Stock Car: UFMG questiona impacto de R$ 1 bi em BH e aciona Ministério Público

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) questionou alguns valores apresentados pelos organizadores do BH Stock Festival. A instituição de ensino também entrou com recursos nos ministérios públicos estadual e federal para impedir a realização da corrida nas proximidades do campus Pampulha, devido aos impactos gerados pelo evento nas atividades acadêmicas.
A UFMG aponta para algumas diferenças entre os valores divulgados e os dados obtidos pelo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Ipead). Enquanto os responsáveis pelo evento dizem que haverá um impacto de aproximadamente R$ 1 bilhão na economia da Capital pelos próximos cinco anos, o levantamento estimou um acréscimo de R$ 170 milhões para este ano em Minas Gerais, sendo R$ 108 milhões em Belo Horizonte.
A instituição também destaca outra discrepância em relação à arrecadação de impostos. O Ipead espera que a Stock Car gere R$ 12 milhões em tributos para o Estado, enquanto os organizadores do BH Stock Festival afirmam que a corrida pode gerar cerca de R$ 20 milhões em impostos para a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por etapa.
“Curiosamente, o montante de ‘R$ 20 milhões’ remete a outro dado: o valor que a Prefeitura de Belo Horizonte estima gastar com as intervenções urbanas que vão possibilitar que a corrida seja realizada”, aponta a UFMG.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
O estudo do Ipead ainda prevê que o público de 100 mil pessoas, estimado pelos próprios organizadores, deve gastar cerca de R$ 87 milhões na capital mineira. Para cada R$ 1 gasto no contexto do evento, R$ 7,10 devem ser desembolsados fora dele, em transações relacionadas aos setores de transporte, hospedagem e alimentação.
Quanto aos empregos, a estimativa do instituto de pesquisa era de 1.420 vagas de trabalho geradas em Minas, sendo 881 na Capital e 539 nos demais municípios mineiros.
Para a realização do estudo, foram utilizadas as estimativas de custos e de receitas apresentadas pelos próprios investidores. As estimativas de gastos do público, fora do espaço oficial do evento, foram desenvolvidas com base em experiências com eventos semelhantes. Já as projeções e simulações de impactos foram realizadas utilizando uma metodologia própria do Ipead.

Representação contra Stock Car na Pampulha
Em um ofício enviado ao procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior, e ao procurador da República, Carlos Bruno Ferreira da Silva, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida aponta que a universidade não foi notificada formalmente sobre as datas da realização do evento e da programação de providências para bloqueio do seu entorno.
Ela ainda alega uma falta de diálogo amplo entre os organizadores e o poder público municipal com a UFMG e demais membros da comunidade universitária antes da decisão. “A Universidade tomou conhecimento dos acordos pactuados para a realização do evento por meio da mídia”, relata.
Dentre os possíveis impactos com a corrida na região estão:
- a área hospitalar, onde está localizado o Hospital Veterinário;
- os biotérios de criação de animais;
- a Estação Ecológica e o Centro Esportivo Universitário;
- além de todas as atividades de ensino, pesquisa e extensão da universidade.
Essas unidades estão localizadas próximas ao estádio Mineirão e na região escolhida para receber o evento esportivo. “Não é exagero dizer que a corrida Stock Car passará no meio da UFMG, uma cidade universitária firmemente fixada em Belo Horizonte”, reitera o documento.
A reitora da UFMG ainda destaca que, para a realização dos trabalhos de preparação para o Grande Prêmio de Belo Horizonte, será necessário o bloqueio de algumas vias de acesso ao campus, devido ao corte de árvores no local.
“A interrupção do trânsito sem qualquer aviso prévio a esta universidade prejudicou o ingresso dos alunos, professores e servidores em suas dependências. Nesta semana, 5,7 mil novos estudantes ingressam na UFMG, além dos alunos regulares, perfazendo uma comunidade de 60 mil pessoas”, afirma.
No documento ela solicita que ambas as instâncias adotem medidas de apuração e combate a esses problemas, que, segundo Sandra Regina Goulart Almeida, poderão implicar sérios prejuízos ao meio ambiente, às pessoas e aos animais da região, além da própria instituição de ensino.
Veja, a seguir, o vídeo de um pesquisador da UFMG com as críticas apontadas pela comunidade acadêmica:
Ouça a rádio de Minas