Startups sediadas em MG criam soluções inteligentes para reduzir o aquecimento global
A COP26 – Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021, realizada em Glasgow, na Escócia, traz dados alarmantes sobre o impacto das atividades humanas para o meio ambiente e para a sobrevivência da humanidade. A temperatura média do planeta subiu 1,1 grau desde a segunda metade do século 19 e pode chegar a 1,5 grau nos próximos 20 anos se as medidas de proteção ambiental não forem aceleradas.
Neste ano já foram observados eventos climáticos extremos como incêndios, inundações, secas e ondas de calor em todo o globo. A mudança climática pode levar mais de 100 milhões de pessoas à pobreza até 2030 e deslocar 216 milhões de pessoas de suas terras até 2050.
No setor privado, empresas brasileiras como BeGreen, Metha Energia e Orchestra Innovation Center mostram que é possível trabalhar em consonância com as metas da COP26. Em 2020, 96% das empresas com maior receita do mundo, conhecidas como G250, divulgaram relatórios de sustentabilidade que, porém, não vêm acompanhados por uma melhoria real das práticas relativas ao meio ambiente. Cooperar para a redução do aquecimento global é urgente se quisermos evitar que as previsões da ONU se tornem realidade.
A cada ano são gastos, em média, US$ 423 bilhões em fundos públicos em todo o mundo para subsidiar o uso de combustíveis fósseis, que liberam gases de efeito estufa. Enquanto a COP26 debate sobre o corte de financiamento de projetos de combustíveis fósseis, a BeGreen, maior rede de fazendas urbanas da América Latina, apresenta uma solução inteligente para o abastecimento de grandes cidades. Produzindo alimentos dentro de centros urbanos como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Osasco e Campinas, a empresa reduz distâncias até a mesa do consumidor e, consequentemente, elimina a emissão de carbono causada pelos caminhões que circulam para transporte. Além disso, esse modelo evita o desperdício comumente gerado na logística e distribuição, com apenas 1% de perda de alimentos.
A BeGreen também utiliza a cultura hidropônica, que reduz o gasto de água em 90%. Em média, uma hortaliça produzida de forma convencional gasta 60 litros d’água, enquanto na produção hidropônica, a mesma hortaliça gasta apenas 6 litros d’água até ser colhida. “A BeGreen está na vanguarda da tecnologia aplicada à produção no Brasil e vai viabilizar a implantação de fazendas urbanas em espaços antes inimaginados”, afirma o CEO da BeGreen, Giuliano Bittencourt.
O uso de energia renovável é outro ponto chave em debate na COP26. Em Minas Gerais, a Metha Energia, startup de geração distribuída, já é uma solução para 320 municípios, conectando produtores de energia limpa ao consumidor final, que ganha um desconto de até 15% na conta de luz. Em três anos, a empresa abriu 27 usinas de biogás e mudou o consumo de energia de 75 mil casas sem gasto adicional para as famílias. Apenas em 2021, a Metha Energia já evitou a emissão de 500 toneladas de CO2 na atmosfera, e o próximo passo é expandir seu serviço pelo Sudeste e pelo Nordeste.
“Cada pessoa tem a capacidade de evitar, por ano, a emissão de 0,1 tonelada de gás carbônico, ou seja, 100 kg. Queremos mudar a forma com que o brasileiro se relaciona com o consumo de energia. Em vários países, a distribuição descentralizada de energia é de conhecimento geral e amplamente utilizada. Mas aqui esse modelo ainda causa estranhamento, as pessoas não têm conhecimento sobre o sistema elétrico e pelo que exatamente pagam. Oferecendo essas informações de forma simples, estamos transformando as pessoas em protagonistas do próprio consumo”, declara o cofundador e CEO da Metha Energia, Victor Soares.
Atualmente, o Brasil é o quinto maior emissor de gases de efeito estufa do planeta, ficando atrás apenas da China, EUA, Rússia e Índia. O Orchestra Innovation Center, aceleradora especializada em agrifood techs que tem o propósito de revolucionar o agronegócio, já está preparada para investir em startups que contribuam para o meio ambiente e, consequentemente, com o cumprimento da meta da COP26 de cortar as emissões de metano em 30% e reverter o desmatamento até 2030. Em 2021, a aceleradora criou o Orchestra Ventures, um fundo de venture capital que captou R$ 6 milhões para investir em agrifood techs que proponham soluções globais a serem implantadas em Rio Verde (Goiás), uma das capitais brasileiras do agronegócio.
“Fomentamos toda a cadeia do agronegócio. Oferecemos os instrumentos necessários e criamos parcerias para que startups, agricultores, corporações do país e do exterior e especialistas em inteligência agronômica trabalhem com as melhores tecnologias do mundo para o setor”, explica a fundadora e CEO do Orchestra Innovation Center, Nathália Secco.
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