A cor do gato
Cesar Vanucci*
“Vacinação em massa e gratuita” (Joseph Biden, presidente do EUA)
Assim que definida, de modo insofismável, sua escolha como presidente dos Estados Unidos da América, Joseph Biden anunciou vacinação gratuita contra a Covid-19 para todos. Traduziu irrefreável vontade das ruas. Todas elas. Ruas de seu país. Ruas do mundo inteiro.
Uma vacina que seja capaz de assegurar imunização contra o flagelo que açoita a humanidade constitui, certeiramente, nesta quadra da existência humana, aspiração suprema ardentemente compartilhada pela gente do povo em todos os quadrantes do planeta. Independentemente de nacionalidade, cultura, etnia, credo, idioma, hábitos comportamentais, condição social, todos, em todos os lugares, anseiam pelo momento histórico em que a Ciência irá fazer uma proclamação liberando a fórmula, ou as fórmulas farmacêuticas eficazes para o combate vitorioso ao vírus letal. Tanto as lideranças conscientes quanto a opinião pública compenetrada de suas prerrogativas nas práticas cidadãs estão suficientemente informadas de que a ela, Ciência, é que toca proferir a decisão acerca dos procedimentos corretos a serem adotados, na momentosa questão da vacinação, no sentido de garantir a almejada proteção das populações.
A “politização da vacina”, acirrando fastidiosas polêmicas, dando vaza a egocentrismos e a reações demagógicas, bem como a manifestações histéricas fundamentalistas e teorias conspiratórias dos “terraplanistas” de carteirinha, coloca em desconforto a sociedade. Agride o sentimento das ruas. O sentimento nacional. Traz desassossego e confusão. O bom-senso e o acatamento comunitário confiante às recomendações emanadas das instituições científicas oferecem blindagem contra esses fatores de distorção dos fatos e de negacionismos mórbidos e persistentes.
Um velho ditado anota que não importa a cor do gato, o que importa mesmo é que ele, gato, pegue o rato. Trazendo o emblemático conceito para a faixa cotidiana em que ocorrem as estéreis discussões provocadas por uma minoria barulhenta, é o caso de se afirmar, em alto tom, não importar coisa nenhuma que a vacina seja inglesa, americana, chinesa, australiana, alemã, canadense, russa. O que importa, de verdade, é que ela imunize as pessoas contra a enfermidade. Assegure proteção ampla, geral, irrestrita, tenha efeitos duradouros e, quem sabe até, definitivos.
Há uma “torcida uniformizada” global aí, carregada de esperança, aguardando que todos os experimentos laboratoriais em curso cheguem, no mais curto espaço possível, e, se possível também, todos ao mesmo tempo, ao derradeiro e redentor objetivo. E que, ainda, as vacinas possam, todas elas, ser produzidas em escala volumosa suficiente de modo a favorecer utilização maciça imediata, a custo zero, pelas multidões.
A propósito, o provérbio acima citado é chinês. Seu entendimento, universal.
- A jornada existencial de cada pessoa tem como base o lugar de sua morada. É ali que se desenrolam suas atividades laborais, culturais, de lazer. É ali que estão localizadas suas experiências, referências e lembranças; os principais elos de sua convivência comunitária. Enfim, no lugar que lhe serve de domicilio é que se acham cravadas as raízes de sua história pessoal. Todas essas considerações surgem a propósito do importante evento prestes a acontecer: as eleições que apontarão os responsáveis pelos rumos administrativos dos milhares de municípios brasileiros. O pleito há que ser visto como uma festa cívica de suprema grandeza no contexto democrático. Das decisões confiadas aos eleitores brotarão, por certo, inspirações, sugestões em condições de nortear a caminhada política, social e econômica da pátria. Células vibrantes do todo territorial brasileiro, os municípios irradiam aspirações e virtualidades que compõem o sentimento nacional. A escolha, entre as candidaturas, dos mais capacitados, dos detentores das melhores propostas garante avanços políticos apreciáveis. As manifestações das urnas costumam trazer sempre recados preciosos às lideranças. Que isso fique, mais uma vez, claramente expresso nas apurações, como contribuição que ajude a estruturar políticas sociais que melhormente atendam ao interesse coletivo.
*Jornalista ([email protected])
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