Um futuro alternativo e renovável

Nelson Benício Marques Araújo *
A diversidade da matriz energética brasileira já é uma realidade. Mas, em um futuro próximo, teremos uma robusta participação das fontes eólicas e solares – limpas e cada vez mais baratas – em nossa produção de energia. Uma ótima notícia para a sociedade, os setores produtivos e o meio ambiente, os grandes beneficiados por esse avanço no setor.
Em virtude da ascensão dessas alternativas energéticas, o XXV Seminário Nacional de Produção e Geração de Energia Elétrica (SNPTEE) criou um grupo de discussão exclusivo para debater o tema, que tem atraído fortemente o interesse dos diversos agentes do setor. O evento, que há mais de 30 anos não era realizado em Belo Horizonte, acontece em novembro deste ano na capital mineira. Durante quatro dias, engenheiros e técnicos de todo o Brasil se reúnem com especialistas convidados, estimulando a discussão e propondo soluções para os novos desafios do setor elétrico.
Nos últimos anos, o Brasil teve um dos piores ciclos hidrológicos de sua história. Isso fez com que o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas abaixasse consideravelmente. Para que não faltasse eletricidade à população, as termelétricas tiveram que ser acionadas produzindo energia elétrica a custos elevados. Essa dificuldade proporcionou ao País a oportunidade de diversificar sua matriz energética, ampliando as fontes alternativas de energia, especialmente eólica e solar, que cresceram muito nesta década.
Embora ainda dominada pela energia hidráulica, a composição da nossa matriz está mudando rapidamente. De acordo com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a participação de energia eólica em relação a toda energia gerada no País atingiu 8,1% em maio passado. O restante da matriz energética brasileira se dividiu em pequenas centrais hidrelétricas e usinas hidrelétricas, responsáveis por 76,3% da produção nacional, seguidas por plantas térmicas, com 8,5% de participação, usinas de biomassa, com 6,4% de geração, e usinas fotovoltaicas, com menos de 1% do total gerado.
Com relação a essa última, os sistemas de geração distribuída solar fotovoltaica representam 99,6% de todas as micro e miniusinas do País, que acabam de atingir a marca histórica de 1 GW (gigawatt) de capacidade bruta nesse segmento. Como somos uma nação com sol o ano inteiro, a tendência é que esse número cresça ainda mais nos próximos anos.
O crescimento dessas duas fontes também está relacionado ao aumento de competitividade tecnológica para implantá-las e a consequente redução dos custos de implantação. Por isso, não será nenhuma surpresa se elas se tornarem ainda mais relevantes na produção da energia que chega aos lares e às indústrias brasileiras. Por serem limpas e de baixo custo de geração, ambas farão com que nossa dependência em relação às usinas térmicas, principalmente as movidas a óleo, não seja mais tão determinante. A sociedade e o meio ambiente agradecem.
*Superintendente de Planejamento e Operação de Geração e Transmissão da Cemig e coordenador-geral do XXV SNPTEE
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