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Stanford nomeia brasileiro para conectar mineração do País à inovação global

Gustavo Roque será o elo entre o País e o centro de inovação Mineral-X, de Stanford , com foco em minerais estratégicos, IA e transição energética
Stanford nomeia brasileiro para conectar mineração do País à inovação global
O papel principal do Estado é manter o seu protagonismo, afirma Gustavo Roque | Foto: Divulgação GHR Profile

O Mineral-X, centro de inovação da Universidade de Stanford focado em minerais críticos, indicou o empreendedor brasileiro Gustavo Roque como o elo oficial no País. Com passagens por algumas das maiores mineradoras do mundo, o empresário será o responsável por fazer a ponte entre empresas de mineração no Brasil e um ecossistema global de pesquisa, tecnologia e inovação.

O desafio é aproximar o setor mineral brasileiro das tecnologias de ponta do Stanford Mineral-X, incluindo o uso de inteligência artificial para acelerar a descoberta de novos depósitos de minerais críticos, melhorar processos e reduzir impactos. A ideia é permitir que empresas atuem de forma individual ou em consórcio, com apoio técnico de um dos centros mais avançados do mundo.

“O Mineral X surge a partir do professor Jef Caers, que veio do setor de óleo e gás. Ele observava as questões da mudança climática e da transição energética e via a oportunidade de contribuir para que as metas e os desafios dessa transição fossem alcançados mais rapidamente com tecnologias e processos que poderiam ser aproveitados na mineração. Estando na Escola de Sustentabilidade de Stanford, no Vale do Silício, ele já contava com muitas tecnologias e com mentes brilhantes nesse processo. Então, essa iniciativa propõe que tecnologias de ponta conectem ciência de dados, inteligência artificial e as geociências já aplicadas à mineração para revolucionar a forma como a busca por novas reservas minerais é feita”, explica Roque.

A busca por minerais críticos – lítio, cobre, níquel, cobalto, terras raras, entre outros – cresce à medida que o mundo busca descarbonizar a economia, principalmente por meio da eletrificação das frotas. O País possui algumas das maiores reservas desses minerais, porém a extração precisa ser feita de forma responsável e eficiente.

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O momento parece ser propício. Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o setor projeta quase R$ 70 bilhões em investimentos no País entre 2025 e 2029 – um crescimento de 6,6% em relação ao ciclo anterior. O mercado está aquecido. E não apenas pelo valor dos minérios, mas pela urgência de uma mineração mais conectada com tecnologia, sustentabilidade e impacto social positivo.

“Existe uma demanda muito grande, por exemplo, por cobre e já se sabe que as minas atuais não vão dar conta e que a reciclagem vai atender no máximo a 20% das necessidades. Então, é preciso abrir novas minas, mas o processo exploratório, da identificação da reserva até a planta começar a produzir, leva de dez a 20 anos. Dentro do Mineral X, a principal ferramenta para acelerar esse processo é a inteligência artificial (IA). O País é um player competitivo à medida que a nossa infraestrutura já está pronta, temos um mercado maduro e uma legislação avançada e bem construída. Ao mesmo tempo, toda essa estrutura pode nos desenhar como um mercado que precisa de ‘menos ajuda’ aos olhos de Stanford do que outros como o Congo, por exemplo. O que precisamos fazer é apresentar bons projetos e demonstrar que podemos ajudar a solucionar problemas que são comuns à mineração no mundo”, pontua.

O objetivo é atender não só a mineradoras, mas a todo o ecossistema da mineração que atue com minerais críticos. Para participar, a empresa ou consórcio precisa aderir à iniciativa pagando uma taxa de US$ 100 mil. Aportes maiores – de US$ 200 mil e US$ 300 mil – dão acesso a um número maior de pesquisas e direito à apresentação de um número maior de projetos por ano.

“Estamos discutindo para ajustar um modelo à realidade brasileira, com um custo menor e trabalhando com consórcios regionais. Em 2025, o Mineral X lançou um desafio para empresas juniores, e uma foi selecionada para ser ‘incubada’ sem custos. Cada vez que uma empresa participa, o conhecimento vai se expandindo e a nossa crença é que, nos próximos anos, teremos uma rede global com esse tipo de conhecimento, desenvolvendo soluções locais em todo o mundo”.

Cofundador do Mining Hub – primeira plataforma de inovação aberta da mineração no Brasil -, sediado em Belo Horizonte, o empreendedor enxerga o seu trabalho não só como uma oportunidade para as mineradoras, mas para toda a cadeia produtiva, incluindo academia e governo.

Nesse sentido, Minas Gerais tem muito a contribuir e crescer junto a iniciativas como o Mineral X. Conhecido internacionalmente principalmente pelo minério de ferro e, historicamente, pelo ouro, o Estado possui significativas reservas de minerais críticos para a transição energética, como lítio, no Vale do Jequitinhonha, e nióbio, no Alto Paranaíba, entre outros.

“O papel principal do Estado é manter o seu protagonismo, saindo na frente e aproveitando conexões como essa. Se outros estados mineradores, como Pará, Bahia, Goiás e outros que vão começando a aparecer, saírem na frente com tecnologias como essa, eles podem se tornar protagonistas como Minas ou até maiores. Então, Minas Gerais pode aproveitar toda a sua capacidade já instalada, inclusive com as pesquisas e o trabalho já iniciados com os minerais críticos, para manter o seu papel protagonista conectado com oportunidades como essa”, completa o especialista.

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