na região Noroeste, fabrica mesas de sinuca, totó, ping pong, carteado, damas e acessórios, há cerca de 40 anos. Mas tudo começou 20 anos antes, no bairro Carlos Prates, na mesma região.

No comando dos negócios, que herdou do pai, está o senhor Dolor Lino. A empresa teve início com o aluguel de mesas de sinuca para bares. Do Carlos Prates, a Bola Branca perambulou por outros bairros da região até se instalar definitivamente no bairro Aparecida, onde teve início a indústria.

“Começamos alugando mesas de sinuca para bares. Naquela época ninguém comprava esse tipo de equipamento. Com o tempo percebemos que podíamos abrir um mercado oferecendo produtos melhores, com maior durabilidade e que fizesse sentido para o cliente adquirir. Foi aí que veio a possibilidade da indústria, há mais de 40 anos”, relembra Lino.

Ao longo do tempo, outros itens passaram a ser fabricados entre mesas e acessórios, todos feitos em madeira. Outros acessórios específicos vêm de fornecedores nacionais. Para garantir a qualidade e procedência da matéria-prima – especialmente madeira e pedra ardósia – a opção é trabalhar com fornecedores de confiança e parceiros de muitos anos. A madeira vem do estado de Rondônia e as pedras, de Sete Lagoas e municípios próximos (região Central), todos em dia com as normas e autorizações dos respectivos órgãos de proteção ao meio ambiente.

Na fábrica, uma equipe de 12 pessoas dá conta da produção de cerca de 20 mesas por mês, em média. As vendas são para todo o Brasil e as entregas são feitas em um raio de até 100 quilômetros da Capital.

“A maioria das vendas é para a região Central do Estado, mas têm mesas espalhadas pelo Brasil todo. Recentemente fizemos uma venda para o estado do Pará. Nesses casos o comprador tem que buscar. É muito gratificante quando esse tipo de venda acontece. Isso mostra que estamos certos em optar em produzir algo realmente de alta qualidade, que vai durar. Ninguém vai bancar os custos e o trabalho que dá buscar uma mesa de sinuca aqui se não tiver muita certeza da qualidade do produto que está levando”, avalia.

E é nessa certeza que o empresário se fia para enfrentar a concorrência dos jogos eletrônicos e outras formas de diversão e garantir a renovação do seu público. Além das crianças que aprendem com pais e avós a jogar, outro público que cresce é o feminino. Do antigo aluguel para bares, hoje a Bola Branca vende, principalmente, para residências.

“A grande virada aconteceu durante a pandemia. Presas em casa, as pessoas precisavam inventar novas formas de passar o tempo e distrair, principalmente as crianças. Como indústria não fomos obrigados a parar a produção, mas com todos os cuidados sanitários que precisávamos tomar, ela acabou sendo reduzida. Como sempre trabalhamos com estoque cheio, tínhamos produtos para suprir a demanda que era crescente. Passamos a atender pelos canais digitais e acabamos por ganhar definitivamente esse público residencial, incluindo crianças e mulheres. Aliás, as mulheres hoje vêm aqui para comprar e chegam com muitas informações, sabendo escolher diante das várias opções o que, realmente, é o ideal para elas”.

Nesses quase 60 anos, entre as muitas crises vividas, a da Covid-19, entre 2020 e 2022, talvez seja a mais marcante, porém a que deixou o negócio mais em risco foi a greve dos caminhoneiros, em 2018. O movimento, que durou dez dias, impedia a chegada da matéria-prima e a entrega dos produtos acabados.

“A greve dos caminhoneiros foi um desastre. Não tínhamos nada a fazer além de esperar porque, sequer, podíamos entregar o que existia no estoque. E esse atraso acabou gerando consequências mesmo depois da greve. Foram dias difíceis”, completou o proprietário da Bola Branca.