Carnaval de Belo Horizonte pode gerar 100% de ocupação hoteleira
Cerca de 200 mil foliões do interior de Minas Gerais e de outras capitais estão de “malas prontas” para participar do Carnaval de Belo Horizonte, que deve superar, inclusive, a última festa pré-pandemia, em 2020. A cidade é o terceiro destino mais disputado do Brasil para a data, contando já com a expectativa de atingir os 100% de ocupação máxima na rede hoteleira da Capital. Os dados são do Sindicato de Hotéis (SindHotéis).
A intensa procura, que ultrapassa os 300% nas principais redes de hotelaria da Capital, é um fenômeno nunca registrado nos estabelecimentos, nem antes mesmo da pandemia. A cidade, que espera a maior festa da história municipal, com 5 milhões de foliões entre os dias 17 e 21 de fevereiro, tem deixado o setor bem otimista.
“O nosso setor está muito otimista com a expectativa de ocupação máxima em hotéis, bares e restaurantes. Isso ocorre porque estamos vindo de dois anos sem a realização do evento na cidade, e as pessoas têm “sede” de viver a experiência do Carnaval de Belo Horizonte”, conforme observa o presidente do sindicato, Paulo César Marcondes Pedrosa, que também é presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de BH e Região Metropolitana (SindiHBaRes).
De acordo com as duas entidades, dos 200 mil turistas esperados, a maioria são de municípios do interior mineiro e de outras capitais como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife, destinos que há anos ostentam carnavais internacionalmente conhecidos. “A expectativa, por primeiro, é lotar os hotéis econômicos, que contam com diárias de até R$ 200. Depois vamos partir para a lotação dos hotéis de três a cinco estrelas com diárias superiores a R$ 400 ”, explica Pedrosa.
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Amplo crescimento
A expectativa dos estabelecimentos tanto de hospedagem quanto de alimentação é de gerar 5 mil empregos na Capital não somente para o Carnaval, mas para todo o restante do ano. “O Carnaval está abrindo uma agenda de eventos em amplo crescimento na cidade, que já não comporta mais espaço para 2023. Para se ter uma ideia, o Expominas não tem mais agenda, o Palácio das Artes idem, a Serraria Souza Pinto também não tem datas livres. E, todo esse esse cenário que vamos acompanhar tem como destaque os turismos de esporte, negócios e religioso”, avalia o presidente.
Capacitação
Na mesma medida em que há uma grande oferta de empregos, a cidade, que conta com aproximadamente 200 empreendimentos hoteleiros, a falta de mão de obra especializada tem sido uma questão preocupante para atender o público previsto para a folia.
“Nós estamos enfrentando esse problema que é sério. Isso é uma coisa absurda de termos o setor com falta de mão de obra. Essa também é uma realidade enfrentada não somente aqui em Belo Horizonte, mas nas cidades também da região metropolitana, e na esfera estadual. Dessa forma, nós esperamos até o final deste ano treinar e qualificar novos profissionais para serem especializados no setor de hotelaria, e de bares e restaurantes. Inclusive fechamos uma parceria com o Senac para fazermos esses treinamentos a fim de atender essa nossa necessidade. E são necessidades que vão de recepcionista às camareiras, de cozinheiros aos cargos de gerentes de estabelecimentos”, adianta o presidente do SindHotéis e do SindiHBaRes.
Carência de patrocinador
Na tentativa de viabilizar recursos para a realização do Carnaval de Belo Horizonte, um problema que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) tem enfrentado é a falta de apoio da iniciativa privada. Até o presente momento, já foram publicados dois editais com o intuito de fechar um patrocinador oficial.
Vídeo: PBH enfrenta falta de apoio da iniciativa privada
Em nota, a Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) declarou que “não está medindo esforços na busca de possíveis patrocinadores para o Carnaval de Belo Horizonte 2023”. No entanto, não há um prazo estipulado para concluir as negociações com empresas. Paulo César Pedrosa critica a tomada de decisão do poder municipal em querer buscar um patrocínio master de cervejarias, enquanto a cidade é polo da indústria cervejeira artesanal.
“Acho que a prefeitura está atrasando muito no repasse dos pagamentos para os blocos e escolas de samba, ou seja, todo o setor de Carnaval de rua. Afinal, nós estamos a pouco mais de um mês para o Carnaval e essas liberações de verbas ainda não foram feitas. Ela está esperando o patrocínio master e não veio. Então, é hora das cervejarias artesanais colocarem os seus produtos no Carnaval de Belo Horizonte. O Estado de Minas Gerais é um importante fabricante de cerveja artesanal. Esse é o momento para isso acontecer”, declara.
