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Veículos eletrificados ampliam participação de mercado

Veículos eletrificados ampliam participação de mercado
Carro elétrico

O mercado de veículos eletrificados já é uma realidade no Brasil e deve continuar crescendo nos próximos anos, gerando a expectativa de que o setor continue batendo recordes nos emplacamentos anuais. O maior salto de consumo desse bem móvel foi em 2019, quando o volume comercializado foi três vezes maior que em 2018, saltando de 4 mil para 12 mil veículos eletrificados emplacados no País.

De acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), Thiago Sugahara, mesmo com a pandemia, o setor continuou evoluindo e a demanda pelos veículos eletrificados aumentando. “Em 2020, foram quase 20 mil emplacamentos. No ano seguinte, 35 mil e, em 2022, acrescentamos 50 mil veículos eletrificados no mercado do País, demonstrando uma evolução de forma consistente. Ano passado, foram comercializadas mais de 94 mil unidades no Brasil. A eletrificação é um caminho sem volta”, projetou ele.

Hoje temos o híbrido leve (apenas com um motor elétrico para vencer a inércia), o híbrido completo (com baterias de maior capacidade que os leves, mas que não são carregadas por uma fonte externa), o híbrido Plug-in (parecido com os híbridos completos, com baterias maiores e podendo carregar em tomadas ou em um tipo de carregador), o elétrico (dispensa o motor a combustão e todos os itens mecânicos dele derivados) e, por fim o veículo a célula combustível (movidos por energia elétrica não gerada em bateria, mas na célula combustível).

Em 2022, os veículos eletrificados respondiam por 2,5% de todos os novos emplacamentos no mercado nacional e, no ano seguinte, essa fatia chegou a 4,3%. Em 2022, nos Estados Unidos, os eletrificados representavam 9,7% enquanto o Brasil chegava aos 3% e a média mundial a 18%. “Esses índices mostram o quanto avançamos, mas o Brasil ainda tem capacidade de alavancar no setor, uma vez que hoje existem veículos elétricos com autonomia aumentada em até 400 quilômetros”, avaliou Sugahara.

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De 2022 a 2023, foi percebida uma mudança no mercado brasileiro, com o crescimento dos veículos eletrificados. “É interessante ver que o mercado automotivo brasileiro também está evoluindo, assim como o mercado internacional. Talvez não na mesma velocidade e nem proporção, mas a cada dia novos modelos mais modernos e eficientes têm chegado ao mercado brasileiro. Eles já foram importados, mas contamos com produção de carros híbridos no Brasil desde 2019”, explicou.

O processo começou com a importação dessa tecnologia de países do Continente Europeu, dos Estados Unidos e, principalmente, da China, que tem um papel muito importante na oferta de veículos elétricos desde 2023. E, nos próximos anos, deve ganhar mais fôlego, principalmente com a produção local dessas tecnologias, afirmou o vice-presidente.

Mercado de eletrificados recebe investimentos

Várias montadoras vêm anunciando investimentos no Brasil para a produção dos eletrificados no mercado nacional. A Stellantis, por exemplo, investirá R$ 14 bilhões até 2030 no complexo em Betim, com o objetivo de adaptar a planta para a produção de veículos híbridos. O complexo industrial da Bravo Motor Company, em Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, deve ter o start da produção 24 meses após o início das obras. No Colossus Cluster, como foi batizado o parque industrial, serão produzidas baterias, sistemas de armazenamento de energia e veículos elétricos para mobilidade pública, como ônibus, táxis e vans. Inicialmente, o investimento no empreendimento é de R$ 25 bilhões em um prazo de 10 anos.

Segundo o CEO da Bravo Motor Company, Eduardo Javier Muñoz, a demanda no Brasil por carros elétricos vem crescendo de forma exponencial. “Vejo que as baterias vêm melhorando constantemente, enquanto os preços delas vão ficando mais em conta. Essa combinação é muito ruim para os veículos à combustão, pois coloca a tecnologia elétrica mais à frente. Inclusive, a demanda do mercado está antecipada à oferta aqui no País”, avaliou.

Para o CEO, as pessoas estão começando a entender as vantagens dos carros elétricos no dia a dia. “O carro elétrico atende totalmente às necessidades daquelas pessoas que não costumam fazer longos trajetos no decorrer do dia. Hoje, existem veículos com autonomia de 300 quilômetros e os dados indicam para a duração média de uma bateria em torno de 10 anos. E, daqui a 10 anos, o custo para uma troca será muito baixo, sem contar que o motor elétrico não sofre com desgaste”, avaliou.

“O segmento dos elétricos ainda é pequeno dentro dos eletrificados, e o natural é que venha a se manter mais estável quando chegar a um patamar de 20%. Hoje o setor só não cresce mais rápido, pois o governo federal voltou com os impostos sobre esses veículos. Enquanto isso, em outros países, existem empresas apoiadas pelos seus governos que irão ajudá-las a não perder mercado”, criticou.

Ainda segundo Muñoz, o Brasil é o mercado dos ‘olhos’ das empresas estrangeiras, pois conta com um crescimento orgânico que não pode mais ser freado. “Se o mercado continuar crescendo, a infraestrutura irá crescer. Um posto de carregamento pode ser feito com energia solar e um teto de garagem em qualquer lugar, por mais remoto que seja. É uma tecnologia nova, mas que vem se consolidando”, destacou o CEO.

Os veículos eletrificados vieram para ficar no mercado brasileiro, mas ainda precisam de ajustes, como toda nova tecnologia. Mesmo o carro a combustão quando foi criado, ele teve que ser ajustado com o passar do tempo, disse a consultora da TF Associados, Tereza Fernandez. “O híbrido está crescendo e vai continuar nessa toada. O brasileiro adora novidades, principalmente, automotiva”, afirmou.

O custo ainda é o principal problema dos eletrificados, pois é um veículo muito mais caro que o de combustão normal, mas absorvido pelo mercado, apontou a consultora. “Desde 2023, o mercado dos veículos eletrificados vem se ampliando e acredito que o potencial é grande, uma tendência no Brasil. Um empecilho é que a renda do brasileiro ainda é muito baixa e esse carro ultrapassa os R$ 200 mil”, avaliou.

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