Congresso de turismo e sustentabilidade reúne trade em BH, e parques estaduais ganham ‘passaporte’

Minas Gerais reforçou sua posição de vanguarda no turismo sustentável ao sediar, em Belo Horizonte, a segunda edição do Congresso Nacional de Turismo e Cultura Sustentável. O encontro reuniu especialistas e autoridades para discutir políticas públicas, economia criativa e preservação do patrimônio cultural e natural.
Especialistas e gestores do turismo nacional, além de referências regionais, compuseram painéis temáticos sobre economia criativa, governança cultural e turística, patrimônio vivo, ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance), financiamento e políticas públicas para o turismo sustentável. A agenda incluiu lançamentos, encontros setoriais e visitas ao Circuito Liberdade e ao Instituto Inhotim.
Um dos organizadores do evento, Rodrigo Cezário, especialista em ESG e inovação criativa, o evento é uma ação integradora do Plano Diretor do Turismo Verde de Minas Gerais.
“O Plano é uma política pública do governo do Estado, inovadora e pioneira no Brasil. É muito importante, neste momento, nos aprofundarmos nos temas relacionados à cultura, ao turismo e ao desenvolvimento dos territórios de forma sustentável, tendo em vista que estamos próximos à COP-30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que acontecerá em Belém (PA). O nosso papel é fazer um aquecimento, um mergulho em temas importantes, como governança, financiamento, desenvolvimento sustentável dos territórios e turismo regenerativo”, explica Cezário.
Para a secretária de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult-MG), Bárbara Botega, a sustentabilidade é indissociável do fomento à cultura e ao turismo no Estado.
“As nossas montanhas, cachoeiras e patrimônios são símbolos de Minas. Preservá-los é garantir que o Estado continue atraindo visitantes e fortalecendo sua economia de forma responsável. O Congresso reafirma o nosso compromisso de estruturar políticas públicas que deem perenidade a esse caminho”, afirma Bárbara Botega.
Anfitrião do evento, o presidente da CDL-BH, Marcelo de Souza e Silva, ressalta a necessidade de esforços conjuntos para permitir que a cadeia produtiva continue gerando desenvolvimento socioeconômico para Minas Gerais.
“Minas tem o maior número de municípios turísticos do Brasil. Ao promover esse encontro, governo e entidades reforçam a necessidade de alinhar desenvolvimento econômico e sustentabilidade, garantindo geração de emprego e renda com responsabilidade ambiental e cultural”, destaca Silva.
Integrante do painel “Governança Cultural e Turística: Democracia, Território e Participação”, o presidente da Rede de Gestores Municipais de Cultura de Minas Gerais, Janilton Prado, pontua que falar sobre assuntos relacionados à cultura e ao turismo, atrelando-os à sustentabilidade em Belo Horizonte, é sempre uma oportunidade de reverberar a discussão para todo o País.
“A cultura pode ser transversal nesse processo. Ela é fundamental na formação de redes e de sustentabilidade dentro de Minas Gerais. Falar sobre recursos é, de maneira clara e direta, mostrar para a sociedade e para os fazedores de cultura a importância da economia criativa, por meio da qual podemos criar uma rede ainda maior dentro da cadeia produtiva do turismo no Estado”, pontua Prado.
Ao unir turismo, cultura e meio ambiente, Minas sinaliza que a riqueza do seu patrimônio pode ser não apenas preservada, mas transformada em motor de desenvolvimento sustentável. O desafio agora é garantir que a integração discutida no Congresso se traduza em políticas duradouras e práticas efetivas para as próximas gerações.
Territórios buscam sustentabilidade por meio do turismo
Fazer do turismo uma atividade capaz de compor a matriz econômica de um destino e, com a ajuda dele, promover e regenerar o território e seus visitantes, é, na opinião de especialistas, não mais uma utopia, mas uma possibilidade e uma necessidade.
Segundo o presidente do Instituto Espinhaço, Luiz Cláudio de Oliveira, que esteve no painel “Governança Cultural e Turística: Democracia, Território e Participação”, pensar em cidades que vivam inteiramente do turismo não é saudável, mas projetar o turismo como uma ferramenta de desenvolvimento pleno é um caminho para o futuro, sempre respeitando o espírito do lugar, ou seja, a vocação daquele território.
“O turismo é um processo coletivo, transversal e transdisciplinar, que deve ter integração com outros processos socioeconômicos. A cidade não pode viver exclusivamente de nenhuma atividade. É na estruturação de novas modelagens que coloquem pessoas e natureza no centro das propostas que encontraremos caminhos responsáveis e perenes. Não dá para fazer isso de forma segmentada. Não dá para trabalhar só as pessoas ou só a natureza. O gerenciamento deve contemplar estratégias a médio e longo prazo”, avalia Oliveira.
Para a diretora de Regionalização da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult-MG), Marília Machado, a governança é a ferramenta capaz de colocar em prática a estratégia que alia turismo e sustentabilidade.
“A governança é a escuta que permite isso. Ela organiza o turismo, garantindo que todos tenham voz, que os recursos sejam utilizados de forma eficiente e que os resultados tragam benefícios sociais, econômicos, culturais e ambientais para o território. Não é uma etapa isolada, mas, sim, o fio condutor que garante a coordenação, integração e continuidade de um processo de transformação de um atrativo em produto turístico”, destaca Marília Machado.
Durante o painel “ESG e Impacto: Financiamento, Indicadores e Certificação em Cultura e Turismo”, o assessor de Inovação e ESG da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Caio Iglesias de Barros, destacou o Brasil como um país com condições privilegiadas para estabelecer práticas de turismo regenerativo.
“O turismo regenerativo, de uma forma simples, é uma experiência turística em que o ambiente onde ela acontece fica melhor após essa experiência do que estava antes. Geralmente, quando utilizamos um ambiente, acabamos consumindo seus recursos e deixando-o em pior estado do que quando chegamos. O turismo regenerativo inverte essa lógica. São experiências em que as pessoas se divertem, aprendem, participam e deixam um legado positivo para aquele ambiente”, ensina Barros.
Parques Estaduais de Minas Gerais ganham passaporte
Para valorizar os 23 parques estaduais de Minas Gerais, uma parceria entre a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult-MG) e o Instituto Estadual de Floresta (IEF) desenvolveu o Passaporte Turístico dos Parques Estaduais de Minas Gerais.
Segundo a diretora de Unidades de Conservação do IEF, Leticia Vilas Boas, o objetivo é estimular a visitação dentro de uma política que garanta a conservação e a sustentabilidade das unidades de conservação e comunidades do entorno de cada uma delas.
“Entendemos que o passaporte é uma iniciativa importante que visa o desenvolvimento sustentável das unidades de conservação e das comunidades locais, assim como a bioeconomia. É fundamental trabalharmos o turismo no nosso Estado com o viés de conservação para garantir a variabilidade das formas de renda para as comunidades assim como a preservação das grandes belezas que temos dentro dos parques. As pessoas podem ter acesso ao passaporte indo às unidades, são 23, e obter o carimbo de cada uma ao visitar. O passaporte é um grande convite para que todos conheçam os nossos parques”, afirma Letícia Vilas Boas.
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