Negócios

Viagens corporativas têm perspectivas recordes para 2023

Previsão do segmento é de fechar o ano com um faturamento recorde que ultrapassa a casa dos R$ 13 bilhões
Viagens corporativas têm perspectivas recordes para 2023
Linhares, da mineira Onfly, acredita que há uma valorização do contato humano | Crédito:

As viagens corporativas foram praticamente canceladas no período da pandemia, mas o ano de 2023, ao que tudo indica, vai mostrar que elas não só retomaram, como ganharam uma importância ainda maior para o mundo dos negócios.

Com previsão de fechar o ano com um faturamento recorde que ultrapassa a casa dos R$ 13 bilhões, dados da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) mostram que no acumulado do ano de janeiro a novembro, o faturamento do setor em 2023 já superou o ano de 2019 (R$ 11,3 bilhões), pré-pandemia, e o ano de 2022, que somou R$ 11,4 bilhões, ao atingir R$ 12,6 bilhões.

O momento positivo deve-se a dois fatores principais levantados pelo diretor-executivo da Abracorp, Humberto Machado. O primeiro deles é a redução das reuniões on-line e a retomada das reuniões presenciais, sobretudo para o fechamento de negócios. “Pensávamos que as reuniões virtuais se manteriam por mais tempo, mas elas retomaram mais rápido do que esperávamos”, comenta.

O segundo fator ele atribui ao aumento das passagens aéreas e das despesas: reservas de hotéis, aluguéis de carro, entre outras. “Os serviços de um modo geral aumentaram muito e isso acaba refletindo no nosso faturamento”, diz.

Além do aumento das passagens das companhias aéreas, a diretora-executiva da Flytour Business Travel, Manuela Bernardes, empresa que atua no ramo há mais de 40 anos, lembra do momento econômico das ‘milheiras’, como a 123 Milhas e Maxmilhas, que entraram com pedido de recuperação judicial e pressionaram o mercado. “Elas acabaram afetando mais o mercado do turismo, mas de certa forma reflete no mercado corporativo também, já que pararam de vender mais barato”, analisa.

Manuela Bernardes ressalta ainda a dimensão territorial brasileira. “O Brasil é um País muito grande e é muito difícil não estar presente no mercado que você precisa. Então, as viagens se tornam necessárias”, comenta.

Crédito: Divulgação/Flytour

Ela percebe que mesmo algumas empresas ainda estando no formato híbrido de trabalho, valorizam a presença em fazer negócios. Seja na consultoria, na realização de projetos, nas reuniões ou nos fechamentos de contratos.

Para Marcelo Linhares, CEO e cofundador da mineira Onfly, agência que oferece gestão de viagens e despesas de empresas, o mundo corporativo passou por um período de pós-pandemia em que as reuniões virtuais continuaram acontecendo.

Na visão dele, as empresas se acomodaram naquele status e só agora estão saindo dele. Linhares acredita que há uma valorização do contato humano. “Ninguém trabalha mais da sede. As pessoas voltaram a viajar e passaram a perceber que a conversão presencial é maior que a on-line”, comenta. Na visão do CEO, é uma tendência que só tende a aumentar.

Isso porque a Onfly cresce anualmente e já abocanha cerca de 1.300 clientes. Só este ano, o aumento no faturamento atingiu cerca de 130%. “Para o ano que vem, nossa expectativa é crescer ainda mais, cerca de 100%”, diz. Porém, assim como os outros, acredita que parte do faturamento advém da inflação.

A Voll, outra agência especializada mineira no setor de viagens e gastos corporativos, e que também atua na gestão de toda a jornada das viagens corporativas, tem dobrado de tamanho anualmente e percebido o cenário promissor. Com escritórios em Belo Horizonte e em São Paulo, a empresa, que funciona de forma híbrida já emprega mais de 300 colaboradores, possui 500 clientes e mais de 700 mil usuários.

Maior parte das nossas rotas é corporativa, diz Moura | Crédito: Divulgação/Voll

“Registramos 4,8 milhões de viagens em 2023, o número é praticamente o dobro que 2022 e, para 2024, pretendemos dobrar de tamanho e alcançar a casa dos 10 milhões de viagens”, prospecta o CEO e cofundador da Voll, Luiz Moura. Ele revela que o faturamento da empresa já soma, neste ano, R$ 859 milhões e espera atingir R$ 1,3 bilhão em 2024.

De acordo com Moura, estima-se que no Brasil de cada 10 assentos de um avião, seis sejam ocupados por viajantes a trabalho e é por isso que ele acredita em um cenário ainda mais otimista para 2024. “A maior parte das nossas rotas são corporativas e as empresas estão cada vez mais buscando controle e visibilidade destes custos que são muito expressivos nas empresas”, comenta.

Ele ressalta ainda que além de se preocuparem com as despesas, as empresas também estão atentas à rastreabilidade do colaborador. “Estamos falando de um mundo em conflitos bélicos. Então, a empresa precisa saber quem está indo, para onde está indo e quais as necessidades específicas destes lugares”, avalia.

Outro ponto que deixa Moura otimista para 2024 é a menor quantidade de feriados nacionais. “Nosso setor trabalha com dias úteis, havendo menos feriados em dias úteis, é uma projeção melhor para nós”, destaca.

Retomada dos eventos corporativos ainda é desafio

Para o diretor da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), Humberto Machado, os eventos corporativos não retomaram ainda como era esperado e ele espera que no próximo ano, este quesito esteja melhor.

“Os eventos estão menores e há menos público. Alguns setores mudaram o perfil deles, reduziram o tamanho e o estilo. Estão mais cautelosos”, avalia.

Ele lembra também da oferta das passagens aéreas. “Estamos com uma demanda alta de passagens aéreas e um alto preço; se as companhias voltarem a oferecer mais assento promocionais a gente equilibra melhor o setor”, finaliza.

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