Tempo de resposta do 5G pode mudar a realidade da indústria nacional

Ativada em Belo Horizonte no dia 29 de julho, a tecnologia 5G promete não só conexões mais estáveis e rápidas. Para o setor industrial seria um “ponto de virada”, permitindo efetivamente que equipamentos conversem com os seres humanos e entre si, elevando os níveis de automação e a consequente economia de custos a patamares ainda não experimentados.
Realizado no auditório da Escola Superior Dom Helder Câmara, no bairro Santa Efigênia (região Leste), no dia 12, o evento “Impactos do 5G: Indústria e Inovação” debateu como a indústria brasileira pode se apropriar da nova tecnologia. O objetivo era destrinchar a influência e atuação da nova tecnologia nos cenários de indústria e inovação do País, além de entrelaçar o relacionamento de players do setor.
A tecnologia 5G é a nova geração de internet móvel, que proporciona mais velocidade para baixar e enviar arquivos, interconexão entre diversos dispositivos, redução do tempo de resposta entre os mesmos e conexões mais estáveis. O 5G pode chegar a uma velocidade entre 1 e 10 Gbps, 100 vezes ou mais em relação ao seu antecessor, o 4G.
Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a expectativa é de que, no Estado, as cidades com mais de 500 mil habitantes, como Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH); Juiz de Fora, na Zona da Mata; e Uberlândia, no Triângulo Mineiro, o 5G chegue a partir de 1º de janeiro de 2023.
O encontro foi mediado pelo membro do Conselho Consultivo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), presidente do Conselho de Tecnologia e Inovação da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e presidente do Sindicato da Indústria de Software e da Tecnologia da Informação do Estado de Minas Gerais (Sindinfor), Fábio Veras.
O evento foi composto por três painéis: “Impactos do 5G na Indústria e na economia Nacional”, que contou com a participação do presidente do Conselho Diretor da Anatel, Carlos Baigorri, e pelo diretor do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), Carlos Nazareth. O tema “Impactos do 5G para a Mineração e Sustentabilidade” foi conduzido pelo diretor de Segurança Cibernética e Soluções da Huawei, Marcelo Motta, e o presidente do Sindicato das Indústrias Extrativas de Minas Gerais (Sindextra), Luiz Márcio Viana. E o terceiro e último painel “Licença Privada 5G”, reuniu o diretor de Relações Institucionais e Marketing da WEG, Daniel Godinho, e o diretor de Tecnologia da América Latina e Brasil da Nokia, Wilson Cardoso.
“O 5G não é apenas um 4G mais rápido. A redução da latência (tempo de resposta) pode mudar a realidade da indústria nacional. O Brasil será o maior território – excetuando a China – a ter o 5G AS (standalone) – versão completa da quinta geração de conexão móvel – instalada. Por isso aqui é o lugar ideal para o desenvolvimento de novas aplicações”, explicou Baigorri.
Também presente no evento, o presidente do Conselho de Infraestrutura da Fiemg, Emir Cadar Filho, avaliou a importância da nova tecnologia para os setores de construção e infraestrutura.
“O setor de infraestrutura é carente de inovação tecnológica. O 5G vem para sanar essa lacuna. O setor aguarda as soluções que virão a partir da precisão que o 5G promete”, pontuou.
Em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, o Inatel desenvolve pesquisas capazes de colocar o Brasil na vanguarda das tecnologias de conexão. Em dezembro de 2019, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) assinou um convênio de R$ 1,5 milhão para custear os primeiros passos da pesquisa sobre cenário pós-5G e os trabalhos tiveram início em fevereiro do ano seguinte.
Se o 5G permite que o mundo entre definitivamente na era da “internet das coisas”, o 6G pode romper a barreira da biologia e nos levar para um novo patamar de conexão entre as coisas, as pessoas e a natureza. Será a era da hiperconectividade através de nanobiossensores.
“O Brasil nunca entrou tão rapidamente em uma tecnologia como agora. Sempre fomos um observador tecnológico e agora somos um laboratório. Devemos estar atentos e organizados para não deixar essa oportunidade passar, para isso precisamos de políticas públicas capazes de fomentar o desenvolvimento de soluções de acordo com a demanda da indústria”, afirmou Nazareth.
Para garantir que as oportunidades sejam aproveitadas, porém, um fator preocupa todos os elos da cadeia produtiva: a falta de mão de obra qualificada para a indústria. De acordo com relatório da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), divulgado no ano passado, a área de Tecnologia da Informação (TI) demandará cerca de 420 mil profissionais até 2024.
Anualmente, o Brasil capacita 46 mil pessoas com perfil tecnológico aptas à área de TI. No entanto, a projeção da Brasscom aponta que serão necessários cerca de 70 mil profissionais ao ano para que as vagas sejam completamente ocupadas.
“O desafio do RH é muito grande, mas podemos fazer dessa dificuldade uma oportunidade porque temos o 5G mais avançado no Brasil, portanto podemos oferecer a melhor formação do mundo se nos organizarmos para isso”, destacou Motta.
E para o organizador do evento, a sessão foi de grande aprendizado para a indústria mineira. A primeira lição é que o 5G tem um impacto em toda a sociedade e novas aplicações que vão ser desenvolvidas, gerando novos modelos de negócios e novas empresas.
“A segunda lição é o aumento da competitividade e produtividade a partir do aumento da eficiência e a consequente redução de cursos. O capital excedente que vai ser aplicado em outros lugares como melhoria de qualidade do processo produtivo. Então a gente está falando de dinheiro novo. As redes privadas permitirão que as grandes empresas atuem em lugares remotos, espalhando sucessivamente camadas de inovação. Esse é um evento sinapse, que quer gerar em insights e percepções sobre essas novas oportunidades para um lugar melhor para Minas Gerais e para o Brasil”, completou Veras.
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