A histórica agroeconomia do milho

Benjamin Salles Duarte *
A cultura do milho é praticada há mais de 7.300 anos e tem sua origem primeira na América Central, segundo pesquisa da Universidade da Flórida (EUA), sendo o grão mais cultivado no mundo, com 1,21 bilhão de toneladas na safra 2021/22. Nos Andes peruanos, entre outras regiões de plantios ao longo de séculos e séculos, os pesquisadores e paleobotânicos encontraram sementes fossilizadas com 4 mil anos, e os indígenas brasileiros já cultivavam o milho há séculos antes da chegada dos portugueses ao Brasil, em 1.500.
O império espanhol difundiu o cultivo sobre o milho na França, Itália, sudeste da Europa e norte da África. Os portugueses foram responsáveis pela difusão da cultura do milho no restante do continente africano e no Oriente. Admite-se que em 6000 a.C. omilho tenha entrado no continente sul-americano, e os bandeirantes contribuíram muito na sua difusão durante o vigência do poder da Coroa Portuguesa no Brasil. Pesquisas arqueológicas no Noroeste de Minas Gerais descobriram restos dessa cultura em cavernas calcárias e datadas de 3.500 anos (R. Bird, Dias e Carvalho).
As primeiras estimativas para a safra 2022/23 indicam os três primeiros lugares em produção: EUA, 367,3 milhões de toneladas; China, 271,0 milhões; Brasil, 126,0 milhões. Esses dados podem ser alterados (Usda). No Brasil, na safra 2021/22, a colheita de milho foi de 113,2 milhões de toneladas, o que lhe confere também o 3º lugar, em nível mundial.
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Comparando-se a safra total de milho de 2005/2006 com a de 2021/22, a oferta passou de 42,6 milhões de toneladas para 113,2 milhões ou mais 165,7%. Na safra 22/23 de milho, estimada em 124,6 milhões de toneladas, o Brasil seria o 3º produtor mundial e o1º exportador (Mapa).
Na sequência dos próximos levantamentos da safra 22/23 quaisquer dados preliminares podem variar em função do desempenho dessa cultura no Brasil e em outros países, considerando os diversos níveis de tecnologias, mercados, estoques reguladores, projeções de consumo, fatores climáticos adversos na agricultura, entre outros.
E mais, em nível de Brasil, numa média quinquenal de 1961-1965, a cultura de milho teve esse desempenho: área cultivada de 7,81 milhões de hectares; produção 10,11 milhões de toneladas; e rendimento de 1.294 kg/hectare.
Tomando-se esse rendimento médio quinquenal, apenas para efeito didático, para produzir 113,2 milhões de toneladas de milho total da safra 21/22, em nível Brasil, seria necessário cultivar 87,5 milhões de hectares com essa cultura, e não apenas 21,5 milhões de hectares, mantida a média quinzenal de 1961/1965.
Portanto, haveria uma pressão adicional sobre os recursos naturais e afetando também as biodiversidades! O milho é cultivado em 5.319 municípios brasileiros, segundo o IBGE.
Além disso, ressaltando que na safra de milho 22/23, em nível mundial, os três primeiros colocados são; EUA, com 367,3 milhões de toneladas; China, 271 milhões; e Brasil, com 126,0 milhões = 764,3milhões de toneladas num total 1,18 bilhão de toneladas estimada mundialmente de milho ou 64,8% (Usda/1º Levantamento).
Minas Gerais, segundo estimativas da Conab, deve produzir 8,92 milhões de toneladas de milho (1ª e 2ª safra), com produtividade de 6,37 toneladas por hectare, em 22/23. A depender da qualidade do milho, ele poderia gerar de 370-460 litros de etanol, e o de cana-de-açúcar, de 70 a 85 litros por tonelada processada (Google).
Assim posto, mais alguns usos e aplicações do milho: rações para rebanhos de pequenos e grandes animais, culinárias regionais, bolos, xaropes, picolés, sorvetes, broas de fubá, dextrose, maioneses, enlatados, cerveja, óleo e pipoca.
E mais: amidos, canjiquinha, polenta, semolina, molhos, hambúrqueres, mingaus, fermento em pó, pão, etanol, medicamentos, sopas, fubás, frutas cristalizadas, geleias e pé de moleque. Piranguinho, no Sul de Minas Gerais, é considerada a “Capital Nacional do Pé de Moleque.”
E mais: farofas, achocolatados, silagens, rolão de milho, sementes, gomas, chicletes, flocos de milho, adesivos, salames, salsichas, plástico biodegradável, fogos de artifício, corantes, papelão ondulado, fundição, sondas marítimas, mineração, cosméticos e tecelagem. Mercados, tecnologias e gestão explicam a agroeconomia do milho!
*Engenheiro agrônomo
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