Startup mineira incentiva o empoderamento feminino

Produtos pensados e desenvolvidos de mulher para mulher. Embora a frase lembre o slogan de uma famosa rede de lojas de departamento nacional, é ela também que hoje conduz e inspira a carreira da empreendedora mineira Marina Ratton.
Fundadora da Feel e CEO da Feel e Lilit, a jovem especialista em marketing, com foco na experiência do cliente e inovação, de apenas 37 anos, é natural de São Gonçalo de Sapucaí, no Sul do Estado. Graduada em Design de Moda e pós-graduada em Comunicação e Multimídia pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, também é formada em Gestão da Experiência do Consumidor pela Escola Superior de Propaganda e Marketing e MBA pela Fundação Armando Álvares Penteado e passou por importantes marcas e empresas de diferentes segmentos até se encontrar.
Editora Abril, Bodytech e Fagron Tech estão entre suas experiências. Mas faltava algo que a permitisse exercer o que lhe instigava e movia. Especialmente no que se refere a cuidados e bem-estar femininos, seja pela prestação de serviços e lifestyle ou desenvolvimento de produtos que, historicamente, são pensados e desenvolvidos por homens em empresas cujo corpo diretivo e até mesmo os conselhos são igualmente, na maioria das vezes, masculinos.
“Não é militância, o gênero importa no resultado do produto final. Há anos trabalho com produtos e serviços com alguma relação com saúde e bem-estar e ainda muito pouco é pensado da forma correta para o público feminino, porque as soluções são pensadas, desenvolvidas e financiadas majoritariamente por homens”, diz.
E foi essa inquietude que a levou a empreender. Antes, porém, ainda adolescente, naquela fase da vida em que teve que escolher a profissão que seguiria, a dúvida já pairava sobre Marina Ratton.
“Não tinha algo que eu tivesse o sonho de seguir. Iniciei na faculdade de moda, fui para a publicidade e cheguei à tecnologia. Tudo isso muito antes de empreender. Mas também sou filha de empreendedores e isso já estava, de certa maneira, inserido na minha rotina. Certo é que, ao longo da vida, fui percebendo algumas restrições que homens não têm. Isso sempre me sensibilizou, por mais que eu não soubesse nomear”, explica.
A criação da Feel
Foi então que em 2020 ela decidiu algo para tentar mudar essa realidade e criou a Feel. Uma femtech que desenvolve produtos naturais e veganos para o mercado de sexual wellness.
Nova no mercado e com uma proposta diferente, a Feel teve a seu favor o impulso trazido pela pandemia de valorização do bem-estar que envolve, porque não, a sexualidade. Mesmo que esta seja, segundo especialistas, a última fronteira do bem-estar, já que neste contexto, são prioridades os cuidados com o corpo, a alimentação e até a mente, por exemplo.
“E é a isso que a Feel se propõe. Um cuidado com o bem-estar íntimo e sexual da mulher, feito por outras mulheres. Durante minha trajetória profissional entendi que questões da saúde feminina, como endometriose, dores durante a relação sexual, menopausa não eram tratadas da maneira devida e com uma comunicação adequada ao que a mulher vive. Sempre por tudo estar muito relacionado ao homem”, justifica.
Mais recentemente a Feel uniu esforços com a Lilit, uma marca de intimidade feminina que também desenvolve seus produtos pelas mulheres, com base em pesquisas e testes com usuárias reais. E, apesar do pouco tempo de mercado, as marcas já despontam como nomes de peso no universo das femtechs brasileiras, que atuam nesse novo mercado de bem-estar sexual da mulher.
Em menos de um ano, ambas acompanharam um crescimento de mais de 200% no número de mulheres, dos mais diferentes perfis, que integram sua comunidade e um aumento de 20% nas vendas mensais.
E embora Marina Ratton comemore o pioneirismo da liderança feminina no segmento, a jovem empreendedora entende os desafios ainda impostos. Mas diz acreditar na criação de um círculo virtuoso. Neste sentido, ela cita que em 2021 a Feel passou por sua primeira rodada de investimentos, através da plataforma de equity crowdfunding, na qual obteve um índice histórico de 84% do financiamento liderado por investidoras mulheres do Sororitê, além de fazer parte da primeira turma de aceleração da Boticário, a GB Ventures.
“Talvez eu seja a primeira geração de mulheres brasileiras vendo outras mulheres em cargos de liderança no País. Em um contexto com mais diversidade da ponta da pirâmide até a base, de forma a impactar no produto e no consumidor final. É neste ponto que se começa a criar um círculo virtuoso de mulheres investindo em mulheres e pensando em mulheres, não por filantropia, mas por conhecerem suas necessidades e apostarem em seus potenciais”, conclui.
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