Opinião

A executiva bem-sucedida (II)

A executiva bem-sucedida (II)
Crédito: Freepik

“O desafio que temos pela frente vai resultar em um turnaround…” (Garante a executiva bem-sucedida a São Pedro)

Como se diz nas novelas da Globo: “No capitulo passado…” (Abra-se aqui parêntese para anotar que uma grande parte dos telespectadores alega não ver novela, mas, no duro da batatolina, acompanha com religiosa assiduidade, expressando interesse cortante, no tagarelar com amigos, pelas peripécias dos galãs e vilões. Fecha-se o parêntese).

Retomemos, então, o fio da narrativa. No capítulo passado, a história foi interrompida no instante em que a executiva bem-sucedida propunha a São Pedro, coordenador do Paraíso, um plano de trabalho com vistas a aproveitar as “enormes oportunidades para dar upgrade na produtividade sistêmica” do lugar.

Como é do conhecimento do atento leitor, este “minifúndio de papel” está reproduzindo saboroso texto, rico em erudição e muito bem-humorado, de Max Gehringer, publicado há duas décadas na revista “Exame”, que narra a chegada ao céu de uma executiva devidamente apetrechada de conhecimentos tecnológicos avançados na modernização de locais de trabalho. Ela, na parte anterior do relato, explica a Pedro qual é o “plano ideal” para tornar o ambiente mais adequado. Daqui pra frente segue a história do autor.

“- Diz Pedro: Que interessante…

– É claro que, antes de tudo, precisaríamos de uma hierarquização e um organograma funcional, nada que dinâmicas de grupo e avaliações de perfis psicológicos não consigam resolver.

– !!!…???…

– Aí, contrataríamos uma consultoria especializada para nos ajudar a definir as estratégias operacionais e estabeleceríamos algumas metas factíveis de leverage, maximizando, dessa forma, o retorno do investimento do Grande Acionista… Ele existe, certo?

– Sobre todas as coisas.

– Ótimo.

O passo seguinte seria partir para um downsizing progressivo, encontrar sinergias high-tech, redigir manuais de procedimento, definir o marketing mix e investir no desenvolvimento de produtos alternativos de alto valor agregado. O mercado telestérico, por exemplo, me parece extremamente atrativo.

– Incrível!

– É óbvio que, para conseguir tudo isso, nós dois teremos que nomear um board de altíssimo nível. Com um pacote de remuneração atraente, é claro. Coisa assim de salário de seis dígitos e todos os fringe benefits e mordomias de praxe. Porque, agora falando de colega para colega, tenho certeza de que você vai concordar comigo, Pedro.

O desafio que temos pela frente vai resultar em um Turnaround radical.

-Impressionante!

-Isso significa que podemos partir para a implementação?

– Não.

Significa que você terá um futuro brilhante… se for trabalhar com o nosso concorrente. Porque você acaba de descrever, exatamente, como funciona o Inferno…”

Vez do leitor. O artigo “Controvérsia em torno de um texto” (DC 12.8), suscitou os comentários abaixo. Escritor Hamilton Almeida: “Caro Cesar, o texto maravilhoso é da Martha Medeiros.” Escritor Mário Salvador: Olá! Como sempre, ótimo artigo… E, cá entre nós, o Pablo Neruda “bate um bolão!!!” Parabéns, uma vez mais. “Quem não tem nada o que fazer, faz coisas boas, uai”. Magda Pagão: “O Pablo Neruda ou a Martha Medeiros, qualquer que seja o autor do sugestivo poema, esqueceu-se de dizer que também morre lentamente quem vê o desgoverno brasileiro…”

Sobre o artigo “Há um limite pra tudo” (DC.10.8), Balduino Cézar Rabelo escreve: “Democradura, que tenta, com manipulações totalitárias e artificios jurídicos, anular o resultado das eleições!”. Manifestação de José Odilon Coelho Leal a respeito do mesmo artigo: “Muito bom César . Concordo plenamente”.

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