Opinião

A definição de prioridades e o futuro do Brasil

Dino Bastos*

Nunca foi tão difícil entender qual é a prioridade das pessoas ao definir seus votos. Fazem leituras do passado, do futuro, falam dos perfis pessoais dos políticos, mas apresentam pouco das propostas estabelecidas por eles. E, não há definição de um critério claro sobre o que é prioritário para um projeto de governo.

É preciso compreender que está em nossas mãos escolher uma equipe para gerenciar nossa sociedade, estado e país. Não estamos escolhendo quem será amigo(a), namorada(o) ou cliente. Administrar algo com essa complexidade exige técnica, e não carisma ou simpatia, que são indispensáveis, mas, para outros fins.

Quem governa deve entender o que as pessoas precisam e sonham para suas vidas e futuro. E isso é complexo. Mas, alguns pontos são comuns a todos, como: saúde, segurança, alimentação, moradia, informação, transporte, educação e lazer. Somos consumidores disso tudo por essência, sobrevivência, portanto esse é o fim. E sabemos que muitos não têm essas necessidades atendidas. Mas temos certeza de que o meio para atingir todas elas é o trabalho. Entendendo isso, pode-se enxergar com mais clareza as prioridades.

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De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no cenário atual brasileiro, a taxa de desemprego é de 12,4%, ou seja, cerca de 13 milhões de pessoas estão sem trabalho. Uma explicação para esse dado exorbitante é o fechamento de quase 350 mil empresas no País, entre 2013 e 2016, auge da crise econômica. Vários fatores estão no cerne desse problema e todos resultam de uma má administração dos recursos pelo governo.

A gestão pré-crise direcionou seu esforço em dar crédito para as pessoas consumirem, ao invés de oferecer uma estrutura de produtividade para as empresas brasileiras de forma que a produção e a livre concorrência fossem incentivadas. Com baixo nível de competitividade interno, mas com crédito, o consumo aumentou, inclusive de produtos fora do Brasil, pois estavam mais baratos. O resultado disso foi uma falsa sensação de que tudo havia melhorado. Entretanto, com o passar do tempo, sem melhorias na produtividade e no mercado interno, com pessoas e empresas endividadas, e produtos cada vez mais caros, a conta chegou.

Além disso, a arrecadação do governo, que cresceu em determinado momento, foi usada para inchar progressivamente o aparelho estatal, com estruturas cada vez mais improdutivas e burocráticas. Com a quebra generalizada, a arrecadação caiu. Outros gastos relevantes por parte do governo, como a Previdência subiram, o que gerou um déficit no País, dificultando ações que poderiam melhorar a produtividade como, por exemplo, a redução dos impostos. A consequência foi a falência de empresas, desemprego, e uma dívida superlativa se comparada ao PIB.

O Brasil ainda possui “particularidades” que contribuíram para uma crise de competitividade e produtividade. De acordo com consultorias internacionais, para se contratar um funcionário no País, a empresa irá pagar 3,5 vezes mais do que a média mundial, em encargos trabalhistas. Esse é o “imposto” para se empregar. O que é chamado de “direito trabalhista” por alguns dos nossos candidatos.

Soma-se a isso o fato de vivermos num oligopólio bancário, com opções de empréstimo e financiamentos em poucos bancos. Conforme dados do Banco Mundial, ocupamos o segundo lugar no ranking mundial em spread bancário, tornando as taxas de juros ao consumidor final uma das maiores do mundo.
Ainda segundo o banco, o Brasil é o país mais burocrático do mundo. São 2 mil horas e R$ 60 bilhões gastos somente em burocracia tributária por ano. A Bolívia, para título de comparação, que é a segunda pior, gasta metade dessas horas. Todas essas estruturas excessivas, que não produzem nada, somadas a outras, levam o Brasil a uma queda cada vez mais agressiva, e à atualmente incômoda 125ª posição no ranking mundial em ambiente de negócios, outro dado do Banco Mundial.

Tudo isso mostra que, enquanto os consumidores estão endividados e/ou sem emprego, as empresas ficam sem repertório para trabalhar soluções de melhoria nos produtos e serviços e permitir que os preços fiquem mais acessíveis. Todo esse custo estrutural está embutido nos preços aplicados ao consumidor final. E o dinheiro circula na mão de quem pouco produz ou vai para a burocracia. Definitivamente perdemos o critério da boa administração dos recursos.

Se, neste momento, os eleitores não souberem fazer uma leitura do passado recente, enxergar resultados e definir bem as prioridades, os investidores, elites endinheiradas, empreendedores e pessoas capazes de oferecer oportunidades a outras, sabem muito bem. E, optar por investir aqui no Brasil, num possível cenário de retrocessos, é que não vai ser. Este é um momento de definição.

* Presidente da ACMinas Jovem e Vice-presidente da Partners Comunicação Integrada

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