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Congresso Nacional de Turismo e Cultura Sustentável reforça que sustentabilidade no setor não é nicho, é obrigação

Evento, realizado na Capital, discutiu o tema que é de extrema importância e urgente
Congresso Nacional de Turismo e Cultura Sustentável reforça que sustentabilidade no setor não é nicho, é obrigação
O turismo tem um grande potencial como agente de transformação. Muito mais que uma viagem, ele pode promover reflexões e oferecer experiências transformadoras (na foto, Lago de Furnas, Capitólio) | Crédito: Reprodução AdobeStock

O I Congresso Nacional de Turismo e Cultura Sustentável (CTSC), realizado em Belo Horizonte, nos dias 30 e 31 de outubro, reuniu a cadeia produtiva do setor, especialistas e acadêmicos de todo o País para debater o assunto, promovendo a troca de experiências e o desenvolvimento de soluções inovadoras para os desafios enfrentados.

A iniciativa busca subsidiar o trade para que o turismo seja uma atividade que respeite o meio ambiente, valorize a cultura local e gere benefícios sociais para as comunidades.

De acordo com o CEO da Cezario ESG e co-organizador do evento, Rodrigo Cezário, o principal ponto é a mudança de mentalidade do gestor que trabalha na cadeia produtiva do turismo.

“O principal é entender que a sustentabilidade é uma urgência e que é preciso buscar capacitação em eventos como este, onde discutimos governança, gestão sustentável, economia circular, inovação, entre outros. São muitos temas a serem trabalhados, mas a gente precisa começar conhecendo, estudando e trazendo para o nosso dia a dia, para os nossos empreendimentos, as melhores práticas de sustentabilidade”, afirma Cezário.

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Durante o evento, foram realizadas palestras, painéis e workshops práticos para debater as melhores práticas em negócios e projetos, além de uma feira de negócios com oportunidades para conhecer produtos e serviços inovadores para o setor.

Para a presidente da Efkaz Turismo e co-organizadora do Congresso, Mônica Silva, o turismo pode ser um motor de integração e fortalecimento cultural e, por isso, a conscientização e a capacitação dos atores do setor sobre sustentabilidade podem ajudar a toda a sociedade a compreender e ter ações mais eficientes sobre o tema.

“O turismo tem um grande potencial como agente de transformação. Muito mais que uma viagem, ele pode promover reflexões e oferecer experiências transformadoras. Se aliamos essa transformação cultural à sustentabilidade, promovemos um desenvolvimento sustentável. Mais que uma tendência, o turismo sustentável precisa ser um compromisso com um futuro consciente”, pontua Mônica Silva.

Uma das novidades foi a apresentação do Plano Diretor do Turismo Verde pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult). A iniciativa alinha as políticas públicas às diretrizes globais de sustentabilidade, e do selo Turismo Verde Minas, concebido pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge).

Segundo a subsecretária de Estado de Turismo de Minas Gerais, Patrícia Moreira, o lançamento do Plano Diretor no Congresso é um marco dentro da política pública para o turismo em Minas Gerais.

“O tema da sustentabilidade é de extrema importância e é urgente. O Congresso é o marco inicial do lançamento do Plano Diretor, é a primeira ação em que estamos colocando em prática todas as etapas do nosso Plano que foi lançado em nível nacional para trabalhar cada vez mais com um turismo sustentável e trazer um turista consciente para o nosso Estado”, destaca Patrícia Moreira.

I CTSC, em Belo Horizonte
O I CTSC, realizado em Belo Horizonte, nos dias 30 e 31 de outubro, reuniu a cadeia produtiva do setor, especialistas e acadêmicos de todo o País | Crédito: Iana Domingos

Primeira empresa pública de turismo do Brasil a se tornar signatária do Pacto Global, a Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) anunciou a meta de tornar o Carnaval 2025 um evento de baixo carbono. Segundo a diretora de Marketing e Promoção Turística da Belotur, Marina Simião, para isso é fundamental internalizar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2030 nas ações da Belotur.

