Empresas de tecnologia se unem para auxiliar os trabalhos de busca

Um verdadeiro mutirão de empreendedores do setor de tecnologia no Brasil se formou nos últimos dias para disponibilizar soluções inovadoras para auxiliar nos trabalhos em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), após tragédia causada pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, da Vale. Mais de 300 startups responderam à convocação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e se apresentaram como voluntárias para atender a diferentes demandas na região. Ontem, o presidente da ABDI, Guto Ferreira, chegou à Capital para conversar com atores do ecossistema de inovação e firmar parcerias que ajudem no curto e longo prazos.
O presidente da ABDI explica que o chamamento de empresas e startups que podem ajudar com soluções tecnológicas aconteceu no último sábado e, em poucas horas, ele teve mais de mil compartilhamentos. A convocação é para empresas que possuam tecnologias úteis aos trabalhos em Brumadinho, seja para localização das vítimas, coleta de dados, análise da qualidade da água e até recuperação dos danos ambientais. “Calculamos mais de 300 startups que demonstraram interesse em ajudar. Todas elas estão sendo encaminhadas para a Vale e para a Open Inovation BR, que é um fórum de discussão dos diretores de inovação das maiores empresas do Brasil”, afirma.
Segundo Ferreira, entre as startups que se apresentaram à ABDI há diversas mineiras e, pelo menos, 18 que atuam diretamente no segmento de mineração. Justamente por isso o presidente decidiu vir pessoalmente ao Estado para articular parcerias que auxiliem no problema de Brumadinho, mas também na prevenção das demais barragens existentes no Estado. Na tarde de ontem, Ferreira esteve na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e no Impact Hub. Hoje, o presidente se reunirá com representantes do gabinete de crise do governo do Estado e com a Vale. A agenda de Ferreira ainda inclui um encontro com a comunidade de startups San Pedro Valley.
“Nós somos muito agradecidos a Israel pela ajuda enviada, mas é importante destacar que não podemos ficar dependentes disso. O Brasil tem soluções com a mesma qualidade e até melhores que as encontradas no exterior. Apostar nas startups e convocá-las nessas ocasiões devia ser uma cultura das mineradoras”, afirma. O presidente também cobra do governo do Estado e da Vale uma ação mais efetiva de articulação. “Algumas startups mineiras foram até Brumadinho e tiveram que voltar porque a ação não foi articulada. O governo de Minas e Vale precisam coordenar isso para aproveitar o que essas empresas estão oferecendo”, frisa.
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Entre as startups mineiras que se apresentaram para auxiliar os trabalhos em Brumadinho está a Forsee, que fica em Betim, na RMBH. O CEO, Márcio Mariano Júnior, afirma que está atuando na coleta e atualização de dados sobre o trabalho de resgate das vítimas e sobre pontos de referência na região. As informações são importantes para o trabalho de outras startups, como a curitibana BirminD, que está desenvolvendo um aplicativo que localiza as pessoas por meio de um algorítimo que leva em consideração o fluxo de rejeitos e o último sinal de GPS dos celulares das vítimas.
O empreendedor que também é consultor do laboratório de análises químicas Vanadium ainda pretende ajudar com a análise química da água. “Nossa intenção é analisar a água do rio Paraopeba e disponibilizar os relatórios para órgãos do governo e ONGs que atuam no segmento”, afirma. Outros exemplos de startups que estão ajudando no mutirão são a paulista O2eco, que oferece uma solução para a limpeza da água a partir de uma placa de cera com nanomateriais, e a brasiliense Nong, que está auxiliando com o serviço de monitoramento por drones.
Apoio do setor industrial – Além de articular esforços emergenciais para auxiliar nos trabalhos em Brumadinho, o presidente da ABDI, Guto Ferreira, aproveitou sua visita a Minas Gerais para firmar parcerias que repercutam no longo prazo. Nesse sentido, Ferreira buscou a Fiemg como uma instituição referência no apoio a empresas inovadoras na área industrial. O superintendente do Instituto Euvaldo Lodi e de Ambiente de Negócios da Fiemg, Gustavo Macena, recebeu o presidente da ABDI e garantiu que a Fiemg estará presente nos esforços por melhorias no ambiente da mineração.
“Temos o programa de apoio a startups Fiemg Lab que apoia startups com soluções para a indústria. O edital será lançado no próximo mês e, agora, vamos acrescentar uma vertente para seleção de empresas na área de mineração. Sabemos que em situações emergenciais como essa do rompimento da barragem, a indústria precisa de soluções rápidas e quem oferece isso de forma eficiente são as startups”, afirma.
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