WayCarbon lança projeto na COP 26

A avaliação dos riscos ambientais é cada vez mais importante para a concessão de crédito por parte das instituições financeiras, especialmente os bancos estatais de desenvolvimento. Essa avaliação, até aqui, é composta por duas partes que são analisadas separadamente: os riscos físicos – como os eventos climáticos extremos – e os riscos de transição, como o impacto sobre a matriz energética do País a partir da eletrificação da frota, por exemplo.
Para integrar essas partes e tornar a análise mais completa, rápida e assertiva, a WayCarbon lançou na COP 26 o projeto Mainstreaming Climate Risk Assessment in Credit Operations of Brazilian Development Banks (Integração da Avaliação de Risco Climático em Operações de Crédito de Bancos de Desenvolvimento Brasileiros). A proposta da empresa mineira é criar uma ferramenta em Excel para apoiar os bancos de desenvolvimento em operações financeiras levando em conta o impacto do risco climático.
De acordo com a gerente técnica da WayCarbon, Laura Albuquerque, a solução vai permitir que o banco faça uma análise de risco mais completa, tomando uma melhor decisão na concessão daquele crédito com parâmetros de curto, médio e longo prazo.
“Escolhemos o Excel por ser uma ferramenta simples e comum no mundo inteiro. Já vivemos o desafio da mudança do clima e sabemos que o Brasil vai sofrer impactos importantes. Sabemos também que os bancos de desenvolvimento têm um papel importante no financiamento da base da economia dos estados. Então essa ferramenta vem para ajudar na análise de risco para que ela seja feita de uma forma mais assertiva e, em última análise, esse recurso que é público seja melhor aplicado”, explica Laura Albuquerque.
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O projeto é financiado pelo programa britânico UK Pact, que investiu 486 mil libras. O UK Pact é um programa do International Climate Finance (ICF), que destinará £60 milhões para projetos que visam a endereçar os desafios da mudança do clima, financiado pelo Department for Business, Energy and Industrial Strategy (BEIS) do Reino Unido.
O UK PACT procurou ideias inovadoras que abordam desafios específicos de baixo carbono, que possuam resultados mensuráveis e, além disso, promovam inclusão social e inspirem ações futuras para aumentar a ambição climática em escala e, ao mesmo tempo, apoiar países na reconstrução de suas economias após a pandemia da Covid-19.
Entre mais de 500 projetos submetidos à linha Greening Financial Systems (GFS), a proposta da WayCarbon, em parceria com a 2Degrees Investing Initiative, foi selecionada junto a nove finalistas. O eixo Electrifying Urban Mobility Projects, por sua vez, selecionou sete projetos.
Pioneirismo mineiro
O primeiro banco a usar a ferramenta no período de desenvolvimento atual é o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), mas, depois de pronto, o software será aberto para todos os bancos de desenvolvimento do mundo, com interface amigável para quem não tiver intimidade com tais recursos.
Assumindo os perfis de concessão do BDMG e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foram escolhidos três setores: Agropecuário (cultivo de café, soja e cana de açúcar e criação de animais – aves, suínos e bovinos); Energia (geração de energia solar, geração de energia hidrelétrica CGH – 5MW, geração de energia hidrelétrica PHC – 30MW – e linhas de transmissão); e Indústria (fabricação de álcool e/ou açúcar, fabricação de laticínios e fabricação de peças e acessórios para veículos automotores).
“Estamos consolidando a ferramenta, construindo a análise com o BDMG. Fizemos escolha dos setores observando o perfil dos clientes do BDMG e do BNDES e também observando o mercado com uma visão de longo prazo. O uso da ferramenta tem também como resultado secundário fornecer informações para a construção das políticas públicas de financiamento. Nossa ideia é que essa análise faça parte da rotina de avaliações dos bancos. Outro ponto importante é que ela também vai ajudar na prestação de contas que essas instituições são obrigadas a fazer para o regulador”, pontua a gerente-técnica da WayCarbon.
A previsão é de que o projeto esteja pronto para rodar a partir de junho do ano que vem. A partir daí os bancos de desenvolvimento brasileiros terão acesso liberado à ferramenta e poderão se capacitar para usá-la.
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