Negócios

Táxi aéreo no Brasil pode ser impulsionado por novas tecnologias

País aparece em último em ranking global da KPMG
Táxi aéreo no Brasil pode ser impulsionado por novas tecnologias
Crédito: Pixabay

Considerado um serviço de luxo e até dono de um certo glamour, o táxi aéreo também faz parte do sistema de mobilidade entre cidades e dentro delas. Acompanhando preocupações e tendências de outros modais, o segmento trabalha para um futuro que contempla novas tecnologias, modernização da legislação, eletrificação, compartilhamento, novas atividades profissionais e apresenta um universo de oportunidades de investimento em um novíssimo mercado onde quase tudo está por ser feito.

A pesquisa “Aviação 2030: Índice de Prontidão do Táxi Aéreo”, realizada pela KPMG, revela que o Brasil está atrasado nessa corrida e coloca o País em último lugar em um ranking de 25 nações. No estudo, a consultoria considera critérios de aceitação do consumidor, infraestrutura, política e legislação, tecnologia e inovação. A nota do Brasil ficou em 8,78, em um total de 30 pontos possíveis. A liderança ficou com os Estados Unidos (nota 26,11), seguidos de Singapura (21,88), Holanda (21,78), Reino Unido (20,41), Austrália (20,13) e China (20,00).

De acordo com o sócio-líder de Aviação da KPMG no Brasil, Márcio Peppe, o “Índice de Prontidão do Táxi Aéreo”, ajuda a medir o nível de preparação para a próxima geração de Veículos de Decolagem e Aterragem Vertical (VTOLs) em 25 territórios. Ele permite comparações entre os níveis de preparação dos territórios. A publicação é destinada a organismos públicos e privados que querem compreender os benefícios desta tecnologia, e a adequação de diferentes geografias para projetos e investimentos relevantes.

“Para quem está nas grandes cidades, o táxi-aéreo remete a algo de luxo e muito caro. Mas quando a gente vai para os rincões do Brasil, muitas vezes, ele é a única ponte de ligação com um polo regional. Quando a gente fala das fronteiras agrícolas, por exemplo, elas são mal assistidas pelas companhias aéreas porque falta infraestrutura e volume para sustentar a operação. O táxi-aéreo entra nessa brecha de mercado”, explica Peppe.

A pesquisa destacou ainda que o mercado global de táxis aéreos deverá crescer nas próximas décadas à medida que as cidades congestionadas procurarem novas formas de reduzir os tempos de viagem e os usuários aceitarem mais os voos pilotados e automatizados. O setor está passando também por uma evolução crescente de startups e investidores, repleta de demonstrações futuristas, com operadores querendo comercializar as suas primeiras propostas nos próximos três anos.

Peppe destaca o potencial do Brasil para o segmento de VTOL | Crédito: Divulgação / KPMG

Futuro promissor

Em que pese o Brasil ter ficado entre os últimos cinco colocados em todos os itens avaliados, o especialista tem uma visão positiva de futuro se investimentos forem feitos em tecnologia, infraestrutura e gestão, incluindo nisso a modernização da legislação. O relatório aponta oportunidades para companhias aéreas, aeroportos, operadores e parceiros da cadeia de fornecimento.

“Alguns mercados tentadores, como Índia ou Brasil, provavelmente exigirão uma perspectiva de retorno de longo prazo. Os investidores devem analisar cuidadosamente e de forma abrangente a prontidão dos mercados-alvo, não apenas o tamanho. Prevê-se que um novo grupo de locadores somente VTOL seja atraído para este mercado em crescimento – uma mistura de capital privado e submarcas institucionais. A questão é se os locadores existentes querem ou não fazer parte da cadeia de valor do táxi aéreo, com uma base de clientes que abrange gigantes da tecnologia, marcas automotivas reimaginadas, empresas de transporte e governo local. A exposição aos táxis aéreos como uma classe de ativos não apenas defende os arrendadores da aviação tradicional da canibalização a longo prazo de aeronaves regionais. Com um tamanho de veículo muito mais compatível com as limitações da tecnologia de bateria, os VTOLs elétricos oferecem uma oportunidade para os arrendadores ‘verdes’ monetizarem uma mudança para a sustentabilidade em vez de vê-la apenas como custo e gerenciamento de riscos”, diz o documento.

“O bom de tudo isso é que o negócio é novo. Quem investir, vai criar algo novo: equipamento, energia, baterias, infraestrutura, sistema de controle, formação de condutores e pessoal de manutenção. Essa onda de investimento vai ser surfada por pessoas diferentes em tempos diferentes. O Brasil tem um grande potencial para esse mercado. Temos, por exemplo, uma matriz energética que vem se diversificando, ponto positivo para a eletrificação dos VTOLs. Mas existe tecnologia para recarga rápida? Hoje já sofremos com a falta de pontos para decolagem e aterragem. A legislação permite que usemos os prédios que já existem? Eles suportariam a carga? Esses investimentos seriam públicos ou privados? Poderiam ser feitos em parceria? Tudo isso está por ser resolvido e abre incontáveis oportunidades de negócios”, completa o sócio-líder de Aviação da KPMG no Brasil.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas