Startup mineira BChem produz biodiesel com óleo de fritura

Desde o início da implementação do álcool como fonte de energia até a consolidação do biodiesel, houve um intenso esforço para alcançar o atual panorama do setor de biocombustíveis no Brasil. Na busca por novas tecnologias e métodos para estabelecer uma próxima geração de biocombustíveis, muitas empresas buscam a sustentabilidade com o reaproveitamento de insumos em seus negócios. Um exemplo é a startup mineira BChem, que desenvolveu uma forma de gerar energia a partir do óleo de fritura.
A empresa que tem sede em Belo Horizonte surgiu em 2009 e foi idealizada pelo engenheiro mecânico e doutor em fontes renováveis de energia, Alex Brasil. A partir do projeto Óleo Vivo, programa de conscientização, coleta e reciclagem de óleos e gorduras residuais, a BChem saiu do campo das ideias e ganhou forma com a criação de uma usina de produção de biodiesel a partir da reciclagem do óleo de cozinha usado.
O sócio da empresa, Fernando Andrade, explica a ideia foi também uma maneira de destinar o óleo usado para um descarte mais sustentável. “A necessidade de lidar com o descarte inadequado de óleo de cozinha, que pode causar sérios impactos ambientais quando despejado incorretamente nos sistemas de esgoto, revelou uma grande oportunidade de negócio sustentável. Ao reciclar o óleo de cozinha usado em biodiesel, a BChem não só ajuda a reduzir a poluição ambiental, mas também contribui para a produção de uma fonte de energia mais limpa e economicamente viável”, considera.
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Ele explica que, com o apoio de outros pesquisadores, a empresa desenvolveu uma usina compacta para a produção de biodiesel e realizou diversos testes utilizando como matéria-prima o óleo de soja usado ou puro.
“No final de 2023, a startup Aterra Inovação, empresa especializada em transformação de resíduos complexos, adquiriu 50% da BChem e, juntas, as empresas iniciaram um novo ciclo de negócios, reposicionando o novo ativo no mercado como uma solução escalável e sustentável, focada na descentralização do mercado de biodiesel e na descarbonização”, pontua Andrade.
Vale lembrar que o descarte inadequado de resíduos orgânicos gordurosos e óleos vegetais é um grande desafio global. Esses materiais frequentemente acabam em aterros sanitários ou na rede de esgoto, causando impactos ambientais negativos.
Há vários estudos sobre a dependência de combustíveis fósseis e sua relação com o aceleramento do aquecimento global e com a degradação do meio ambiente, enquanto a volatilidade do preço do diesel causa impactos econômicos, como:
- aumento dos custos operacionais,
- aumento nos preços dos bens e serviços,
- redução da competitividade das empresas,
- e impacto no mercado de trabalho.
Na imagem, o sócio fundador da BChem, Alex Brasil | Crédito: Divulgação BChem
Ampliação da capacidade produtiva
Nos próximos dois anos, a meta da BChem, segundo o sócio Fernando Andrade, é aumentar a capacidade produtiva para atender a demanda por biodiesel que é crescente no mercado nacional. “Estamos com uma usina (modelo B100) em testes em uma fazenda no Mato Grosso e pretendemos montar mais uma usina ainda neste ano. Já para os próximos dois anos, temos uma meta de vender dez usinas”, prevê.
Para isso, Andrade está mapeando potenciais investidores que compartilham com a visão de negócios sustentáveis para a captação de investimento com o objetivo de acelerar o crescimento e expandir as operações da BChem.
Dentre os principais impactos positivos do negócio, o sócio destaca:
- o atendimento às metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e indicadores de ESG;
- a criação de emprego e renda dentro da cadeia de produção e utilização de biodiesel;
- a promoção da renovabilidade promovida pela produção do biodiesel a partir de fontes renováveis, como óleos vegetais e gorduras animais;
- o ciclo de carbono fechado: quando os óleos vegetais são convertidos em biodiesel e queimados, o carbono é liberado novamente, fechando o ciclo de carbono;
- a redução de 80% em média das emissões de gases de efeito estufa.
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