Traduzindo a qualidade de nossas relações em sucesso
Vivemos, nos últimos dois anos, mais transformações que passamos na década anterior. Ninguém ficou imune ao impacto da Covid-19. Ressignificamos nossa forma de nos relacionar, de demonstrar afeto e, principalmente, de olhar o outro. Tivemos que repensar atitudes, reconstruir premissas e ampliar a resiliência e a empatia.
No campo das organizações, os desafios foram os mesmos. O conceito de capitalismo focado somente na geração de valor para o acionista já não cabe mais.
A consultoria Accenture, junto à sua rede global de formadores de opinião, listou as cinco tendências mundiais para os próximos anos e percebemos que três delas falam sobre relacionamento.
Isso mostra que devemos reformular nosso pensamento, tanto de forma coletiva quanto individual, e construir relacionamentos positivos para criar uma nova dinâmica da vida, que seja bom para as pessoas, para os negócios e para o planeta.
Nesse cenário, nunca foi tão importante a atenção e, principalmente, o equilíbrio dos indicadores ESG (ambiental, social e governança). Uma empresa sustentável é aquela que vai além de práticas ambientalmente responsáveis e busca se alinhar com os pilares do Capitalismo Consciente, em que, a sustentabilidade das organizações passa a ser a qualidade que elas estabelecem com todos os seus públicos, onde o retorno para o acionista passa a ser consequência dessa atuação.
Em todo esse contexto, o papel do líder também assume um novo viés. Na era das relações, “o manda quem pode, obedece quem tem juízo” se torna tão arcaico, como quase irreconhecível. Um verdadeiro líder passa a ser aquele que consegue enxergar o outro para além do que é dito, adquirindo uma postura mais humanizada e empática.
O líder humanizado deve ser capaz de engajar os colaboradores para atingirem os resultados, despertando-os para a conexão dos seus propósitos com os da empresa, gerando, assim, uma boa experiência da pessoa dentro da organização.
Pode-se dizer que liderar nunca foi tão desafiador. Se os líderes são aqueles que devem guiar seus negócios, cabe a eles buscarem para além dos “skills tradicionais de liderança” novos conhecimentos de recursos humanos, habilidades de relacionamento e ainda ferramentas para trabalharem a sua inteligência emocional. Rand Stagen afirmou que “Um negócio é o reflexo de sua gente, mas as pessoas são reflexo de seus líderes. Por isso, se os líderes querem transformar seus negócios, eles precisam mudar e transformar a si mesmos”.
Aqui, vale uma autoanálise: muitas vezes, vale a pena sair da postura de defesa e começar a se perguntar que tipo de líder eu sou e qual tipo de liderança quero estabelecer. Se suas ações inspiram e guiam quem está com você, criam um ambiente de confiança, aberto ao diálogo, onde as pessoas estão conectadas com o propósito da empresa, você é um líder humanizado e está numa jornada de aprendizado contínuo!
Nesse sentido, proponho também outra reflexão. Se for analisar, hoje, qual seria o legado que você quer deixar para sua equipe? Como você quer ser lembrado? Nos meus mais de 30 anos acompanhando grandes líderes, percebo que todos são movidos pela paixão, focados em resultados, mas, principalmente em pessoas.
Para inspirar alguém, é necessário que eu acredite no que faço e esteja bem comigo mesmo. Todos trabalhando em conjunto, “tocados pela compaixão da dor” do outro, como dizia Churchill. Isto só nos faz acreditar mais ainda como as empresas humanizadas podem exercer uma força para promover o bem neste momento tão diverso e volátil.
De uma coisa você pode ter certeza: o resultado da empresa não será mais medido pelo resultado financeiro, lucro ou prejuízo que obtiver. Na verdade, o que realmente importa é a qualidade das relações que constituem com seus públicos.
No próximo dia 13, celebra-se o “Dia de Santo Antônio”, aquele que ajuda a quem quer encontrar o amor da sua vida ou resolver os conflitos com a pessoa amada. Tomados de fé e coragem, que todos os nossos casamentos sejam marcados pela certeza da demonstração inabalável de que precisamos cuidar de nós mesmos e das nossas relações. Ou seja, a maneira como cuidam de seus líderes, colaboradores (e suas famílias), clientes e acionistas é o que realmente a tornará única e sustentável. Esta é a essência do Capitalismo Consciente.
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