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UFMG e Dadosfera criam tecnologia pioneira para análise de dados do SUS

Atualmente, as informações estão disponíveis em tabelas complexas, de difícil leitura e compreensão
UFMG e Dadosfera criam tecnologia pioneira para análise de dados do SUS
(da esq. para dir.) Brian Zaki, Luis Martins e Allan Senne: queremos democratizar o acesso aos dados de saúde pública; isso é essencial para quem analisa políticas públicas e acompanha o histórico da saúde no País | Foto: Divulgação Dadosfera / Camila Rocha

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Dadosfera, startup mineira de dados e inteligência artificial, firmaram uma parceria para desenvolver uma tecnologia inédita no mundo: um modelo de linguagem natural brasileiro voltado à análise de dados tabulares do Datasus, o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SUS).

O projeto, que conta com apoio da Embrapii e do Sebrae, busca simplificar o acesso a milhões de registros públicos de saúde e tornar a base do SUS mais acessível a jornalistas, pesquisadores e gestores.
Atualmente, as informações do Datasus estão disponíveis em tabelas complexas, de difícil leitura para quem não tem formação técnica. A nova tecnologia permitirá que qualquer usuário faça perguntas em português simples – como “Quantas internações por dengue aconteceram no estado de São Paulo em 2024?” – e receba respostas estruturadas, sem necessidade de navegar por planilhas.

Segundo o COO e sócio da Dadosfera, Brian Zaki, o impacto vai além da inovação tecnológica. “Queremos democratizar o acesso aos dados de saúde pública. Isso é essencial para quem analisa políticas públicas e acompanha o histórico da saúde no País”, afirmou.

A ideia nasceu dentro da Dadosfera, que procurou a UFMG para desenvolver o modelo em conjunto. O projeto tem coordenação do professor Marcos André Gonçalves, do Departamento de Ciência da Computação da UFMG, recentemente eleito um dos 10 melhores cientistas brasileiros na área pelo ranking World’s Best Scientists 2025.

O docente lembra que, embora as informações do SUS sejam públicas, “elas estão em planilhas que acabam restritas a especialistas. Com essa tecnologia, qualquer cidadão poderá fazer perguntas em português simples e obter respostas estruturadas”.

A pesquisa será conduzida por equipes da UFMG e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), reunindo 11 pesquisadores, entre estudantes de graduação, mestrado e pós-doutorado.

O projeto terá duração de 12 meses, com protótipos previstos para os próximos seis meses. A fase inicial de desenvolvimento será feita em infraestrutura compartilhada entre UFMG e Dadosfera, com planos futuros de disponibilização pública da tecnologia e eventual exploração comercial.

Zaki destaca que o projeto simboliza a reaproximação entre academia e mercado. “Trabalhei com a UFMG desde os tempos do Google, em 2007, quando ajudamos a construir o escritório de engenharia em Belo Horizonte. Retomar essa conexão em um projeto de impacto nacional é motivo de orgulho”, disse.

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