Opinião

A história se repete

A história se repete
Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Embora não falte quem ainda tente impregnar a questão pelo seu viés político, a situação do ex-juiz Sergio Moro mais se complica a cada dia que passa e novas revelações surgem. Assim as interpretações iniciais na direção de que a Operação Lava Jato teria como verdadeiro objetivo afastar o então ex-presidente Lula da corrida presidencial de 2018, em que parecia como candidato imbatível, dão lugar a algo bem mais grave, com implicações externas e interesses ainda mais obscuros, conforme aliás o próprio Lula chegou a apontar. A eventual vitória de um candidato antipático à direita seria, na realidade, o de menos, importando sim questões estratégicas, econômicas, como as então recém-descobertas reservas de petróleo ou os avanços da engenharia nacional. Tudo isso contrariando interesses na órbita dos Estados Unidos.

As teorias da conspiração, que muitos tentam desacreditar mas que estiveram por trás, entre muitos outros exemplos, do movimento militar de 1964, fatos hoje amplamente documentados e assim reconhecidos, estariam agora associados aos movimentos de rua em 2013, ajudando a criar clima para tudo o que veio na sequência. E tendo como pano de fundo a proposta de um estoico combate à corrupção que não mais que de repente se transformou em tema central. Como já dissemos e está bem comprovado, tudo com nenhuma virtude e muita ambição. Eis a amarga realidade que hoje coloca o ex-juiz, agora senador, Sergio Moro contra a parede, despido de seu manto de paladino da moralidade. Fazendo a cada novo dia mais difícil sustentar a tese de que ele estaria sendo apenas vítima da vingança de seus inimigos.

Hoje não há mais como falar em suspeitas ou de insanas acusações de esquerdistas. Depoimentos recentes, como desdobramentos das denúncias que receberam a alcunha de Vaza Jato, apontam na direção de contatos constantes e próximos entre Moro e Dallagnoll com agentes de serviços de inteligência dos Estados Unidos. Tudo isso, repetindo, tendo como alvo as reservas de óleo do pré-sal e a própria Petrobras, cujo sucesso conflitava, e conflita, com interesses que não são os nossos. Nada que possa ser rotulado de fantasia como demonstrou à exaustão o jornalista Julian Assange quando divulgou documentos secretos dos Estados Unidos, revelando e comprovando como aquele país manobra para garantir tudo que lhe convenha e que, depois de longo exílio na Europa, justo agora caminha para ser extraditado.

Perversa coincidência que nos recorda também os ex-presidentes Kennedy e Johnson, nos anos 60 do século passado, assumindo que nada obstaria a defesa de tudo aquilo que considerassem bom para seu país.

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