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Volta às aulas eleva preço do material usado nas escolas

Volta às aulas eleva preço do material usado nas escolas
As vendas das livrarias e papelarias ficam intensas com a proximidade do ano letivo | Crédito: Divulgação

O fim de ano atípico, que misturou eleições, Copa do Mundo de futebol e chuva acima da média, fez com que muita gente desligasse a agenda comum de compromissos. Passadas as festas de Natal e Réveillon, porém, não tem mais jeito: pais e mães têm que arranjar tempo e dinheiro para cumprir com a inescapável visita anual às papelarias e livrarias – sejam elas físicas ou virtuais. A missão é comprar a lista de material escolar atendendo às exigências das escolas e ao desejo das crianças sem desequilibrar o orçamento familiar.

A Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae) prevê aumento de até 30% no preço desses produtos se comparados a igual período de 2022. Inflação alta, real desvalorizado e quebra nas cadeias de suprimento, especialmente de insumos muito importantes como papel e papelão, compõem a explicação para tal aumento.

De acordo com a proprietária da Papelaria Van Gogh, Fátima Homem, que também é coordenadora do Grupo de Papelarias da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), por enquanto, a maioria dos pais está na fase da pesquisa de preços. Há 40 anos instalada no bairro São Luiz (região da Pampulha), a loja conta com 21 mil itens e aposta em um trabalho que exige um olhar atento para as novidades e no cultivo de um relacionamento de longo prazo com pais e escolas da região.

“O movimento no início do mês é fraco porque muita gente está viajando. Eu sou sempre otimista, apesar das pessoas estarem pesquisando mais, comprando só o que está na lista. O que mais pesa é o preço dos livros. Eles chegam a custar até mais de seis vezes o valor do restante da lista. A gente vende a lista por causa dos livros, mas muitas escolas fazem convênios direto com as editoras, sem passar pelas livrarias.

Lutamos também contra o aumento de preços das indústrias e o preço do frete – que subiu muito nos últimos dois anos. Para enfrentar essa situação trazemos novidades e oferecemos qualidade, além de comodidade, como entregar na casa do cliente e vender através do site, marketplaces e WhatsApp. Esse último tem sido a preferência dos nossos consumidores”, explica Fátima Homem.

Para conhecer e escolher as novidades que enchem os olhos da criançada em janeiro, a empresária começa a trabalhar em agosto, quando vai para uma feira internacional do setor que acontece em São Paulo. Encomendas feitas, é hora de percorrer as escolas da região da Pampulha divulgando os “achados” e contribuindo no planejamento das atividades pedagógicas do ano seguinte.

“Por aqui já passaram gerações. Hoje já atendo os netos dos meus primeiros compradores. Esse trabalho de relacionamento para uma papelaria de bairro é muito importante. Aqui eu procuro ter todos os itens de marcas variadas para que os pais possam fazer a lista completa a um custo que caiba no orçamento sem ter que abrir mão da qualidade”, pontua.

Criada em 1993, a Port é uma distribuidora oficial de grandes marcas nacionais e importadas de artigos de papelaria, informática e materiais de escritório, focada em diferentes públicos, como pessoas físicas, profissionais e empresas disponíveis em quatro lojas na Capital, uma em Betim e outra em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), além de dois centros de distribuição (CDs), um em Vespasiano, também na RMBH, e outro em Brasília (DF).

Para a gerente de Varejo da Port, Gislene Santana, o mês de janeiro já começou animado e a expectativa é um crescimento superior a 15% na relação com o mesmo período de 2022.

A chamada “papelaria fofa” ou “papelaria fina” é o segmento que mais cresce e onde estão os principais lançamentos da indústria. Para garantir a satisfação dos estudantes, especialmente os menores, e o equilíbrio financeiro das famílias, a rede oferece oportunidades de parcelamento e desconto fora dos produtos em promoção.

“A pandemia atingiu em cheio o setor e, 2022, apesar da volta ao presencial, ainda foi de recuperação, com os pais renovando pouco os materiais escolares por medo de um novo fechamento das escolas.

Agora temos um clima diferente, com as pessoas mais felizes e animadas, mas, ainda assim, prestando atenção aos preços. A gente espera que o cliente venha conhecer a loja. A experiência é muito importante para esse público que quer abrir, tocar, testar o produto. Acreditamos que 70% das nossas vendas neste ‘volta às aulas’ seja presencial”, avalia Gislene Santana.

Tradição

Entre as mais importantes redes de papelaria e livraria do País, a Leitura surgiu em Belo Horizonte em 1967, na Galeria Ouvidor (hipercentro), vendendo livros novos e usados. A rede tem atualmente 99 lojas distribuídas em 22 unidades da Federação e conta ainda com a Leitura Distribuidora de Livros, o atacado de papelaria PLM, as quatro lojas de departamento D+ Casa e Presentes e o site de vendas leitura.com.

Dos tempos da inauguração para os atuais, muita coisa mudou. Segundo o sócio-gerente da Leitura, Gustavo Teles, os livros que eram a grande âncora do “volta às aulas”, hoje representam apenas 3% do total de vendas nesse período.

No total de produtos, 70% são de importados e a maior dificuldade não é o aumento de preços, mas os prazos de entrega com os sucessivos fechamentos das cidades chinesas nos últimos meses por conta da política de “Covid Zero” no país asiático. Entre os produtos nacionais, o mais importante são os cadernos, responsáveis por 25% das vendas totais.

“Nossa expectativa é muito boa. Devemos crescer 40% em papelaria, superando 2020 nas mesmas lojas. Janeiro equivale a 2,5 vezes um mês normal, por isso, contratamos mais gente agora do que em dezembro. Estamos crescendo inclusive na literatura. O maior crescimento é no público juvenil. De três anos pra cá, a papelaria fofa/ papelaria fina tem tido maior destaque, fazendo crescer o tíquete médio.

Tudo que tem ligação com o estudo o pai cede um pouco mais e acaba fazendo algumas vontades da criança”, destaca Teles.

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