“Debater turismo, responsabilidade, sustentabilidade e mudanças climáticas está cada vez mais na pauta e nós, como empresa pública, não podemos nos furtar a falar e agir sobre esses assuntos. Quando a gente fala de turismo, estamos falando sobre pessoas e suas demandas, seja por trabalho, por lazer, cultura ou entretenimento. O turismo tem a possibilidade de trazer tudo isso e permitir que as pessoas tenham experiências memoráveis. É nosso papel conversar com todos os que participam dessa cadeia produtiva”, avalia Marina Simião. 

Negócios regenerativos promovem turismo sustentável

No painel “Destinos turísticos, impacto social e desenvolvimento dos territórios”, a sócia do Instituto Semente Negócios, Aline Goulart, trouxe a perspectiva da inovação e dos negócios de impacto com ferramentas para a construção de um turismo sustentável.

“Os gestores devem buscar uma inovação que valorize a vida e olhar para o turismo comunitário e desenvolver o negócio sem tirar as características e potências do lugar, sem confundir apoio ao desenvolvimento com intervenção. A diversidade traz diferentes visões. Precisamos aumentar a mobilização social, de políticas públicas para negócios de impacto e que as empresas fomentem os projetos de instituições que atuam na ponta. A sustentabilidade não é uma forma de fazer turismo, é a única forma de fazer turismo”, afirma Aline Goulart.

O cacique e presidente da Associação Indígena Arapowã Kakya, Carlos Arapowãnã Xucuru-Kariri, trouxe a experiência do seu povo expulso das terras no estado de Alagoas, nos anos de1990, e instalado, desde 2020, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Feira durante o CTSC
Durante o evento, aconteceu uma feira de negócios com oportunidades para conhecer produtos e serviços inovadores para o setor | Crédito: Iana Domingos

“Tenho um pensamento de futuro através do turismo, com os nossos costumes, o nosso modo de vida, gerando projetos sustentáveis dentro da comunidade. Precisamos trazer mais pessoas para tirar o preconceito mostrando a nossa cultura e que estamos aqui para somar. Levar as nossas vozes e gerar algo para o sustento das famílias”, avalia Carlos Arapowãnã Xucuru-Kariri.

Para o fundador e CEO da T&D Sustentável, Camilo Torquatto, que fez a palestra “Turismo inteligente: lucrando com sustentabilidade”, para atingir seus objetivos, a sustentabilidade não pode prescindir do lucro.

“Investir em ESG pode e deve ser lucrativo. Não é mais preciso ser oneroso para ser responsável. O ESG só funciona se der retorno de investimento. É o que chamo de ESG racional. Nem toda empresa precisa de uma determinada certificação, mas pode usar a norma como uma orientação. Busquem uma norma que faça sentido com o negócio e tentem atendê-la, não necessariamente pagando a certificação”, aconselha Torquatto.

No mesmo sentido trabalha o fundador do Instituto para o Desenvolvimento do Turismo Sustentável na América Latina e Caribe (Intus), Ygor Oliveira, que proferiu a palestra “Comportamentos éticos e ambientalmente sustentáveis no turismo”. 

“A discussão sobre sustentabilidade começou pela questão ambiental, mas acreditamos que o socioeconômico vem antes. No turismo, sustentabilidade é muito mais que falar de natureza. A cadeia produtiva é formada principalmente por pequenos empreendimentos e a partir de uma economia circular podemos promover a sustentabilidade nos pequenos negócios. Para isso, precisamos investir em conscientização, fomento e capacitação”, pontua Oliveira.

No próximo ano, o Congresso Nacional de Turismo e Cultura Sustentável vai se transformar na I Semana Internacional de Turismo e Cultura Sustentável, que vai acontecer de 29 a 31 de julho de 2025. O evento vai abarcar a segunda edição do Congresso Nacional de Turismo e Cultura Sustentável e uma programação internacional, além da feira de turismo sustentável.

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