A coopetição como estratégia de negócios

A coopetição tem ganhado espaço no mercado. Tal estratégia de negócios busca combinar as características tanto da cooperação quanto da competição. Como preceito, fomenta sinergias viáveis entre concorrentes para viabilizar negócios mais inteligentes em um mercado múltiplo e saudável. A mais-valia da coopetição são as parcerias que se estabelecem em redes de desenvolvimento glocais.
Unir esforços com um concorrente poderá desbloquear o que de outra forma estaria guardado na gaveta. Numa relação de coopetição, as empresas procuram ganhar sempre algo, seja know-how, novas tecnologias, recursos, acesso a novos mercados ou qualquer outro elemento que colabore com sua performance.
O trabalho conjunto das empresas aliadas origina uma inevitável partilha de conhecimentos. A troca de conhecimentos pode envolver patentes, a novas metodologias ou algo intangível, como novas competências e know-how muito específicos.
Apesar de muito comentado atualmente, esse não é um conceito novo. Mas continua sendo útil para a aplicação no planejamento estratégico das empresas. “Coopetion” tem sido adotada e praticada em projetos mais frequentemente relacionados ao desenvolvimento sustentável, sendo importante ferramenta de ESG, Environmental, Social and Governance.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Isso não é por acaso. Tais projetos convidam os atores de uma comunidade, um sistema de uso de serviços ou produtos a trabalharem juntos para redefinir seus contornos desde sua criação até o fim do ciclo de vida de seus componentes através da otimização de seu valor de uso.
Há setores industriais que estão optando pela coopetição como o lançamento de ferramentas de diagnóstico para o consumo de energia. A francesa Saint Gobain, por exemplo, uniu forças com alguns de seus concorrentes para se tornar parte do programa Tipcheck, que é uma iniciativa de âmbito europeu para apoiar iniciativas industriais, para reduzir o consumo de energia em instalações industriais. O objetivo era fornecer aos fabricantes soluções para economizar energia e reduzir as emissões de CO através da melhoria de seus sistemas de isolamento técnico. Uma campanha de comunicação também foi apoiada sobre este tema em cooperação.
O que estas empresas ganharam com a parceria? Uma redução no consumo de carbono e diretamente uma redução no consumo de energia de 80% até 2050, além de contribuir com o mercado, colaborar para o bem comum e promover a reputação social das marcas envolvidas.
Outro exemplo interessante da cooperação entre dois gigantes da alimentação. Danone e Nestlé uniram forças em 2017 para desenvolver um programa de pesquisa para produzir garrafas plásticas 100% biobaseadas. A PepsiCo juntou-se aos dois primeiros um ano depois. Os três grupos construíram posteriormente uma planta de demonstração, um protótipo, em Ontário, Canadá, capaz de produzir 18.000 toneladas deste plástico biobásico.
Em qualquer dos casos apresentados, poderíamos dizer que são empresas engajadas em uma luta para salvar o planeta e, portanto, elas mesmas com seu próprio sistema de criação de valor interno e externo. Esse é parte do segredo do sucesso da estratégia da coopetição: tem impacto a curto, médio e longo prazos considerando que seus clientes internos e externos estão cada vez mais preocupados com os valores embutidos nos produtos que consomem.
Vale destacar ainda que esses modelos de cooperação não são aplicados a todos os setores ou natureza de negócios. Alguns têm em sua base a competição e isso funciona dentro da legalidade dos mercados.
Esse modelo está longe das abordagens das empresas envolvidas em um programa de coopetição a serviço da sociedade, ou a serviço das partes interessadas de um sistema de mercado próspero e colaborativo.
Porém, de modo geral, vejo que em algum momento a mudança virá. Estão aparecendo sinais sobre um declínio dessa natureza de domínio de mercado. Leis de proteção de dados (LGPD no Brasil) e outros tipos de regulamentação já foram aprovados e devem finalmente vir para controlar o uso do ouro do século 21 que são dados!
Em paralelo, o mundo da educação vem instrumentalizando a formação de líderes com vivência multicultural, excelência técnica, inteligência emocional, empatia e resiliência. É tarefa de todos nós, educadores de futuros gestores, criar, fomentar e encontrar parcerias internacionais ou mesmo interdisciplinares para fazer avançar a pesquisa e a oferta educacional. A SKEMA Business School tem feito no Brasil e no mundo. Temos um longo caminho a percorrer. Mas estamos firmes no desafio de identificar conjuntamente ações que tragam valor para o setor educacional e para a sociedade.
Ouça a rádio de Minas