Opinião

A dimensão social – a virtuose metodológica

A dimensão social – a virtuose metodológica

Das seis dimensões cobertas pelas perspectivas do Modelo da Sustentabilidade em 6D, a Social é a que concentra os sistemas que suportam os coletivos humanos em suas demandas: educação, habitação, saneamento, saúde (mental incluída), segurança (inclusive alimentar), profissionalização, assistência biopsicossocial, turismo, esportes, entre outras. Os mais vulneráveis pela exclusão são os que mais sentem os impactos dos desvios nas dimensões que gerem o social, como a Política e a Econômica.

A educação é a porta de entrada da cidadania e falhas nesse sistema podem impedir uma pessoa de se tornar protagonista de sua própria história. Em países em desenvolvimento como o Brasil, conta-se ainda com três outros antagonistas da autossuficiência humana e social: o centralismo (o Estado é o Deus e seu eterno provedor); o clientelismo (prometo-lhes isso em troca daquilo) e o assistencialismo (dá-se o peixe e não se ensina a pescar). É oportuno manter comunidades dependentes porque isso favorece interesses políticos em geral (lideranças sociais, representantes públicos, currais eleitorais, etc).

No novo modelo, isso é combatido. O ser humano precisa ser o agente do desenvolvimento sustentável a bordo do pensar coletivo, mas sua ação é individual e autônoma, devendo garantir sua própria sustentabilidade via autoconhecimento e autorresponsabilidade. Há, contudo, previsão de eventuais ações (pontuais), para suprirem, temporariamente, alguma necessidade assistencial, mas esta não pode perdurar sem que o destinatário do recurso – seja ele um indivíduo ou uma instituição – evolua ao ponto de alcançar sua própria sustentação. O modelo também prevê intervenções sistêmicas no alvo das iniciativas sociais. Estas se dão por meio de metodologias, tecnologias ou provimento de informação / conhecimento através de qualquer forma de transmissão (documental: estatutos e referências legislativas, etc; publicitária: cartilhas, campanhas e conteúdos de mídia em geral, ou intelectual: artigos, livros, aulas, palestras, reuniões e eventos técnicos), entre outros.

A completude da ‘intervenção social sistêmica’ acontece quando há sintonia entre metodologias e tecnologias com diferentes fins, objetivando maior integração e abrangência no alcance do público-alvo. Por exemplo, existem interseções de complementaridade entre metodologias que evitam a evasão e a violência escolar, favorecendo bons índices no boletim dos alunos (como o método indiano: Educação em Valores Humanos – EVH) e o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência – Proerd (com origem nos EUA e aplicado no Brasil pela Polícia Militar). Ambas buscam a blindagem dos jovens, evitando o abandono dos estudos, a adesão ao tráfico e o uso de entorpecentes, assim como a violência nas escolas e o conflito com a lei. A EVH e o Proerd integram-se em suas finalidades e oferecem conectores com o programa Trabalho, Justiça e Cidadania – TJC, voluntariamente mantido por profissionais das esferas trabalhistas (TRTs e MPTs) com a coordenação geral da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho – Anamatra.

Seu objetivo é levar a importância do trabalho e da honestidade na vida, assim como noções básicas das leis trabalhistas aos profissionais da rede pública de ensino e aos alunos, bem como às suas famílias (comunidade). A essa tríade metodológica integram-se os Bancos de Microcréditos (financiamento de pequenos empreendimentos com moeda local para que o capital não evada da comunidade-alvo) e as técnicas de Empoderamento Social / Geração de Epicentros de Desenvolvimento, que dão capacitação e suporte econômico e financeiro (renda) aos pais e irmãos mais velhos dos estudantes, para a estabilidade familiar e o suporte aos jovens durante sua jornada escolar / profissionalizante. Normalmente por meio da Economia Solidária e Criativa e do Associativismo em geral.

Os alvos são as famílias, mas o foco é o jovem. E quando ocorrem insuficiências na complementaridade desses filtros de proteção e um jovem termina internado em um Instituto Socioeducativo, por exemplo? É possível reintegrá-lo à sociedade? Como o dilema da sociointernação e da detenção (adultos) é tratado no escopo da dimensão Social da Sustentabilidade? Por que isso deveria estar no radar da responsabilidade social empresarial – RSE? É o que examinaremos na edição da próxima quinta-feira. Até lá!

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