Varejo investe em serviços financeiros próprios; conheça as vantagens dessa movimentação

Até 2026, os serviços financeiros embutidos diretamente ao cliente final devem gerar receita de R$24 bilhões, com destaque para os setores de varejo, bens de consumo e outros serviços, que movimentam mais de 35% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. A estimativa é da empresa de consultoria, auditoria e gestão, Deloitte.
Por conta desse movimento de mercado, oferecer serviços financeiros sem depender de instituições bancárias tem se tornado uma tendência do varejo também em Minas Gerais.
A prática facilita as transações e garante mais personalização à jornada de compra do cliente final. Algumas empresas já têm oferecido até mesmo soluções de pagamento aos consumidores, misturando tecnologia com serviços financeiros.
Para o cofundador e diretor de Novos Negócios da Retail Payment Ecosystem (RPE), Pedro Albuquerque, de modo geral, algumas empresas não têm ideia que também podem usufruir deste mercado.
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“Há uma diferença entre ‘embedar’ finanças em empresas que são do varejo e em empresas de outros segmentos, mas que também são varejistas. É mais fácil eu falar para um supermercado que ele pode oferecer um cartão para o seu cliente do que para uma loja de cosméticos, mas ambos podem e conseguem se beneficiar com isso”, explica.
Para ele, o que falta para outros setores é um pouco mais de maturidade para entender os benefícios de iniciar no embedded finance, saber qual o investimento necessário e ainda o quanto realmente o cliente estará mais fiel a partir da contratação de um serviço financeiro embedado.
Conheça algumas empresas que mantêm serviços financeiros próprios
Com esse movimento de mercado, cada vez mais empresas e varejo se transformando em fintechs, aproveitando esse boom de oportunidades. Plataformas de soluções de meios de pagamento podem funcionar como intermediadoras entre empresa e cliente ao oferecer uma estrutura completa para o serviço de embedded finance.
Veja algumas empresas que já aderiram a este movimento:
- A Vivo, por meio da Vivo Pay, recebeu autorização recente do Banco Central para atuar como fintech de crédito – anteriormente o serviço era chamado de Vivo Money e abarcava o serviço de empréstimo.
- A Natura vem ganhando mercado com o Emana Pay, utilizado para suprir as necessidades de soluções financeiras e de pagamento das consultoras do grupo.
- Em Minas Gerais, a rede de atacarejo Mart Minas também faz algo parecido, num movimento chamado de embedded finance, quando empresas não financeiras originalmente passam a oferecer serviços do tipo.
A RPE tem trabalhado para consolidar os serviços financeiros embutidos em outros segmentos fora do varejo tradicional, abrangendo diversos clientes que gostariam de diversificar a própria receita.
Conheça também alguns clientes que já usufruem do serviço da RPE:
- Grupo Pereira, varejista com atuação em cinco estados e no Distrito Federal;
- Mart Minas, rede de atacarejo, com unidade em Minas Gerais;
- Condor, rede de supermercados;
- Tenda Atacado, varejo do segmento de autosserviço;
- Cassol;
- Lojas Torra, rede varejista de moda;
- e Avenida.
Como usar a ferramenta para potencializar os negócios
Pedro Albuquerque explica que, na RPE, o foco são as soluções em meios de pagamento para varejistas dos mais diversos segmentos.
“Se o varejista tiver um e-commerce, ele pode usar a nossa ferramenta para conhecer melhor o cliente. Com ela, é possível oferecer uma jornada de compra mais digitalizada, o negócio um e-commerce ou não. O varejista também consegue ofertar crédito pré-aprovado para um perfil de cliente específico, que ele identifica via ferramentas de CRM próprias juntamente com as ferramentas de jornada de pagamento da RPE”, explica.
Funciona assim: se o consumidor clicar em uma blusa de um modelo específico da cor azul, por exemplo, que custa um preço específico, ele já disparou várias informações sobre o interesse dele no produto.
“Já quando ele entra em uma loja física, pega um produto, tira da gôndola, bipa o produto e coloca na gôndola novamente, ele também espalha várias informações sobre o comportamento de compra dele. Esses dados podem ser coletados e analisados com as ferramentas de CRM do varejista. Dentre esses dados distribuídos, também há o dado de pagamento, ou seja, como é o comportamento do cliente no momento do pagamento. É aqui que a RPE entra trazendo tecnologia e uma jornada fluida para o cliente fazer a compra”, diz Albuquerque.
Desse modo, o que acontece é a união das ferramentas de CRM do cliente com as ferramentas de jornada de pagamento da RPE.
“Assim, a compra garante ao varejista mais adesão e um cliente mais fiel, impulsionando as vendas no varejo e gerando rentabilidade ao varejista”, explica ele, apontando que esses dados ainda são utilizados de forma muito inicial pelo varejo brasileiro.
Cartão de crédito ajuda a fidelizar cliente
O especialista também cita o cartão de crédito como outra ferramenta importante de fidelização do cliente, que ajuda a entender o comportamento de compra e possibilita entregar a melhor solução possível para o que o consumidor precisa.
“A compra com o cartão é mais uma informação que o varejista pode usar para saber como ele pode oferecer seu produto mais direcionado ao que o consumidor precisa, utilizando uma inteligência de dados por trás. Se o varejista não tem o próprio cartão, ele não tem a informação. Então, ter o próprio serviço financeiro garante mais autonomia e é mais uma forma de dar rentabilidade ao negócio”, aponta Albuquerque.
“O primeiro passo que o varejista pode dar é entender o modelo de negócios e oferecer um cartão próprio. A partir daí ele pode oferecer uma jornada sem cartão físico, transacionando com biometria, por exemplo, e trazendo mais segurança e digitalização ao processo”, completa.
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