Vendas de pneus caem 8,7% no País

As vendas de pneus registraram queda de 8,7% no Brasil no acumulado do ano até novembro se comparado com o mesmo período do ano passado, de acordo com a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip). Os números revelam que enquanto em 2022, 53,6 milhões de unidades haviam sido vendidas no País até novembro, em 2023 as vendas reduziram para 48,9 milhões de unidades.
De novembro para outubro deste ano, os números mostram redução de 6,1% nas vendas. Em todo o Brasil, dados da Anip mostram que enquanto no mês de outubro, 4,36 milhões de unidades foram vendidas, em novembro as vendas reduziram para 4,09 milhões de unidades.
Os pneus de carga tiveram queda de 5,3% nas vendas totais em novembro com relação a outubro, quando foram vendidos 567 mil unidades contra 536 mil de novembro. Para Gustavo Cota, da Toca Pneu, especializada em pneus de carga e agrícola, a redução deve-se à alta das importações. Na visão dele, com o dólar mais baixo, os importados passaram a dominar o mercado novamente, passando a responder por 60% das vendas.
O empresário revela que, se antes vendia cerca de 125 pneus por dia, hoje alcança a marca dos 100, uma queda média de 25%. “A reforma de pneus também foi bastante afetada. Os importados tomaram espaço e não estamos conseguindo vender reformados como antes”, diz.
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Ele também relembra que desde agosto deste ano, a importação de cinco modelos de pneus de carga voltou a ser tributada em 16% de acordo com uma resolução aprovada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex). A retomada do imposto ocorreu após dois anos da isenção determinada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para reduzir os custos operacionais do transporte rodoviário de cargas no Brasil em meio à pandemia.
Cota explica que nessa época, em função do e-commerce, a indústria nacional não estava conseguindo atender à demanda e a medida foi importante para atender o setor de transportes. Porém, na visão dele, a queda do dólar do novo governo permitiu que eles ganhassem espaço mesmo com a retomada dos impostos.
“Um pneu novo da China chega no preço de um reformado nacional. O custo China é bem menor que o custo Brasil”, reforça Renato Antunes Campos, proprietário da JAC Pneus. O empresário, que oferece pneus para todos os tipos de veículos, alega que nas duas lojas dele, as vendas não sofreram muita alteração com relação ao ano passado, mas assim como Cota, percebe o avanço dos importados no mercado.
Nas lojas Rio Claro Pneus, empresa há 26 anos nesse mercado, o Diretor de Operações, Bruno Marques, vê o setor de forma mais otimista. A empresa, que está focada em pneus para ônibus e caminhões, agora acredita que o mercado de pneus apresenta uma queda de preços bastante representativa causada, de acordo com ele, pela diminuição dos custos de transporte marítimo e da queda do preço de importados em geral. O que na visão dele pode motivar um aumento de consumo.
“Sendo o Brasil um País que utiliza o transporte rodoviário como principal meio, não acredito que haverá diminuição de consumo de pneus de carga, o mercado pode ter antecipado a alta do imposto, estocando, mas haverá, com certeza, uma normalidade e espero que até uma alta representativa neste consumo”, opina.
SUVs alavancaram vendas de pneus com aros maiores
Sobre as vendas de pneus para veículos de passeio, a Anip registrou números positivos, com alta de 8,4%. O estudo mostra que em novembro a venda saltou para 2,33 milhões de unidades contra 2,15 milhões de pneus vendidos em outubro. O proprietário da JAC Pneus atribui o crescimento à época do ano. “É comum as pessoas trocarem de carro e de pneu nesta época para viajar, então, naturalmente, no final do ano nossas vendas aumentam”, comenta. Porém, no acumulado do ano o registro também é de queda, marcando 7,8% de redução.
Na Garra Pneus, empresa que possui oito unidades na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), sendo uma voltada para o segmento de caminhões e sete para veículos leves, a percepção do aumento foi muito evidente nos veículos de aro maior que os carros pequenos, como os SUV’s. “Pneus aro 17 tiveram crescimento em torno de 40% nas vendas”, diz o empresário Lucas Silva.
Ele acredita que desde a pandemia, o mercado de reposição ganhou força e a venda de veículos novos reduziu. Aumentando, dessa forma, a venda de pneus para reposição.
O gestor também salienta a competitividade com o produto importado frente à depreciação das taxas de câmbio, contribuindo para o avanço deles no País. Lucas Silva também atribui os números negativos de vendas à retração econômica e ao mercado rodoviário desaquecido.
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