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Trela conecta produtores de orgânicos a consumidores

Startup mineira utiliza o WhatsApp como principal canal de vendas
Trela conecta produtores de orgânicos a consumidores
Nazareth: missão é proporcionar um comércio justo de alimentos | Crédito: Divulgação

Durante a pandemia, as medidas de distanciamento social e o fechamento de parte do comércio impuseram a fornecedores e consumidores a digitalização das relações comerciais. Já o preferido dos brasileiros entre os aplicativos de mensagens, o WhatsApp se transformou em um verdadeiro balcão onde é possível comercializar de tudo, inclusive alimentos frescos e orgânicos.

Foi com essa crença que surgiu, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a Trela, startup que liga produtores de alimentos de alta qualidade diretamente aos consumidores. São produtos orgânicos, com preço justo e que não são encontrados nos grandes mercados.

De acordo com o CEO da Trela, Guilherme Nazareth, ao perceber a urgência da transformação digital nas empresas brasileiras naquele período, ele quis participar do processo e voltou ao Brasil. Aqui, encontrou no mercado de alimentos a oportunidade que buscava para desenvolver um negócio que tivesse impacto social e também tivesse um grande campo de atuação.

“Eu queria participar disso e vi que o mercado de alimentos no Brasil é muito fragmentado, com muitos intermediários entre o produtor e consumidor. Isso faz com que o produtor ganhe pouco e o consumidor pague muito. A faísca foi conhecer o Gui Alvarenga, cofundador da Trela. Ele contou que no condomínio onde mora, haviam formado um grupo de WhatsApp para comprar orgânicos. Era um jeito de continuar consumindo alimentos de qualidade e ajudar os produtores que perderam mercado. Já existiam aplicativos de delivery, mas esses produtores não eram atendidos por eles porque forneciam para atacadistas, restaurantes e mercados. Eles não tinham logística e nem marketing para atrair e atender ao consumidor final. Foi nessa falha que começamos a agir. A nossa missão é ser um jeito mais eficiente e justo para comprar alimentos de qualidade”, explica Nazareth.

Os números do mercado de orgânicos justificam a escolha dos empresários. O estudo Panorama do consumo de orgânicos no Brasil 2021, realizado pela Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis), em parceria com a Brain (empresa de inteligência de mercado) e a Unir Orgânicos (empresa de comunicação e informação do setor), mostra que, em 2021, 31% da população brasileira havia consumido produtos orgânicos nos 30 dias anteriores à pesquisa – um crescimento de 106% quando comparado com o ano de 2017.

Ao mesmo tempo, porém, apenas 8% dos entrevistados disse que comprou produtos dessa categoria nos seis meses anteriores. E 61% dos entrevistados não colocaram um orgânico na sacola do mercado ou da feira. Mesmo entre quem consome orgânicos, a frequência é baixa: a maioria o faz no máximo uma ou duas vezes por semana, e ainda não estabeleceu esse hábito.

A escolha do WhatsApp como canal foi certeira. O aplicativo de fácil operação hoje atende mais de 2 bilhões de pessoas em 180 países. No Brasil, está instalado em cerca de 91% dos smartphones e em números absolutos de usuários, o País está em segundo lugar – 99 milhões de usuários ativos mensais -, atrás apenas da Índia, com incríveis 340 milhões de usuários registrados e ativos.

Além de Belo Horizonte, a Trela também atua na cidade de São Paulo. A curadoria dos produtos e a compreensão sobre o perfil dos grupos de consumidores são os principais atributos do serviço oferecido pela empresa, na visão do executivo.

“A curadoria é a nossa principal proposta de valor. Toda quinta-feira a equipe de curadoria senta com a do comercial e avalia todo produto que entra e que poderia entrar na Trela. Continuamos avaliando os que já estão aqui. Temos bairros de interesse inicial e tentamos entender o perfil deles. Grupos de Nova Lima, por exemplo, compram mais ingredientes enquanto grupos mais urbanos, comidas prontas congeladas. Geramos ofertas direcionadas a partir desses dados. Dentro de ‘hortifruti’ tem pouca variação no gosto dos consumidores. Mas existem produtos bastante consumidos em Belo Horizonte que sequer temos fornecedores em São Paulo. Outra diferença é que em Minas existe uma preferência pelos pequenos produtores, em São Paulo, uma relação maior com as marcas”, destaca.

A startup já recebeu R$ 148 milhões para executar sua visão, captados com investidores globais como SoftBank, Kaszek, Y Combinator e General Catalyst. Já são 250 fornecedores ativos nas duas praças. Ainda com bastante espaço para crescer em Belo Horizonte e em São Paulo, a startup traça planos também para outras cidades.

“Temos como missão proporcionar um comércio justo de alimentos e queremos que seja para o maior número de pessoas possível. Nos orgulhamos do nosso crescimento se dar por meio de indicações dos nossos clientes. No segundo semestre de 2023 vamos olhar com mais cuidado para cidades como Campinas (SP), Brasília (DF) e Rio de Janeiro (RJ), afirma o CEO da Trela.

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