Turismo de negócios retoma fôlego no País

As reuniões por plataforma de vídeo, que foram tão úteis e populares durante a pandemia, já não satisfazem mais as empresas quando o assunto é fechar negócios. A queda das barreiras sanitárias e das medidas de isolamento social permitiu que empresários e outros profissionais voltem a viajar para trabalhar e negociar.
É certo que, mesmo que o ritmo seja bastante inferior ao que acontece com o turismo de lazer, a retomada do turismo de negócios no ano passado foi bastante comemorada. Os resultados de 2022 ficaram apenas 4,7% abaixo dos alcançados em 2019, último ano antes da pandemia, segundo dados do Levantamento de Viagens Corporativas realizado pela Fecomércio São Paulo em parceria com a Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev). E este ano já começou com boas perspectivas.
De acordo com o fundador da Onfly – startup sediada em Belo Horizonte, especializada em desenvolver soluções para viagens e despesas corporativas -, Marcelo Linhares, o período entre janeiro e março de 2022 foi 300% melhor em resultados do que o mesmo intervalo de tempo no ano passado. Parte da explicação está na queda do preço das passagens aéreas.
“A boa notícia é que os preços das passagens aéreas caíram entre 20% e 25% e esse é um item que pesa muito no custo da viagem. O mercado de viagens corporativas está bem aquecido, com as pessoas entendendo a importância de fazer viagens para os negócios acontecerem. Estou bem otimista. Sempre acreditamos muito na importância da redução dos custos da passagem aérea para as empresas”, afirma Linhares.
O levantamento revela, ainda, que o setor de viagens corporativas encerrou o ano de 2022 com faturamento acumulado de R$ 93,6 bilhões, crescimento de 81,6% na comparação com 2021.
As viagens de negócios ganharam novos contornos com a estabilização da pandemia e a volta dos grandes eventos e reuniões presenciais. Um estudo realizado pela Global Industry Analysts apontou que as viagens de negócios, domésticas ou internacionais, que compreendem trabalho, hospedagem, alimentação, lazer e transporte, estão entre os principais contribuintes para a economia global – a perspectiva é a de que atinjam US$ 792 bilhões até 2026.
Entre os hotéis, principalmente nas capitais – onde o turismo de negócios é mais forte – a movimentação já permite uma recomposição das tarifas com o aumento do índice de ocupação média.
Um exemplo vem da Wyndham Hotels & Resorts, que atualmente conta com 36 hotéis em seu portfólio no Brasil e mais de 9.100 ao redor do mundo. Os números do início do ano já são positivos e a expectativa para o restante do ano é ainda melhor.
Segundo o diretor de Operações da Wyndham para Brasil e Bolívia, Hiram Della Croce, ao longo dos últimos três anos a rede vivenciou vários momentos de ‘fim do poço’, esperança e retomada do otimismo.
“Mas só agora temos números para falar em retomada do turismo corporativo. A pandemia colocou o setor na lona. Ninguém esperava que fosse demorar tanto. O lazer voltou mais rápido, mas o turismo de negócios teve uma retomada ainda em híbrido. Foi melhorando quando as barreiras sanitárias foram caindo. Em 2022 ainda vivemos alguns momentos assim, mas o percentual do on-line foi caindo e o movimento foi retornando”, explica Della Croce.
Entre os empreendimentos próprios e franqueados em Minas, o Ouro Minas Dolce by Wyndham, na Capital, é, historicamente, aquele que mais recebe o público corporativo. Com auditório, salas de reunião e serviços de alimentação e bebida (A&B) especializados, o hotel, que fica na região Nordeste, costuma receber eventos e hospedar artistas e esportistas que vão se apresentar na cidade.
“Em São Paulo já não temos vagas para muitas datas no ano e Belo Horizonte começa a seguir o mesmo ritmo. Ainda existem muitos eventos represados. O que gera negócio é o networking nas plenárias. O modelo híbrido veio para facilitar, não para ficar. A nossa cultura é de contato. Por mais que a nova geração demande algo menos pessoal, tem coisa que não tem jeito”, avalia o diretor de Operações da Wyndham para Brasil e Bolívia.

Encontro
Considerado o maior evento da cadeia produtiva do turismo no mundo, a história do World Travel Market (WTM) começa em 1980, em Londres. A próxima edição latino-americana vai acontecer entre os dias 3 e 5 de abril, em São Paulo.
Com conteúdo especializado durante todo o ano, promoção de marca e ferramentas de rede exclusivas, o evento reúne a comunidade global de profissionais de viagens. Por meio do insight, aprendizado e conexões disponíveis, o objetivo é que os profissionais possam encontrar oportunidades comerciais que contribuam para uma indústria de viagens de sucesso.
Para o diretor da WTM Latin America, Daniel Zanetti, 2023 é o momento de consolidação dos aprendizados da pandemia e de recuperar a cadeia produtiva dos maus resultados.
“Atuamos com uma plataforma de apoio à indústria. A queda das restrições e, mais recentemente, a abertura da China reforçam a sensação de que a vida está voltando ao normal. Durante a pandemia, as empresas se adaptaram. As pessoas aprenderam que em casa não existe perda de produtividade e isso eliminou alguns gastos que foram revertidos para o turismo de lazer. No mundo dos negócios, os eventos virtuais não conseguiram substituir de forma plena os encontros presenciais. É muito interessante ver esse novo comportamento das empresas e do consumidor”, destaca Zanetti.
A expectativa é de que o número de visitantes cresça 40% em 2022 quando comparado à edição passada, e o número de empresas cresça entre 7% e 10%. Além da parte de negócios, a WTM tem um programa educacional. São três teatros, com o tema “Vamos buscar novos horizontes”. O primeiro diz respeito às transformações digitais; o segundo à inclusão e diversidade; e o terceiro trata das tendências do mercado.
“Em um evento assim, a gente coloca em contato as pontas da cadeia produtiva, que apresentam produtos e soluções. Já podemos adiantar que algo que vem muito forte são os produtos para atender o mercado local. Para que as regiões menos conhecidas sejam divulgadas principalmente para os brasileiros. Precisamos desmistificar a visão do Brasil que só tem sol e praia para o brasileiro e o estrangeiro. Temos destinos variados e incríveis, além de um povo receptivo”, completa o diretor da WTM Latin America.
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