Opinião

A gente não muda porque quer, mas porque precisa

A gente não muda porque quer, mas porque precisa
Crédito: Carmine Furletti

Nas palavras do estadista Napoleão Bonaparte, “a grande arte é mudar durante a batalha. Ai do general que vai para o combate com um esquema”. Embora tenha mais de dois séculos, essa frase permanece atual e nos faz refletir muito sobre este período de pandemia do coronavírus, que vivenciamos há mais de um ano e meio, com impactos nas nações, nas empresas e nos empregados de todos os níveis hierárquicos. Essa situação mostra, de forma clara, que as pessoas precisam saber se transformar e se adaptar, permanentemente, aos diversos cenários, assim como as corporações.

Engana-se quem acredita no ditado popular que diz que “time que está ganhando não se troca”. A melhoria contínua é necessária, seja no ambiente empresarial, seja no pessoal. Afinal, quando mantemos as mesmas estratégias e ações, as chances de continuarmos com resultados iguais ou sermos surpreendidos por crises inesperadas são muito grandes. Por outro lado, estar preparado para lidar com as renovações constantes e com as adversidades será fundamental para superar os desafios e evoluir.

E você vai concordar comigo que um processo de mudança gera incômodo, pois nos retira da tão falada “zona de conforto”, ou seja, nos afasta daquilo que estamos habituados a fazer; não é mesmo? No entanto, isso, em geral, é extremamente positivo. Já reparou que a maioria das alterações que ocorreram em sua vida provocou resultados excelentes? Por exemplo, uma troca de emprego, de relacionamento, de casa ou qualquer outra.

Então, é importante entender que, daqui para frente, é certo que a movimentação será cada vez mais frequente em todos os sentidos. Haverá novos produtos e serviços, além de desejos diferentes dos consumidores. Outra forma de consumismo deve surgir, após esse período de isolamento pelo qual estamos passando. As empresas estão se remodelando e, consequentemente, buscarão novos perfis para contratação, sobretudo os profissionais que têm abertura mental para se adequar às novidades, neste mundo “Vuca”, ou seja, volátil, incerto, complexo e ambíguo, na tradução do inglês.

Também, em épocas de crise, todos os funcionários são colocados à prova. Assim, mesmo aqueles que não ocupam papéis na liderança podem assumir essa função, compartilhando ideias criativas nesse novo momento. Cada vez mais, tudo está sendo disruptado, dentro e fora das organizações, e somente quem reunir o máximo de competências e habilidades, as tão faladas soft skills, perdurará ao longo do tempo, especialmente com a competitividade crescente.

Fato é que os modelos tradicionais de gerenciamento estão sendo questionados. As organizações precisam desenvolver ou aprimorar respostas rápidas, ambientes de colaboração, cocriação e, sobretudo, decisão compartilhada e descentralizada. As companhias que possuem práticas de gestão mais modernas e ações diferenciadas de talent management, isto é, de gestão de pessoas, são as que dão retornos mais ágeis e assertivos diante dos obstáculos. No caso delas, faz parte do DNA, da cultura organizacional, testar modelos diferenciados, mudar o modus operandi constantemente, dar voz a todos os níveis hierárquicos, complementar a gestão com ideias e soluções oriundas de startups e adotar estratégias disruptivas.

É essencial, portanto, avaliar a estrutura das empresas de forma permanente, verificando se faz sentido reestruturar, reduzindo custos, mas com uma atenção muito especial para não perder capital intelectual. Na última crise, várias fizeram cortes de pessoas, tendo como base apenas os maiores salários. Os resultados, claro, foram desastrosos. Deve-se avaliar quem tem as competências e habilidades para apoiar a organização rumo aos próximos tempos, assumindo novas funções, áreas e processos. Vale ressaltar que o setor de Recursos Humanos tem um papel fundamental para auxiliar a alta gestão nessa tomada de decisão. E para finalizar, como diria Charles Chaplin, “cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre”.

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