Otimismo
De olho nos hóspedes que se preparam para aproveitar a festa em Belo Horizonte, a rede Novotel Hotels e Ibis Budget já possui mais de 200 quartos reservados para o período, conforme conta o gerente-geral, Rodrigo Mangerotti.
“Nós temos uma procura muito grande já para o período do Carnaval, e atualmente estamos com aproximadamente 50% do hotel já ocupado, mas o folião deixa muito para procurar por quartos em última hora, Como a expectativa é de termos muitos turistas do Estado, essas reservas acontecem mais próximas do período. Certamente é um alento depois destes dois anos de pandemia”, afirma.
Projeto do governo prevê aporte de R$ 5,6 mi
Com o objetivo de incentivar blocos caricatos, escolas de samba, grupos carnavalescos e festas tradicionais nos municípios mineiros, o governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) lançou o programa Carnaval da Liberdade. A iniciativa intersetorial é desenvolvida em quatro eixos: estruturação, fomento, ações culturais e promoção. O investimento deve superar os R$ 5,6 milhões e conta com o patrocínio da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Ambev, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura.
Os recursos devem ser utilizados em projetos ligados à temática de cultura carnavalesca, como apresentações musicais, teatrais, dança, artes visuais e audiovisuais, além de festas populares ou outras manifestações culturais. Tradicionais blocos caricatos, escolas de samba e agremiações também poderão concorrer para que possam custear suas atividades. O projeto vai contemplar iniciativas carnavalescas de Belo Horizonte e do interior do Estado.
Para o presidente da Associação Comercial de Minas (ACMinas), José Anchieta da Silva, o programa é importante para o setor produtivo, depois de dois anos sem a “festa do Momo”. Ele afirma que as ações que incentivem o Carnaval acabam movimentando diversos setores, como comércio, bares, restaurantes, bebidas, hotéis e toda a cadeia do turismo. “O Carnaval de Belo Horizonte evoluiu muito nos últimos anos. Hoje, a capital tem uma festa própria, única”, avalia.
O presidente da Federação dos Circuitos Turísticos de Minas Gerais (Fecitur), Marcus Vinicius Januário, afirma que o programa é uma forma de resgatar os bons eventos no Estado e impactar positivamente a economia. “Com 853 municípios, o turista encontra de tudo em Minas, desde um Carnaval grandioso como em Belo Horizonte, até uma festa menor com blocos, marchinhas, um Carnaval mais intimista no interior. As pessoas podem aproveitar a festa, conhecer mais dos pontos turísticos e a culinária local”, diz.
O slogan do programa é: “A liberdade mora em Minas e o Carnaval também”. A iniciativa pretende fomentar a festa em 2023, depois dos dois anos de pandemia, e conta com a participação de diversas frentes do governo mineiro, bem como parceiros como a Federação dos Circuitos Turísticos de Minas Gerais (Fecitur), Associação das Cidades Históricas, Associação Mineira de Municípios (AMM), Associação Brasileira de Bares e Restraurantes (Abrasel), Centro de Referência do Queijo e Rede de Gestores de Cultura e Turismo de Minas Gerais.
Assim como o Natal da Mineiridade, o Carnaval da Liberdade propõe a integração dos eventos de Carnaval da Capital com aqueles dos municípios mineiros. A ideia é ampliar a oferta de atrações para os visitantes que poderão escolher dentre os destinos aquele que considerar mais atraente. O primeiro Carnaval do ‘pós-pandemia’ terá programa que contempla editais de fomento a iniciativas populares, além de programação organizada pela Fundação Clóvis Salgado e parceiros.
Um portfólio com a programação no Estado, a partir das informações encaminhadas pelos municípios, estará disponível no site visiteminasgerais.com.br. O primeiro Carnaval do ‘pós-pandemia’ terá programa que contempla editais de fomento a iniciativas populares, além de programação organizada pela Fundação Clóvis Salgado e parceiros.
Como participar
O edital “Carnaval da Liberdade – Cemig 70 Anos” vai investir R$ 3 milhões. As inscrições começaram ontem e terminam no dia 21 de janeiro. Podem participar da seleção proponentes apenas empreendedores pessoa física e/ou jurídica, com ou sem fins lucrativos, que tenham projetos devidamente inscritos na Lei Estadual de Incentivo à Cultura (Leic), aprovados na Comissão Paritária Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (Copefic) de janeiro e autorizados para captação no exercício de 2023. É necessário informar no formulário de inscrição o código do protocolo do projeto inscrito. Já por meio do patrocínio da Ambev serão direcionados mais R$ 2,6 milhões também via Leic. (Juliana Gontijo)
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