Negócios

Solidão empresarial afeta desempenho dos negócios

Levantamento aponta esgotamento e isolamento de empreendedores
Solidão empresarial afeta desempenho dos negócios
Solidão e excesso de trabalho afetam empresários brasileiros | Foto: Reprodução Adobe Stock

Mais da metade dos empresários brasileiros enfrentam um desafio silencioso: a solidão. Uma pesquisa do Itaú Empresas em parceria com o Instituto Locomotiva aponta que 57% dos líderes de pequenas e médias empresas se sentem desconectados de outros empreendedores e 52% relatam impactos na saúde física e mental causados pelo excesso de trabalho. O levantamento revela um cenário de esgotamento e isolamento que ameaça tanto o bem-estar pessoal quanto o desempenho dos negócios.

Para o empresário e estrategista Fernando Campanholo (Campa), da Viva Positivamente, a falta de conexão entre empreendedores é um dos principais entraves para o crescimento. Ele conta que também enfrentou essa dificuldade no início da carreira. “Eu participava de grupos de empresários, mas todos estávamos no mesmo nível e com os mesmos problemas. Eu voltava para casa dizendo que estava tudo bem porque era igual pra todo mundo, mas, na prática, nada mudava”, relata.

Campanholo afirma que sua virada de chave aconteceu quando decidiu buscar orientação com empresários mais experientes. “Conversei com um empresário conhecido na região e perguntei como ele estava enfrentando a crise. Ele respondeu: ‘Crise? Renegociamos dois contratos, criamos um plano de contingência e estamos vendendo como nunca’. Enquanto eu me reunia com quem estava no mesmo buraco, ele se movia com quem pensava grande”, diz.

O especialista defende que o problema não é apenas de conexão profissional, mas de conexão humana. Segundo ele, “a rotina casa-trabalho, trabalho-casa vira uma prisão, e isso sufoca até quem já tem uma empresa grande”.

Campanholo reforça que o equilíbrio pessoal é indispensável para o sucesso empresarial. “A vida do empresário não é só o negócio. Ele precisa colocar na agenda tempo para ele como coloca para cliente, fornecedor ou reunião. Tempo para cuidar da saúde, para se relacionar, para aprender e oxigenar a mente”, afirma.

Para o estrategista, a falta de tempo é, na verdade, uma questão de prioridade. “Quem diz que não tem tempo está dizendo que não é prioridade. Se uma multa de R$ 500 mil dependesse de um documento hoje, o empresário pararia tudo para resolver. Então, por que não fazer o mesmo pela própria saúde?”, questiona.

A recomendação prática, segundo ele, é reservar ao menos meia hora por dia para o autocuidado e o desenvolvimento pessoal. “Nada na empresa vai desabar por causa de meia hora. Pode atrasar alguma coisa, mas a casa não cai. Essa meia hora pode mudar o teu nível de jogo. O empresário é o ativo mais importante do próprio negócio.”

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