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Vidro produzido no Brasil ajuda Verallia a bater metas globais de ESG

Para produzir vidro com sustentabilidade, multinacional francesa conta com conhecimento e inovações brasileiras
Vidro produzido no Brasil ajuda Verallia a bater metas globais de ESG
A multinacional francesa opera três unidades em território nacional, uma delas em Minas | Crédito: Divulgação/Verallia

Para atingir a ambiciosa meta de 60% de eletricidade certificada renovável ou de baixo carbono em seu mix elétrico global até 2025 e 90% até 2040, a Verallia – terceira maior produtora mundial de embalagens de vidro para alimentos e bebidas – conta com o destacado desempenho das unidades brasileiras nas práticas ESG.

Presente em 12 países, a multinacional francesa opera três unidades em território nacional: Campo Bom (RS), Porto Ferreira (SP) e Jacutinga, no Sul de Minas. Todas trabalham 100% com energia renovável. A unidade mineira é considerada a mais moderna de toda a companhia, está entre as três com menor emissão de gás carbônico e entre as mais produtivas globalmente.

De acordo com a gerente de Projetos CO2 e CSR da Verallia na América do Sul, Sofia Wurlitzer, a matriz energética brasileira – sendo 50,5% hídrica e 15% solar fotovoltaica, segundo dados da Absolar – ajuda no alcance dos objetivos, mas, ainda assim, operar nesses padrões exige uma decisão estratégica global com aplicação local.

“Estamos em muitos países e cada um tem uma matriz energética diferente. Claro que a matriz brasileira ser predominantemente hidráulica, que é considerada limpa, facilita as coisas, mas muitas empresas precisam ou escolhem usar outras fontes. No nosso caso, vem das hidrelétricas”, explica Sofia Wurlitzer.

O Grupo também está se mobilizando para acompanhar a meta da União Europeia de substituir os combustíveis fósseis por hidrogênio produzido a partir de energia renovável. A Verallia está realizando testes ao abastecer uma das fábricas alemãs com um gás de coque, que pode conter até 50% de hidrogênio.

Por fim, vários projetos estão em curso para estudar a substituição do gás natural por biocombustíveis produzidos nas proximidades das unidades, como na fábrica de Saragoça, que iniciou o uso contínuo de biocombustível para atender até 15% de suas necessidades em 2022.

Pioneirismo na cadeia do vidro

No Brasil, o Grupo lançou o programa “Vidro Vira Vidro”, com a instalação de Pontos de Entrega Voluntária (PEV). Cerca de 600 contêineres foram instalados em 2023, em cinco estados. A meta é chegar a 1.500 PEVs até 2026. Estão sendo organizadas parcerias com bares e restaurantes por todo o País para explorar o potencial significativo de coleta que representam, bem como ONGs e o poder público para conscientizar a população sobre a reciclagem.

A expectativa, a partir de 2026, é coletar 24 mil toneladas de caco por ano, que ajudarão a reduzir as emissões CO2 no processo de fabricação de embalagens de vidro, consumo de energia e o uso de matéria-prima virgem.

Hoje, é estimado pelo setor que 75% dos vidros consumidos vão para aterros sanitários e apenas 25% são reciclados. A cada 10% de caco utilizado na produção, pode-se reduzir 5% de CO2 emitido e 2,5% a menos de consumo de energia no processo de fabricação.

Sofia Wurlitzer: maior desafio é a destinação correta do vidro | Crédito: Divulgação / Verallia

Além dos próprios resultados, o braço brasileiro da companhia contribui exportando conhecimento e soluções para a matriz. A unidade de Jacutinga, entre outras tecnologias, implementou a recirculação total da água na planta produtiva e também nos setores administrativos.

“Hoje o maior desafio é fazer com que o consumidor final destine corretamente o vidro usado. Pensando nisso, temos diversas iniciativas, sendo a mais importante a ‘Vidro Vira Vidro’. O programa é um exemplo de ação. Mantemos um intercâmbio constante de ideias e informações com a matriz. Posso me arriscar a dizer que o Brasil é referência em engajamento de equipe, segurança e produtividade”, pontua.

Para garantir a continuidade dos bons resultados e enfrentar a escassez de mão de obra qualificada, a empresa investe em qualificação e treinamento. No Sul de Minas, a parceria com o Serviço de Aprendizagem Industrial (Senai) ajuda na formação de profissionais técnicos. Isso contribui também com as políticas de responsabilidade social da companhia, fortalecendo ações de diversidade e inclusão. 20% da mão de obra no chão de fábrica já é formada por mulheres.

“Fazemos parte de um setor muito tradicional e masculinizado. As nossas metas de diversidade são desafiadoras. Mas aprendemos que ser responsável e trabalhar com equilíbrio gera vantagem competitiva. Os clientes e os acionistas buscam por cada vez mais por empresas sustentáveis. A visão pragmática traz resultados. O propósito, que é “reimaginar o vidro para um futuro sustentável”, nos ajuda a dar materialidade a essa mentalidade”, completa a gerente de Projetos CO2 e CSR da Verallia na América do Sul.

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